A paulistana Célia Leão é Advogada, Concluindo MBA/FGV (Economia e Gestão em Relações Governamentais) – Ficou paraplégica aos 19 anos, em decorrência de um acidente de automóvel, casou-se e teve de 3 filhos, após o acidente, 30 anos no Poder Legislativo, como Vereadora de Campinas e 7 Mandatos consecutivos como Deputada Estadual SP. Uma parlamentar atuante em defesa dos direitos das pessoas com deficiência, área onde atua há mais de 30 anos.
O que é ser mulher no século XXI?
Célia Leão: São quase 20 anos do novo século, mas para pontuar o papel da mulher neste novo momento, é preciso voltarmos a história dos últimos 100 anos. Sem entrar em detalhes porque o tempo não nos permite, mas foi no início de 1800 que a mulher começa a ter alguns direitos, como de frequentar a Escola, e também ser médica, o que até então essa graduação era proibida. Isto ocorre na Europa em 1870. Em 1932, no nosso Brasil, à mulher é “concedido” o direito de votar. Desse período até os dias de hoje, muitas foram as lutas, em maior número do que as conquistas, mas de qualquer forma, a mulher foi se impondo, numa mescla de necessidade de ir para o mercado de trabalho, e também de autoestima. Se somássemos a luta da mulher em todos os continentes do planeta, onde “culturas” de diferentes sociedades impunham à mulher obrigações sem direitos, certamente todo esse histórico, daria um compêndio. Hoje a mulher do século XXI, de forma mais livre, ainda buscando a liberdade verdadeira, impôs sua voz, sua competência e mostrou que vencer é um caminho sem volta, onde toda uma sociedade consciente, tem o dever de colaborar.
Quais são os grandes desafios como mulher, pessoa com deficiência?
Célia Leão: Pelo exposto acima, é preciso compreender, que em alguns momentos e situações, a mulher tem que se impor. Quando falamos de uma mulher com algum tipo de deficiência, é preciso o dobro de energia para mostrar à sociedade como um todo, de que o gênero “frágil”, é forte e de que a deficiência não é o todo da pessoa, mas somente uma parte ou melhor dizendo, uma característica. A luta pela inclusão, começa com o desmonte de preconceitos que chamamos “atitudinais”. Os físicos e comunicacionais têm que ser em definitivo extintos. Já o preconceito atitudinal, está encrostado no coração e na mente de uma grande parte da sociedade, este sim tem que ser lapidado como um diamante, para que todos entendam e sintam que a pessoa com deficiência, antes de tudo, é pessoa, sujeito de direito. A sociedade só alcançará justiça se “lutar” na garantia de oportunidades iguais para todos.
Qual é o grande desafio da mulher na política?
Célia Leão: Depois de viver sete mandatos na Assembleia, percebo que mesmo tímida, a presença de mulheres na política vem se tornando cada vez maior. Isso é fundamental para seguir e fortalecer a democracia, dando voz a essas mulheres e mostrando a representatividade feminina. Pensando nas lutas diárias desse público ao qual faço parte, é extremamente necessário o protagonismo feminino dentro e fora da política. O lugar da mulher é onde ela quiser!
Por Paulo Meyer e Vilson Andrade / Foto: Divulgação