Imponentes.
Assim eram vistos. Levaram desenvolvimento a todos os cantos do país. Os saudosistas lutam e desejam o retorno dos grandes vagões nas linhas férreas. A ferrovia chegou a Rio Claro em 1876. E muita gente só conhece os fatos através dos escritos e lembranças guardadas a sete chaves nas memórias.
O advogado Irineu Carlos de Oliveira Prado, hoje com 70 anos, relembra que a Companhia Paulista das Estradas de Ferro era a maior empregadora de Rio Claro, com mais de três mil funcionários nas oficinas e demais departamentos, entre 1900 a 1975, quando a decadência da estrada de ferro se acentuou. Irineu conta ainda que a cidade vivia em função da sirene da Cia Paulista, que tocava em vários horários.
Porém, com o passar dos anos, ela foi desaparecendo. No município, até existem linhas utilizadas para o transporte de carga. Mas outro cenário tem chamado a atenção e de forma negativa. Vagões considerados sucatas são deixados em uma área do Jardim Guanabara já há algum tempo e, segundo moradores, têm trazido enormes problemas. “É um ponto que deixa todos os moradores com medo, tem esse monte de vagão abandonado em uma área aberta, são inúmeros transtornos, entre eles, a questão da dengue. Água parada por diversos pontos”, relatou o presidente da Associação dos Moradores do Jardim Guanabara, Edson Alexandre Locatelli.
INSEGURANÇA
Um dos principais pontos relatados é a insegurança dos moradores, que temem passar próximo ao local. “Furtos são realizados em outros locais e os produtos são escondidos aqui, nos vagões. Mulheres têm medo de passar por aqui, porque indivíduos assediam, correm atrás, os indivíduos se escondem nos vagões, se drogam dentro das locomotivas e alguns já chegaram a morar dentro dos vagões. À noite é muito escuro, além do mato, que contribui para a insegurança da população”, relata. A prefeitura anunciou esta semana que a transferência das oficinas de vagões da região central para o Jardim Guanabara vem sendo projetada.
O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTA), primeira etapa do processo de transferência, já é realizado. Locatelli alegou que os moradores são contra a iniciativa. Em nome da população, pede providências. “É um abandono, um absurdo, é um transtorno para todos os moradores do Guanabara. A gente quer uma solução, não adianta falar que vão trazer para cá a estação. Tem que fazer algo legal, chamar os moradores para darem sugestões e não largar esse abandono e deixar a gente no meio desta situação crítica”, lamenta.
PREFEITURA
A prefeitura foi questionada sobre a responsabilidade e informou que a diretoria Municipal de Mobilidade Urbana e Sistema Viário não recebeu reclamações a respeito de vagões em área da ferrovia no Jardim Guanabara. Vale ressaltar que a área da ferrovia no bairro, assim como vagões e equipamentos, são de responsabilidade da concessionária Rumo Logística. A prefeitura informa que o Estudo de Viabilidade Técnica,
Econômica e Ambiental para a transferência das oficinas da ferrovia para o Jardim Guanabara está sendo feito por empresa contratada pelo Ministério dos Transportes, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que é responsável pelo projeto. A transferência das oficinas da região central para o Jardim Guanabara tem total apoio da administração municipal que, por intermédio do prefeito Juninho da Padaria, fez diversos contatos em Brasília para que haja andamento do projeto.
RUMO
A empresa Rumo, concessionária da ferrovia, se pronunciou por meio de nota. “Os referidos vagões estão devidamente locados em área operacional da ferrovia para manutenção, até que possam ser enviados à oficina para reparo. Todos os cuidados estão sendo tomados para evitar transtornos à população”.
Por exemplo, manter em área operacional da ferrovia, que é lugar adequado para os ativos. E evitar proliferação de mosquitos da dengue. A empresa possui seguranças que fazem vigilância ao longo do trecho ferroviário e em suas instalações. É importante esclarecer também que usuários de drogas e violência são questões de segurança pública. Jamais estes fatos poderiam ser atribuídos à operação ferroviária, que segue todas as normas regulamentares.