A participação feminina na política ainda está bem longe de representar a realidade da população brasileira, que é de 51.7% de mulheres e 48.3% de homens, segundo dados do IBGE.
No Senado, por exemplo, as mulheres ocupam 13 de 81 vagas, que representa um percentual de 16.04%. Já a Câmara federal, que possui 513 cadeiras, tem 77 mulheres eleitas, que totaliza 15% de participação feminina.
Na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o número é um pouco mais animador, mas permanece longe do que se espera. Das 94 cadeiras, 18 são mulheres, o que garantiu representatividade de 19.14%. Vale lembrar que somente a partir de 1935, mais de um século da criação do Legislativo paulista, duas mulheres ocuparam suas cadeiras: Maria Thereza Nogueira de Azevedo e Maria Thereza Silveira de Barros Camargo.
RIO CLARO
Somente 48 anos depois do parlamento paulista contar com participação feminina é que Rio Claro elegeu sua primeira vereadora. Em 1983, Ivani Bianchini ocupou uma das cadeiras da Câmara municipal pelo então PMDB (hoje MDB).
Em entrevista ao Centenário, a ex-vereadora de 70 anos declarou que o feminismo estava bem longe de se tornar a bandeira que se popularizou nos anos seguintes. “Quando assumi, entrei com tudo. Para defender Rio Claro e as mulheres”, conta.
ATUAL LEGISLATURA
Apenas duas vereadoras ocupam cadeiras na atual legislatura, representando um percentual ainda menor que a média da Alesp, Câmara federal e Senado: 10.52% de participação feminina.
As parlamentares Maria do Carmo Guilherme (MDB) e Carol Gomes (PSDB) compõem duas das 19 cadeiras do Legislativo rio-clarense.
Em seu quarto mandato na Casa de Leis, Maria do Carmo diz que ainda existe muito preconceito em relação à mulher na política, mas ela encara como um desafio. “Sofro, mas gosto de desafios”, enfatiza.
Questionada sobre os motivos pelos quais não existem mais mulheres ocupando espaços políticos, destacou: “Acho que existe um tabu em não votar em mulher. Mas acredito que em nossa cidade existem mulheres excelentes”.
Já Carol Gomes, que está em seu primeiro mandato, destaca que não sofre preconceito por ser mulher, mas por ser jovem. Ela relata que apenas em uma ocasião, e não foi por colegas vereadores, utilizaram o fato de ser mulher para tentar atingir, mas nunca mais se repetiu.
Já em relação à baixa participação feminina, frisou: “Acredito que as mulheres foram emancipadas na questão eleitoral, mas não social. Ainda vivemos em uma sociedade onde a mulher é tida como mantenedora do lar e muitas nem querem participar. Mas temos grandes representações na política, como a Thabata Amaral, Janaína Pascoal, Joice Hasselmann, entre outras”.
REPRESENTATIVIDADE
Vale destacar que o município possui um vereador para cada grupo de 10.778 pessoas, tomando como base a população estimada para 2018 do IBGE.