Março é o mês dedicado para conscientização de tutores de pets sobre os cuidados e prevenção de doenças renais. O programa de cuidados ao paciente crônico, desenvolvido pela Petlove – maior ecossistema pet do Brasil – mostra que, dos 267 pets participantes do programa, 59 foram diagnosticados com insuficiência renal crônica e fazem acompanhamento veterinário, sendo 76% felinos.
Joana Portin, médica-veterinária da Petlove e responsável pelo programa, explica que, de maneira geral, doenças renais podem ocorrer de forma aguda e de forma crônica. A aguda pode acontecer quando há intoxicações, lesões renais obstrutivas (por exemplo obstrução urinária) e em quadro graves de infecções. Já a doença renal crônica acontece por senilidade, ou seja, quando o rim do animal já adulto ou idoso perde a sua capacidade funcional.
“Pets com doença renal crônica se desidratam rapidamente, pois o rim não está fazendo seu papel na filtragem e concentração da urina. Os gatos são mais suscetíveis à doença, seus hábitos de tomar água e a forma com que se alimentam foram alterados com a domesticação da espécie”, explica a veterinária da Petlove.
Segundo Joana, as causas desse tipo de doença são diversas, como genética, infecções, presença de parasitas, doenças autoimunes, intoxicações ou inflamações. Os sintomas iniciais de doenças crônicas podem incluir aumento da produção de urina, alteração da cor da urina (mais clara) e aumento da sede do pet.
À medida que a doença progride podem surgir vômitos, diminuição ou falta de apetite, letargia e apatia. Em casos já extremamente graves o animal pode ter úlcera na mucosa oral e hálito urêmico (odor forte de ureia na boca).
“Na doença renal aguda os sintomas são mais rápidos e intensos podendo se apresentar com apatia, desidratação severa, vômitos, podendo também ocorrer sede excessiva e muita produção de urina ou até mesmo a não produção de urina, dependendo da gravidade”, revela Joana Portin.
A veterinária ressalta que existem algumas raças com maior propensão a desenvolver problemas renais geralmente da fase adulta para a idosa. Entre as caninas estão, beagle, cocker, poodle e doberman. Já as felinas são ragdoll, maine coon, siamês e, principalmente, os persas.
Joana Portin afirma que a doença renal em cachorros, apesar de ser menos frequente, tende a ser mais grave. “Os cães toleram menos as injúrias renais do que os gatos, portanto, um gato, dependendo de quando foi diagnosticado, pode ficar anos convivendo com a doença renal e recebendo o tratamento adequado. Já o cão, quando diagnosticado, tende a ter uma evolução da doença mais rápida”.
Prevenção e cuidados
Apesar de não ser possível reverter um quadro de doença renal crônica, alguns cuidados podem ser tomados para manter a longevidade e bem-estar dos peludos. Um dos mais eficazes é o acompanhamento com um médico-veterinário de confiança e a regularidade nos exames de rotina.
“Muitas vezes são em check-ups que identificamos que já há um início de lesão renal e conseguimos atuar na estabilidade desacelerando a progressão da doença. Alguns exames podem identificar a doença precocemente, portanto, é importantíssimo que as consultas veterinárias sejam ainda mais frequentes quando os pets se tornarem adultos e idosos, ou seja, a partir dos seis anos”, afirma a veterinária da Petlove.
Ainda, é preciso estimular o consumo de alimentos úmidos diariamente, bem como a ingestão de água, e o oferecimento de ração de boa qualidade, além de práticas de bem-estar para a espécie do pet, focadas em diminuir alterações de estresse e comportamentais.
Dessa forma, a adesão de um plano de saúde para o pet pode ser uma solução para evitar imprevistos e incentivar visitas periódicas ao veterinário. De acordo com dados da Petlove, pets com um plano de saúde realizam pelo menos 2,3 consultas por ano, já animais sem essa garantia fazem apenas uma ou nenhuma visita, se limitando a situações emergenciais.