William Seven, mágico premiado e notável, é rio-clarense. Mais um talentoso filho ilustre da Cidade Azul.
Rio Claro realmente impressiona quando o assunto são nomes de destaques ligados à arte. O Diário de Rio Claro, aos domingos, tem trazido à tona esses raros talentos que optaram por deixar a cidade com o intuito de ganhar notoriedade noutros locais. Conheça, a partir de agora, um pouco mais a respeito da vida e carreira de William Seven, 41 anos, nascido na terra de Dalva de Oliveira em 14 de setembro de 1977, e que hoje reside em Jundiaí.
Primeiros passos
Como toda criança, Seven já gostava de mágica. Ele relata que sua mãe era viúva, e não conheceu seu pai biológico, Wagner Guerino Cristofoletti. “Lembro que já tinha um brinquedo de mágica e brincava com a minha irmã de fazer mágica nessa época. No início dos anos 80, minha mãe nos levou ao circo Orlando Orfei. Lá, conhecemos o mágico. Felizmente, o mágico Júlio Lipan e minha mãe se apaixonaram, se casaram e, a partir daí, a mágica passou a fazer parte da minha existência”, rememora.
O artista relata que, quando criança, tinha um ato de mágica e participou de vários congressos de mágica e shows com seu pai, mas crê que só entendeu de fato a mágica como arte na fase adulta. “Descobri o universo maravilhoso da mágica em sua interminável literatura.
Entendi que, além de arte, a mágica é uma ciência que envolve psicologia, comportamento humano, teatro, música. Passei a descobrir que a mágica é uma ferramenta maravilhosa para trazer o encantamento, para transformar emoções, percepções de realidade, ou seja, que tinha um papel importante na sociedade como o teatro, a dança, a música, pintura, etc.”, explicita.
Influências
Suas influências como arte, que lhe fizeram entender a mágica por um âmbito mais abrangente, foram o cinema, teatro e música. De acordo com Seven, seu pai o influenciou muito, pois o colocou de fato nesse universo da mágica. “Como artista, minhas principais influências foram Juan Tamariz, Ricardo Harada, Arturo de Ascânio, com suas teorias maravilhosas, entre muitas outras influências”, conta.
O rio-clarense acredita que tudo o que nos identifica, de certa forma, nos influencia. Sendo assim, possui uma lista interminável de colegas contemporâneos que admira, se identifica e o influenciam.
“Depois que participei de alguns campeonatos importantes, passei a conhecer grandes mestres que lia e assistia e, agora, felizmente, são meus amigos”, diz.
Ápice
Seven, ao Centenário, explica que, a cada três anos, federações internacionais de mágica se reúnem para fazer mostras competitivas em congressos de mágica. Nesses congressos, existem workshops, conferências, troca de informações, mercado mágico, onde mágicos vendem suas ideias e seus produtos.
Quanto às competições, são diversas, mas, conforme ele, as mais importantes são, além do mundial, as competições continentais. “Temos o Flasoma, que é das federações latino-americanas, que acontece a cada três anos, e aconteceu em 2017 no mês fevereiro, em Bueno Aires.
Eu competi com um ato e ganhei o prêmio Grand prix, que é, de certa forma, raro, pois está acima do primeiro lugar.”
O mágico relata que, para conseguir, é preciso a pontuação máxima de todos os jurados, em todos os quesitos. “E, felizmente – e incrivelmente, já que eu não esperava – , ganhei o prêmio em questão, de melhor mágico da américa latina. A partir disso, fui convidado a disputar o campeonato mundial de mágica, que aconteceu na Coreia do Sul, em julho de 2018, e lá obtive o prêmio de quarto melhor mágico com o ato que apresentei”, relembra.
No mundial
Seven detalha que pegou o número mais antigo da história da humanidade, o dos covilhetes mágicos, e colocou uma dose de dramaticidade contando a história de um senhor, o Nicolau, que tem Alzheimer. “Trata-se de um drama e se passa no universo do escritório do Nicolau, um artista perdido no tempo, buscando a sua essência que está sendo perdida através desta enfermidade.”
A referência foi sua esposa, que é médica e especialista em Alzheimer. “Talvez esse universo, esse drama, essa nova maneira de ver a mágica, de uma forma artística, conceitual, é que trouxe esse prêmio”, acredita.
A mágica no Brasil
Segundo ele, por aqui há uma certa dificuldade em buscar formas de entretenimento, outras formas de artes. Conforme o artista, a televisão é muito presente na nossa sociedade, na nossa vida, mas crê que exista uma parcela de culpa por parte dos mágicos. “Os mágicos brasileiro ficaram presos a uma antiga maneira de se enxergar a arte mágica.
Acho que falta a busca de uma nova roupagem. E hoje, pela facilidade de informação, qualquer um tem acesso a números de mágica na internet. Os aprende e sai dizendo que é mágico, e se esquece de estudar toda parte teórica, que é muito importante. A mágica no Brasil está estagnada”, admite.
Rio Claro
Seven tinha um estabelecimento em Rio Claro, o Magic Bar, em meados da década de 2000, e até hoje as pessoas, quando ele vem para Rio Claro, pedem para abrir outro bar do gênero. E ele admite: “quem sabe seja um projeto futuro. O estabelecimento ficou marcado na vida de bastante gente, sobretudo na minha.”
À época, salienta que a recepção da cidade foi boa, mas Rio Claro, de acordo com ele, não dá oportunidades. “Morava aí e fazia shows em São Paulo, Campinas, Limeira, Americana, e Brasil afora. Rio claro me era uma cidade dormitório. Dormia aí e trabalhava fora, o que me fez deixar a cidade e buscar novos horizontes”, confidencia.
Futuro
“Estamos num momento de transição, e não sabemos qual o caminho que o Brasil seguirá no que diz respeito à cultura. Espero que seja um excelente caminho, que esse governo invista em arte, cultura. Espero continuar vivendo dignamente da minha arte, montar um bar em São Paulo ou Jundiaí, por enquanto. Há uma forte possibilidade de me mudar para a Europa, possivelmente Espanha”, finaliza William Seven.