A Operação Inverno foi iniciada no final de junho e foi intensificada nos dias de temperaturas mais baixas em Rio Claro. Durante as noites mais geladas, principalmente, as equipes saem às ruas para o acolhimento dos moradores em situação de rua. Porém apesar da realidade em que este público se encontra, nem todos aceitam a ajuda. Uma grande porcentagem acaba recusando o acolhimento. “Uma média de 70% não aceita abrigo”, declarou ao Diário do Rio Claro a secretária de Desenvolvimento Social Vilma Pereira de Souza Spricigo.
A secretária salientou que, os que não aceitam o abrigo podem apenas ir até a Casa de Passagem para tomar banho, trocar de roupa e jantar. Sacos de dormir, cobertores e lanches também são disponibilizados.
De acordo com o último levantamento feito pelo Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), feito em maio, a cidade de Rio Claro contava com 100 moradores em situação de rua. “Nesses dias mais frios acolhemos maior número, aproximadamente 40 pessoas, nos dias de menos frio a média é de 10 a 12”, ressaltou a secretária.
Durante esta campanha, o acolhimento foi estendido aos animais de estimação dos moradores de rua. As pessoas atendidas também fazem testes para Covid-19 e recebem vacina.
As equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) realizam a busca ativa a partir das 17 horas, com atendimento mantido até as 22 horas.
No total, o município disponibiliza 50 vagas para acolher moradores de rua na Operação Inverno deste ano. “Desde a primeira frente fria deste inverno, além da casa de passagem reservamos local de atendimento no Centro Dia do Idoso do bairro Palmeiras, que está com atividades suspensas para a terceira idade devido à pandemia”, esclarece a secretária municipal do Desenvolvimento Social, Vilma Spricigo.
Das 50 vagas oferecidas pelo município, 30 são na casa de passagem e 20 no Centro Dia. Também no Centro Dia foram instaladas as casinhas para animais dos moradores de rua. Nas duas unidades de acolhimento os atendidos recebem jantar, café da manhã, troca de roupa e podem tomar banho. As buscas ativas nesse período mais frio são feitas com acompanhamento da Defesa Civil. Já a Guarda Municipal presta auxílio com equipes nas duas unidades de acolhimento.
DOAÇÕES
As pessoas podem fazer doações de roupas, especialmente moletons e roupas íntimas para adultos. A campanha do agasalho está sendo realizada pelo Fundo Social de Solidariedade. As doações são recebidas no paço municipal em horário comercial ou no barracão do Fundo Social da Rua 1-B das 8 às 12 horas.
A Operação Inverno de Rio Claro está programada para terminar em 31 de agosto, mas pode ser prolongada se houver necessidade.
Projeto Não dê Esmola, Dê Dignidade
Presidente da Frente Parlamentar de Pessoas em Situação de Rua, a vereadora Carol Gomes ressaltou que a Operação Inverno 2021 foi organizada pela Prefeitura, Fundo Social e pela Frente Parlamentar. A parlamentar comentou que as ações junto aos moradores de rua deve ser ampliado para além do período de inverno.
“É um trabalho que é intensificado na Operação Inverno, mas que precisa ser feito pelo Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) ao longo do ano, para criar vínculo com as pessoas em vulnerabilidade social. Esse vínculo é o que estimula a aceitação do acolhimento. Estamos desde quarta-feira (28) acompanhando e orientando, mas é necessário ir além. Não podemos deixar seres humanos morrerem por causa do frio”, comentou.
Segundo Carol, uma das ações que garante a continuidade dos serviços é o projeto Não dê Esmola, Dê Dignidade. “Basicamente, o objetivo é conscientizar a população que oferecer esmolas à pessoa em situação de rua, e muitas vezes usuárias de álcool e drogas, é contribuir para que o atual sistema se perpetue. Ou seja, a esmola não é ajuda, não contribui para a ascensão social do indivíduo, tampouco auxilia para que a pessoa em vulnerabilidade social retorne para o seio de sua família. A ideia do projeto é oferecer uma oportunidade ao indivíduo para que ele possa recomeçar utilizando os equipamentos públicos especializados de acolhimento social.”
A vereadora aponta ainda que, “felizmente Rio Claro possui um Serviço Especializado de Acolhimento Social, notadamente o Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas). Possui ainda Casa de Passagem, ONGs especializadas em acolhimento social, Comunidades Terapêuticas, entre tantos outros serviços para atender essa demanda. No entanto, todos os serviços precisam estar conectados. E este é o trabalho da Frente Parlamentar de Pessoas em Situação de Rua”, conclui a parlamentar, lembrando que o projeto ainda está em sua fase inicial, de conscientização.
Por Janaina Moro / Foto: Divulgação