Com o aumento no número de casos de Covid-19 no município e lotação dos leitos, a secretária de Saúde Giulia Puttomatti destacou, em entrevista ao Diário do Rio Claro, a preocupação com o avanço da doença. “Oitenta por cento dos internados por Covid-19 são jovens e adultos, com idades entre 20 e 60 anos. O que estamos vendo é que as pessoas estão relaxando nas medidas sanitárias, descuidando acreditando que a vacina já é efetiva. Porém, o que ressaltamos é que só poderemos relaxar um pouco ao atingir a imunização de rebanho, que significa, pelo menos, 70% da população vacinada”, disse Giulia, ao lembrar que Rio Claro está avançada na vacinação, porém ainda longe de chegar a 70% da população. “Vacinar é um ato coletivo.”
Segundo a secretária, o aumento no número de casos, em 14 dias, foi de 124%, com aumento de 30% nas internações e de 22% de internações em UTI. Essa sobrecarga do sistema exigiu um aumento no número de leitos, insumos e mão de obra. “A estrutura de atendimento de saúde pública foi reforçada com a abertura de novos leitos, porém os recursos são finitos”, ressalta Giulia. De janeiro até início desse mês, o município já ampliou o número de leitos públicos para pacientes com Covid em 95%, passado de 45 para 88 leitos.
“Quando falamos de recursos necessários para o atendimento, não nos referimos apenas a camas e equipamentos, isso inclui insumos, medicamentos e, principalmente mão de obra especializada, e temos um limite. Não dá para simplesmente ampliarmos leitos a medida que os casos sobem, e a população precisa entender isso”, destacou.
A secretária disse que as equipes estão cada vez mais sobrecarregadas, se desdobrando para continuarem atendendo aqueles que precisam de cuidados médicos nesta pandemia. “São verdadeiros heróis, guerreiros, que se esforçam e dão o seu melhor. Todos os funcionários. Tenho enfermeiros que vão fora do seu horário para ajudar a montar macas, para falar com famílias, todos estão se esforçando e trabalhando muito”, disse a secretária, que se emocionou ao lembrar de toda a equipe que atua na saúde. “Eu tenho orgulho de todos eles, agradeço todos os dias Deus por poder contar com eles. Todos me ensinam muito e tento retribuir dando o meu melhor.”
“Estamos trabalhando exaustivamente para continuar cuidando daqueles que vierem a precisar, mas isso não será suficiente se cada um não fizer a sua parte e adotar um comportamento responsável em prol da vida”, advertiu Giulia.
“Todos devem ter responsabilidade moral e social diante da situação que atravessamos e fazer a sua parte, adotando medidas de prevenção”, acrescentou a secretária. O uso de máscara, higienização das mãos e evitar aglomerações são cuidados que todos devem ter, não apenas para se proteger como também para proteger as pessoas que ama. Isso mesmo após a vacinação.
INSUMOS
Além do aumento no número de leitos, Giulia contou que, ainda na sexta-feira (11), foi fechada negociação para fornecimento de oxigênio no Cervezão, para suprir a demanda, e que há estoque de insumos. “Precisamos trabalhar com uma margem de segurança, é um planejamento que fazemos.”
De acordo com a secretária, a variante P1 que circula no município é atípica e, com ela, traz problemas graves. “A falência dos rins, por exemplo, nós víamos isso no ano passado, mas não com a frequência que temos hoje. Foi preciso instalar uma máquina de hemodiálise no Cervezão. Nós conseguimos, a DRS nos cedeu uma máquina, para poder dar conta. Essa variante é muito mais série pela rapidez com que afeta e como atinge outros órgãos.”
Questionada sobre a variante P4, que vem sendo chamada de ‘variante caipira’ por ter sido registrada primeiramente no interior de SP, Giulia assegurou que não há, oficialmente, registros da cepa em Rio Claro. “A P4 é uma cepa de interesse e não sabemos o comportamento dela, se é mais perigosa ou não, mas não fomos notificados da existência dela em Rio Claro.”
PÓS-PANDEMIA
Giulia explicou que outra preocupação é o pós-pandemia, com os problemas de saúde que devem aparecer. “Nós paralisamos as cirurgias eletivas, devido à falta de leitos e uma hora ou outra isso vai estourar. As pessoas que estão na fila de espera vão precisar passar pela cirurgia. Tudo isso vai vir no pós-pandemia. Já temos um levantamento dos casos e já estamos nos preparando para isso. É um problema que as grandes cidades já enfrentavam, com grandes filas de espera, mas que agora vão começar a atingir até as cidades menores. Eu tenho uma experiência na cidade de São Paulo com os mutirões e temos esse planejamento. Se hoje só falamos de Covid, acabamos esquecendo dos demais problemas de saúde, mas eles estão aí.”
ESTRUTURAÇÃO
Pensando na estruturação, Giulia disse que foi iniciado um processo de informatização da Fundação, com processos para dar transparência, prestação de contas. “Tudo hoje em dia tem que ter um sistema online, com segurança, auditoria, gestão de insumos. Eu vim da área de finanças, então quero entender os gastos, ver o que está fluindo ou não e ter um controle sobre tudo isso, de uma forma transparente.”
VACINAS
Avançada no calendário de vacinação, a cidade é exemplo na efetividade do serviço. “Muitos questionam sobre a xepa da vacina, aquelas doses que sobram no fim do dia. Tenho que dizer que não estamos deixando sobrar, que não jogamos vacina fora. Estamos vacinando. Tentamos manter uma média de 1000 vacinas por dia, se vacinamos menos em um dia, já informamos para diminuir a faixa etária. Assim estamos conseguindo avançar.”
Sobre a segunda dose, ela explicou um trabalho sério está sendo feito para garantir a imunização. “As equipes estão, literalmente, caçando as pessoas. Ligando no celular, mandando mensagem, procurando em rede social. Estávamos com cerca de mil pessoas sem a segunda dose, depois de uma semana com esse trabalho, diminuímos em 40%.”
Ainda sobre a vacina, Giulia deixou um alerta: “Tem muitas pessoas ‘gourmetizando’ as vacinas, querendo escolher qual vai tomar, mas meu conselho é: tome a vacina. Não importa o laboratório, a imunização é importante e necessária”.
GIULIA
“Estamos trabalhando exaustivamente para continuar cuidando daqueles que vierem a precisar, mas isso não será suficiente se cada um não fizer a sua parte e adotar um comportamento responsável em prol da vida”, advertiu Giulia.
Por Vivian Guilherme / Foto: Divulgação