Casos de violência contra motoristas de aplicativo foram registrados no fim de semana no estado. Osmar de Souza, de 36 anos, foi assassinado durante uma corrida na cidade de Suzano, no sábado (28). Ele fazia a corrida para duas mulheres, uma de 67 e a outra de 41 anos, quando o carro foi fechado por um outro veículo. Em seguida, um indivíduo efetuou os disparos e matou o motorista com um tiros nas costas.
Na madrugada desse domingo (29), Robson Leandro de Oliveira, de 40 anos, foi espancado e seguia em estado grave. O atentado ocorreu na cidade de Santo André. Celular, dinheiro e carro da vítima ainda não haviam sido encontrados.
Não são casos isolados. Somente em setembro, cinco mortes de motoristas de aplicativos foram registradas, totalizando nove ocorrências de violência contra esses profissionais.
Além de Osmar de Souza, o motorista Elvis Souza de Leite, de 41 anos, foi assassinado por enforcamento com o cinto de segurança do veículo, no dia 16 de setembro. Um menor de idade, suspeito do crime, foi apreendido.
Na madrugada de 16 de setembro, Marco Aurélio Roncoli Filho, de 30 anos, morreu após ser atingindo por um tiro na cabeça. Os disparos foram feitos por dois indivíduos que estavam em uma moto. Ainda na noite de 16 de setembro, uma motorista foi morta no momento que pegava duas passageiras na cidade de Diadema.
O caso aconteceu assim que pegou as solicitantes. Um homem invadiu o carro e anunciou o roubo. Uma das vítimas contou que a mulher tentou sair e o autor disparou. Segundo a Polícia Militar, o bandido já havia outro motorista de aplicativo momentos antes de matar a mulher.
Valter Prado Filho, de 32 anos, desapareceu na madrugada do dia dois de setembro, quando realizava uma corrida em Mogi das Cruzes. Ele foi encontrado morto com perfurações pelo corpo e marcas de choque.
Rio Claro
“Meu maior medo não é ter meu carro ou dinheiro roubado, e sim a minha vida”, declarou ao Diário do Rio Claro o motorista de APP Deivanilton Pereira de Souza, de 56 anos, que atua na área há dois, após perder o emprego. “Temos receio, sim, e com os acontecimentos e mortes ficamos bem mais preocupados, porque, por mais que tomemos precaução, os riscos são iminentes e, às vezes, não é possível se safar dos criminosos. Gostaria que os apps fossem um pouco mais exigentes com passageiros colocando, no mínimo, a foto no cadastro deles”, relatou, salientando que coloca em prática algumas precauções.
Em Rio Claro, de acordo com o motorista de aplicativo e representante do grupo em Rio Claro, Gean Silva, vários profissionais já desistiram de atuar por insegurança. “Muitos só vivem dessa renda, mas vários já pararam, estão com medo de trabalhar, principalmente durante a noite. Estamos fazendo um levantamento”, relatou.
No município, 716 profissionais estão cadastrados para prestar o serviço como motoristas de aplicativo, desses, uma média de 420 atuam como renda única.
Preocupados com a violência e falta de segurança, a categoria também se mobiliza e reivindica ferramentas que possam melhor ampará-los durante a atuação. No dia 24, foram às ruas e fizeram uma passeata. O movimento aconteceu após uma sequência de mortes de motoristas de aplicativos no estado de São Paulo. Um dos tópicos apontados é para que o profissional tenha mais acesso à informações sobre os passageiros, como foto, endereço e telefone do solicitante.
Um novo encontro entre os motoristas de aplicativos está marcado para esta quarta-feira (2), em Rio Claro. Os profissionais seguem esperando respostas rápidas.
“A Uber se manifestou, através de nota, que está tomando todas as providências necessárias para novos cadastros de passageiros. Vai ser mais rigoroso. Informou que vai começar a fazer como faz para o motorista: a cada duas semanas, solicita o reconhecimento facial para ver se realmente é o motorista que está dirigindo. Segundo a empresa, vai implantar o mesmo sistema para o passageiro. E também orienta para que as pessoas não chamem para outros passageiros”, salientou Gean.
Ele observou ainda que sempre repassa orientações de segurança para os companheiros de trabalho como, por exemplo, manterem a localização em tempo real, além de usarem códigos entre eles, caso algo saia fora do controle.
Foto de destaque: Marcelo Camargo/Agência Brasil