Em continuação à série de matérias sobre a poluição da nossa região, a reportagem do Diário de Rio Claro foi às ruas de Santa Gertrudes para ouvir a opinião dos moradores da cidade mais poluída do Brasil.
Levando até eles os dados de que as estradas vicinais não asfaltadas são um dos principais problemas da má qualidade do ar, gertrudenses cobram obras da prefeitura e contam as dificuldades de habitar o município.
A auxiliar de limpeza Maria Silva Bryan mora há mais de dez anos na cidade e afirma que toda a sua família possui rinite e sinusite que se agravam a cada dia. “Eu, meu filho, minhas tias, meu primos… todos temos problemas de saúde por conta da poluição, sinto que piora a cada dia”, alega.
A aposentada Nilza Maria Sorge afirma que a poluição afeta os moradores de Santa Gertrudes 24 horas por dia. “A terra não fica só na estradas, ela vem para a cidade com os caminhões que transitam por aqui e com o vento. Quando estou chegando em casa, não consigo enxergar meu quarteirão de tanta poluição”. Além disso, Nilza conta que há quatro anos desenvolveu uma forte alergia que não possuía antes. Entre os sintomas estão a ardência no nariz e inchaço nos olhos. “Eu tive uma irmã com bronquite.
Ela dependia do equipamento de oxigênio. Um minuto que ficasse sem, se desesperava. Os médicos a aconselharam a mudar daqui da cidade”, conta a aposentada. Nilza acrescenta que os gertrudenses merecem qualidade de vida e que mesmo com a agravação do problema, a prefeitura não se importa. “As consequências de viver no meio da poluição já apareceram para mim. Sinto muito pelas nossas crianças que estão crescendo nesse meio”, finaliza ela.
O morador da cidade Antônio Carlos Hohne afirma que possui enfisema pulmonar que se intensificou devido a alergias causadas pela má qualidade do ar. “Não é fácil morar na cidade mais poluída do Brasil”, afirma ele. Hohne reconhece que as estradas não asfaltadas são um dos problemas da situação vivida. “Quando os caminhões vêm das vicinais com carga, eles estão lonados, mas quando voltam descarregados, não estão mais, portanto, distribuem terra para a cidade inteira”, reclama o morador, que cobra o asfaltamento das vicinais da Prefeitura. “Algo precisa ser feito. Nossa cidade está abandonada em todas as áreas por esse governo”, finaliza.
O aposentado Carlos Eduardo Franzini afirma que a situação de Santa Gertrudes, como a segunda cidade mais poluída do mundo e primeira do Brasil, está crítica. “Aparentemente, em breve, seremos a cidade mais poluída do mundo. Essa é a realidade”. Franzini alega que as pessoas idosas, crianças e portadoras de alergias são as que sofrem visivelmente, porém, a longo prazo, todos terão complicações na saúde. “A poluição é causada por um conjunto de fatores. Em relação às estradas vicinais, é preciso fazer o asfaltamento.
Quem utiliza as vicinais, deveria fazer a obra, mas como é um problema municipal, o poder público precisa agir. O governo federal, estadual e municipal precisam entrar em um acordo. Se não entrarem, então impeçam que os caminhões passem por lá para não agravar o problema”, alega. Além disso, Franzini comenta sobre a falta de fiscalização dos caminhões em relação às lonas e peso da carga. “As autoridades que estão aqui já mostraram que não vão resolver nada. Elas prometem parcerias, enrolam o povo, mas a situação só piora. Ou vem alguém de fora e resolve o problema ou não teremos solução”, finaliza.
A empresária Rosenita Eler alega que a poluição pode parecer mais prejudicial para uns do que para outros, mas todos acabam sofrendo as consequências a longo prazo. “Meus pais vieram para cá quando eu era criança. Amo esta cidade, aqui tive meus filhos, construí minha família e minha vida, não quero sair daqui e torço para que uma solução seja tomada”, afirma Rosenita.
A farmacêutica Marlirani de Cassia Rocha e a auxiliar administrativa Andréia Heloisa Luiz citaram que a poluição agride a saúde de seus filhos pequenos que possuem alergias e reivindicam o asfaltamento das vicinais. “Nossa cidade está sendo muito prejudicada pela poluição. Os órgãos competentes deveriam trabalhar em cima desse problema para poder solucioná-lo”, afirma Andreia.
As vicinais precisam ser asfaltadas e o trabalho precisa ser bem feito para suportar o peso dos caminhões, senão o problema não será resolvido”
Em santa Gertrudes nada funciona, mas isso atinge as cidades da região também. A solução não é impossível, mas cada um precisa fazer a sua parte”
Trabalho em farmácia e acompanho de perto o grande número de pessoas que sofre por conta da poluição. A falta de asfaltamento agrava ainda mais a situação”
Em relação à poluição, o asfaltamento das vicinais resolveria cerca de 70% dos problemas. Infelizmente, para isso, dependemos da boa vontade da classe política”
“A responsabilidade do asfaltamento das estradas é da prefeitura. A partir do momento em que os ceramistas pagam os impostos, ela precisa reverter para o bem da cidade”
Não deveriam existir estradas vicinais sem asfalto, mas sei também que devido à alta concentração de caminhões pesados, prejudica o asfaltamento. A obra nas estradas tem que ser bem feita”