Se há uns 20 anos atrás alguém dissesse teríamos telefones muito mais potentes que qualquer computador pessoal da época, que a internet seria assim como é hoje, muita gente nem ia dar bola para essa conversa.
E agora estamos prestes a ver a força e velocidade do novo sistema 5G para as redes de celular. Muito mais do que baixar um filme em alta qualidade de imagem em questão de segundos, é a tecnologia 5G que permitirá, entre outras tantas coisas, o desenvolvimento e, mais para frente a popularização dos carros autônomos, sem a necessidade de motorista. E olha que eles já circulam em algumas cidades dos Estados Unidos, Europa e da China. Esse sistema de piloto automático, exige troca de dados com uma velocidade absurda, a qual a tecnologia 5G pode dar.
Muitas outras coisas serão possíveis com o 5G, por isso tanta disputa ideológica e política, entre chineses e americanos para ver quem é o “pai da criança” e qual oferece o sistema mais confiável. E o 5G parece que é apenas um trecho de uma estrada que parece não ter fim.
Aliás, o progresso tecnológico pode acelerar indefinidamente? Será que não chegaremos a um ponto em que nós humanos ficaremos incapazes de pensar com a velocidade necessária para acompanhar esse progresso?
Do ponto de vista das projeções dos especialistas, não há uma ruptura, e os ritmos de crescimento da capacidade das máquinas e inteligência artificial podem ser extraordinariamente grandes.
Já citei mais de uma vez aqui o Ray Kurzweil, engenheiro eletrônico formado pelo MIT, inventor do sintetizador, e autor do livro “A Singularidade está Próxima”. Ele diz que em algum ponto desse progresso tecnológico haverá um evento que perece ser uma quebra abrupta nesse progresso. É o que ele e outros especialistas chamam de singularidade tecnológica. Será uma mudança em nossa capacidade de entender e buscar conhecimento, já que nossa realidade mais cotidiana será dividida com as máquinas no mesmo nível de inteligência, em princípio.
E então, “ficaremos muito mais inteligentes à medida em que nos fundirmos com nossa tecnologia”, atesta Kurzweil.
Quando falamos na evolução da Inteligência Artificial estamos falando em melhorias constantes e aceleradas em cérebros não-biológicos, certo? E chegará um momento em que os supercomputadores de hoje vão parecer geringonças antigas.
Um exemplo simples ajuda a gente a refletir. Imagine, o que podem realizar algumas dezenas de cientistas, cada um deles mil vezes mais inteligente do que nós cientistas humanos hoje, e cada um deles operando milhares de vezes mais rápido do que os humanos contemporâneos, já que seus cérebros não-biológicos serão mais rápidos?
O que é um ano cronológico de evolução na ciência para nós humanos poderá ser um milênio para eles. Mil anos de progresso científico em apenas doze meses!
Entre tudo o que as máquinas dotadas de inteligência artificial poderão inventar está a capacidade de se reinventarem, de interagirem com seus próprios programas para mudarem seus próprios processos de pensamentos, sem que seja preciso a interferência humana. E onde estaremos quando as máquinas despertarem com uma inteligência sem precedentes, capazes até de criarem outras máquinas?
Hoje, tudo isso pode até parecer papo de maluco, coisa de filme, uma viagem total.
Mas olhe ao seu redor, veja quanta coisa evoluiu e você nem notou. Porque foi tudo muito veloz. E de maneira sutil estamos ensinando as máquinas mais poderosas do planeta, a cada busca que fazemos no Google, a cada foto que compartilhamos nas redes sociais e em toda nossa atividade na internet.
E ainda será cada vez mais rápido. Se ainda não se deu conta, seja bem-vindo à era da inteligência não-biológica. Que saibamos conviver com ela e direcioná-la para um mundo de mais igualdade e paz. Para humanos e máquinas. De nossa parte, se faz atinda mais urgente o discurso do Chaplin: “mais do que máquinas, precisamos de humanidade.”