Os animais de estimação já são considerados membros da família em muitos lares brasileiros. Segundo uma pesquisa da Euromonitor, em 2022 o Brasil contava com 168 milhões de pets, tornando-se o terceiro país com mais animais domésticos no mundo.
“Esse vínculo afetivo entre humanos e animais se intensificou ao longo dos anos e, quando o ciclo de vida desses companheiros chega ao fim, muitos tutores enfrentam uma dor semelhante à da perda de um ente querido”, explica Mylena Cooper, estudiosa do luto e de processos fúnebres.
“O luto pet ainda não é amplamente reconhecido, mas ele é real e doloroso”, comenta Mylena. Para ela, a despedida adequada pode ser essencial para que os tutores consigam processar essa perda de forma saudável.

Assim, cada vez mais as famílias têm optado por uma despedida semelhante às realizadas para familiares e amigos. “Vemos uma tendência cada vez maior de uma despedida digna, humana e que respeite as emoções de cada pessoa que conviveu com aquele animal”, fala Mylena, que é também diretora dos Crematórios Pet Vaticano em Santa Catarina e no Paraná.
As cerimônias de despedida de pets seguem os mesmos rituais de um velório de corpo presente. O corpo do animal é preparado com todo o cuidado e levado à sala de cerimônias para um último adeus. Um cerimonialista conversa com os tutores e celebra a vida do bichinho que partiu apresentando fotos e vídeos disponibilizados pela família.
Plantar as cinzas, guardar em um pingente ou fazer um diamante
Após a cerimônia o corpo é encaminhado para o processo de cremação. Antes da cremação ainda é possível registrar a patinha do animal em um pequeno quadro de argila e gesso, conhecido como claypalm.

Depois de todo o processo, a família retira as cinzas e decide o que fazer com elas. Algumas famílias optam por espargir as cinzas em um local em que o animal gostava de frequentar, como quintais, parques ou praias. Há também a possibilidade de eternizar a vida do pet em uma lembrança como um cristal com cinzas, um pingente, ou ainda plantar as cinzas junto com uma muda de árvore.
Outra opção que vem se popularizando é a transformação de parte das cinzas do animal em um diamante. “Com apenas 300 gramas de cinzas já é possível criar uma joia, que leva de três a seis meses para ficar pronta”, explica Mylena. Além de diretora da rede de crematórios, ela também é CEO da The Diamond, empresa brasileira pioneira na transformação de cinzas em diamantes.
Essas alternativas permitem que os tutores mantenham vivas as memórias de seus pets de maneira simbólica e especial. “As cerimônias de despedida e as lembranças são formas de validar o sentimento de perda, ajudam a enfrentar o luto e a passar por esse momento delicado que é perder de um animal de estimação”, finaliza.