As informações e decretos a nível nacional, estadual e municipal durante esta semana deixaram proprietários de estabelecimentos com dúvidas e receio quanto a reabertura. “Estou fazendo umas mudanças no salão e pretendo reabrir na segunda-feira (18), mas estou com receio após esse pronunciamento do governador”, disse uma cabeleireira, antes do pronunciamento do prefeito Juninho da Padaria que ocorreu no começo da noite de ontem (13).
Um outro profissional consultado, aguardava publicação de regras da prefeitura e retomou as atividades durante a quarta-feira, mas em seguida foi surpreendido com a nova determinação. Na dúvida, até mesmo clientes preferiram não agendar. “Hoje me ligaram para agendamento, mas não confirmei, não sabia como iria ficar tudo”, disse a cliente de uma clínica.
Depois de ficar por quase dois meses com a porta da loja fechada, o empresário Wagner Bóbbo, proprietário da WB Veículos reabriu o estabelecimento nessa quarta-feira (14), porém não durou muito tempo. Bóbbo que mantém a loja há 21 anos em Rio Claro salienta o momento extremamente inesperado e jamais previsto por todos. “Fomos obrigados a fechar, trancafiar, proibir a entrada do nosso cliente em nossa loja. Também é fato que as informações que nos chegam, geralmente, são produzidas ou geradas por pessoas ou grupos que através de seus interesses próprios ou coletivos, produzem e espalham o terror na população, sempre com objetivos nem sempre saudáveis. Sou a favor do isolamento social e sei que dessa forma muitas vidas serão preservadas. Infelizmente, nosso futuro está na mão de grupos políticos e sabemos que para eles, o que mais importa é como chegarão nas eleições em termos de popularidade”, avalia.
Ao longo dos dias em que esteve com as portas fechadas, o jeito foi movimentar o negócio de alguma forma, porém a queda nas vendas foi inevitável. A expectativa era de retomada. “As pessoas encontram nossos carros nos sites de venda, teve procura, mas para fechar negócio precisam ver o que estão comprando. Nossas vendas caíram 80%”, lamentou.
O empresário durante a quarentena chegou a fazer alguns plantões internos, com agendamento de visitas com hora marcada. “Mantivemos nossos contatos via redes sociais, mas, nos obrigaram a manter nossas portas fechadas, como se fôssemos virtuais transmissores da COVID19. Uma loja, com 450 metros quadrados, que esporadicamente recebe mais de dois clientes simultaneamente e que é dirigida por pessoas culturalmente esclarecidas”, ressalta.
O empresário defende o isolamento, porém acredita que na prática deve ser repensado. “Tem que ter direcionamento, tem que ser justo, gerar resultado. Temos excelentes profissionais capacitados com estatísticas e estudos que, se bem aplicados, darão resultados. Mas, pelo amor de Deus, afastem a classe política dessas decisões. Tudo isso vai passar, e sei que o mundo será melhor, vai depender de casa um de nós”, salienta.
Consultada, a Associação Comercial e Industrial de Rio Claro – ACIRC lamenta que todos os comerciantes ainda não possam voltar a trabalhar. “A ACIRC compreende que o isolamento social é uma maneira de minimizar a contaminação pelo vírus, por outro lado, entendemos que não há vida se não houver economia. Ambas as ações precisam andar a par e passo. A ACIRC – pede a flexibilização com responsabilidade, não iremos conseguir abrir todos os comércios que desejamos. É necessário ouvir as autoridades sanitárias”, salientou o presidente da ACIRC Antônio Carlos Beltrame, o Secreta.
Wagner Bóbbo, comerciante
“Vale destacar é que embora o segmento automobilístico não seja essencial como o de alimentação, temos que levar em consideração que a empresa automobilística no Brasil emprega muito, funcionários diretos e indiretos e as montadoras estão todas paradas e a coisa está ficando cada vez pior. Quando a montadora abrir, começar a produzir tem que ter as concessionárias, as lojas para poderem vender o que elas vão montar, então está ficando uma situação insustentável. Daqui a pouco vai morrer muito mais gente de fome e de suicídio do que de Covid. Pois, a pessoa que está empregada, vai perder o emprego e vai arrumar emprego onde? Então embora não seja essencial, o mercado automobilístico tem uma força muito grande no Brasil e não pode continuar parado, é essencial que volte a produzir”.