Morreu nesta quarta-feira (8), o escritor e desenhista Percy de Oliveira, aos 89 anos, que ficou famoso em Rio Claro por suas charges dos sapinhos, publicadas por anos no Diário.
Percy de Oliveira, nascido em Paraguaçu Paulista no ano de 1930, desenhista por profissão, escritor por paixão. Já tendo seu livro “Memórias de Uma Infância Feliz” publicado, lançou também um livro de contos “Os Qontos dos Infernos”. Nascido com o dom do desenho teve diversos deles feitos para a prefeitura da cidade de Rio Claro, cidade onde morava, de casarões antigos, todos feitos à bico de pena. Um homem apaixonado por artes, não conseguiu se afastar delas.
O velório acontece nesta quinta-feira (9), a partir das 9 horas e enterro às 15h30, no Cemitério Parque das Palmeiras. Ele deixa viúva Dalila Arieme de Oliveira, os filhos Alexandre, casado com Isley; Debora; Maria Ines, casada com Alexandre; Marcia Cristina, casada com Jose Antonio; Percy Jr. (falecido); Jose Fausto (falecido); e LAIS. Deixa ainda 14 netos e cinco bisnetos.
Uma vida dedicada à arte
Percy de Oliveira nasceu em 1930, no distrito de Conceição de Monte Alegre, município de Paraguaçu Paulista. Aos 3 anos de idade, seu pai mudou-se para a cidade de Iepê, para assumir o cargo de escrivão do Registro Civil. Até os 12 anos, viveu naquela cidade, região de grandes matas e rios, entre eles o Paranapanema.
Viveu uma infância aventureira, descrita no seu livro “Iepê: Memórias de Uma Infância Feliz”, publicado por ele no ano de 2009. Em Iepê cursou o primário. Com 12 anos, seu pai mudou-se para Tupã para que seus filhos continuassem os estudos. Ali foi matriculado no Ginásio Salesiano de Tupã, num tempo em que os estudos ginasiais abrangiam além do português, o latim, o inglês e o francês.
Ainda em Tupã conheceu um jovem japonês, Nakamura, formado em Belas Artes no Japão; com ele Percy iniciou as suas habilidades como desenhista.
Já aos 17 anos, mudou-se para Adamantina em companhia do pai, que assumiria a parte financeira de compradores de gado. Em 1958, logo após mudar-se para São Paulo, foi admitido como desenhista na TV Tupi, onde permaneceu até 1962.
Trabalhou em agências de publicidade e indústrias que utilizavam serviços de desenho, até que montou sua própria empresa para terceirizar serviços de desenho para indústrias. Cansado das burocráticas normas industriais, vendeu sua firma e, após pesquisas, encantou-se com a cidade de Rio Claro.
Mudou-se para esta cidade com sua segunda esposa, Dalila. De casamento anterior, nasceram os filhos Percy Jr, José Fausto, Marcia, Maria Ines, Débora e Alexandre. Em 1993, nasceu sua última filha, Laís.
Trabalhou inicialmente como desenhista no Arquivo Municipal, onde publicou a série “Imagens”, com desenhos de casarões antigos de Rio Claro. Desse trabalho já foram feitas 4 edições, num total de 2.000 exemplares. Foi transferido depois para o Centro Cultural Roberto Palmari, com o cargo de coordenador de artes plásticas. Em 1965, aposentou-se do serviço público municipal.
Apaixonado por documentos antigos, durante 20 anos promoveu a transcrição paleográfica das Atas da Câmara Municipal de Rio Claro, que estão em 32 livros manuscritos, sob custódia do Arquivo Municipal, e que abrangem o período de 1845 a 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso, as Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais.
Esse trabalho foi digitado, impresso e encadernado em 3 edições que estão na biblioteca da Câmara Municipal, no Gabinete de Leitura e no Arquivo Municipal à disposição dos interessados para consulta, também disponíveis em CD.
Depoimentos
“Percy foi talento inestimável em obras a bico de pena. Deixou rico legado em imagens de antigos casarões de Rio Claro e outras obras. Um dos mais importantes trabalhos sobre a história de Rio Claro foi feito por ele com as transcrições das atas da Câmara Municipal de 1845 a 1930. Seu falecimento é perda imensa para Rio Claro. A reabertura do Museu trouxe mostra especial de suas obras por iniciativa da secretária Daniela Ferraz.” – José Roberto Santana, jornalista e historiador.
“O Sr. Percy foi um artista com um trabalho de uma qualidade enorme, de excelência nas diversas vertentes das suas obras; homenageá-lo na reabertura do Museu era mais do que justo pela qualidade do seu trabalho e o tamanho da sua importância! As homenagens têm que ser feitas em vida e esse foi um projeto realizado com muita alegria por nós e por ele. Tínhamos outros projetos sendo idealizados conjuntamente e ficamos muito tristes com a notícia do seu falecimento.” – Daniela Ferraz, secretária de Cultura.
“Percy era um artista primoroso e sensível, sempre atento e comprometido com o setor cultural de nossa cidade, participou como conselheiro do APHRC desde 2011 até 2019. Percy fará muita falta para Rio Claro e para o ambiente cultural da Cidade Azul. – Monica Frandi Ferreira, superintendente do Arquivo Público Municipal.
“Eu cresci lendo as charges de Percy no jornal. Quando criança, ‘brincava’ de colorir as charges dos sapinhos sem nem entender as piadas e o senso de humor dos desenhos. Quando ingressei no jornalismo, tive o prazer de entrevistar Percy, que à época estava digitalizando as atas da Câmara Municipal e contou fatos curiosíssimos que descobria a cada documento. Todo trabalho artístico e histórico que fez pelo município ficará registrado para as próximas gerações e, certamente, seu nome nunca será esquecido, como um grande colaborador da cultura local.” – Vivian Guilherme, chefe de redação.