A campanha do Fevereiro Roxo foi criada com a finalidade de conscientizar a população acerca de três doenças sérias: Alzheimer, fibromialgia e lúpus.
Hoje, o Diário do Rio Claro trará à tona a Doença de Alzheimer. Para tanto, conversou com uma das maiores autoridades do assunto na região: José Luiz Riani Costa, professor do curso de medicina do Claretiano – Centro Universitário.
O professor, à reportagem, explica que a Doença de Alzheimer é neurodegenerativa, que acomete especialmente pessoas idosas, provocando prejuízo na memória, orientação espacial, atenção, linguagem, organização do pensamento, entre outras alterações cognitivas. Também pode afetar a coordenação motora.
“A manifestação mais conhecida é a alteração na memória, primeiramente para fatos recentes. Assim, é frequente a pessoa repetir a mesma pergunta diversas vezes, esquecer-se onde deixou objetos e situações semelhantes”, esclarece.
Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a Doença de Alzheimer. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico.
De acordo com o professor, quando uma pessoa idosa começa a apresentar alguns dos sintomas, é importante procurar um serviço de saúde e fazer uma avaliação. O clínico geral, o médico de família e o geriatra geralmente são os primeiros a suspeitar do diagnóstico. Neurologistas e psiquiatras, muitas vezes, são procurados para esclarecimento quanto ao diagnóstico.
“Outros profissionais de saúde, como os de educação física, fisioterapeutas, psicólogos, gerontólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros, também podem compor equipes multiprofissionais voltadas ao atendimento integral dos pacientes”, salienta Riani.
O docente aponta que, além de fevereiro, setembro também é voltado à divulgação de informações sobre a doença para que o diagnóstico seja feito nas fases iniciais, aumentando as chances de atenuar a evolução da doença. “Além dos medicamentos hoje disponíveis, a atividade física e o convívio social são importantes alternativas de tratamento não farmacológico”, garante.
A Unesp de Rio Claro, por meio do Programa de Cinesioterapia Funcional e Cognitiva para Idosos com Doença de Alzheimer (PRO-CDA), voltado a pacientes com Doença de Alzheimer e seus cuidadores, vem contribuindo para melhorar a qualidade de vida dos participantes desde 2006. “Essa experiência está relatada no livro digital ‘Vivências sobre a doença de Alzheimer na Unesp: diálogo entre ensino, pesquisa e extensão’, organizado por mim, juntamente com Larissa Andrade e Angélica Stein, que se encontra disponível no link https://repositorio.unesp.br/handle/11449/126248”, orienta.
Aspectos psicológico e familiar
Lúcia Helena Hebling, psicóloga clínica com consultório em Rio Claro, enfatiza que as mulheres, especialmente na menopausa devido à perda do estrógeno, e os homens, pela baixa de testosterona na andropausa, começam a ter dificuldades de atenção, concentração e memória, e isso não tem uma ligação direta com o Alzheimer, mas pode levar à depressão, e a depressão não tratada pode levar à demência, e as demências, 25% delas, podem evoluir para o Alzheimer.
“Por isso, é muito importante estar atento à questão de memória, estresse, depressão, fadiga intensa crônica e ansiedade. Então, muitas vezes, o atendimento psicológico, já na meia idade, entre 50 e 55 anos, é uma maneira de prevenir a possibilidade de depressão e, consequentemente, uma evolução para as demências e Alzheimer”, elucida a profissional.
Lúcia Helena explica que as depressões leves e os casos de transtornos de ansiedade, a grande maioria, podem ser tratados com o apoio da psicologia com a terapia, e não necessariamente precisa de medicação. “Existem estudos que a psicoterapia é tão ou mais eficaz para o tratamento de depressão leve e ansiedade generalizada quanto a medicação. Esse processo de autoconhecimento é muito importante.”
Com relação à família, destaca que o próprio envelhecimento e o desgaste da doença, de quem está no entorno, cuidando, seja marido, esposa ou filhos, é muito grande. “E são os cuidadores – existem estudos sobre isso – que, depois de um tempo, mais sofrem também com quadro de depressão e ansiedade. E é por isso que é preciso que toda a família busque apoio psicológico, principalmente os que estão mais sofrendo”, ressalta a psicóloga.
Por fim, diz que o que se sabe também é que todo trabalho com arte, com atividade física, principalmente, é muito importante para o trabalho de prevenção a qualquer tipo de doença, mas especialmente às demências de maneira geral.