Ele faz parte das espécies ameaçadas de extinção, mas em Rio Claro tem sido visto. No dia três de março deste ano, por exemplo, um logo-guará foi resgatado por bombeiros após entrar correndo em uma loja na Rua 6, do bairro Cervezão. A equipe fez a captura utilizando rede e cambão, em seguida, por indicação do Policiamento Ambiental o soltou em habitat natural. O animal foi identificado como um lobo-guará adulto. Já em agosto, durante uma madrugada, um logo-guará também foi registrado por câmeras de segurança da Unesp, ele foi visto próximo à portaria da Universidade.
A estimativa é que no Brasil vivam cerca de 24 mil lobos-guará, com maior concentração no Cerrado. Eles podem ser encontrados ainda, em menor número, na Mata Atlântica, no Pantanal e no Pampa. O lobo-guará foi escolhido para ilustrar a nova cédula de R$ 200, e está entre as 1.173 espécies da fauna ameaçadas de extinção. O lobo-guará ficou em terceiro lugar em uma pesquisa realizada pelo Banco Central (BC) sobre quais animais em extinção deveriam ser representadas em novas cédulas.
A espécie sofre com a degradação do meio ambiente, avanço desordenado de atividades humanas sobre o Cerrado e centros urbanos, o que leva à perda de habitats. Também é afetada pelo aumento da caça, por atropelamentos e disseminação de doenças a partir do contato com cães domésticos. “O lobo-guará é talvez a espécie mais icônica do bioma Cerrado. É um animal sempre associado à imagem dos vastos campos e savanas permeados pelas belíssimas veredas que compõem as paisagens especiais do Brasil central. É muito importante associarmos nosso patrimônio natural a símbolos de valor, mas isso precisa vir associado à consciência de que para sobreviverem necessitam que seu habitat natural esteja preservado”, destacou à Agência Brasil, Reuber Brandão, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor associado da Universidade de Brasília.
Segundo a RECN, estima-se que cerca da metade da área original do Cerrado já tenha sido destruída. Incêndios florestais, obras de infraestrutura para energia hidrelétrica e demanda por carvão vegetal para a indústria siderúrgica também ameaçam o bioma. “Precisamos entender que existe diferença entre valor e grandeza. Apesar da escolha da espécie para ilustrar as novas cédulas de real ser positiva, o valor destes organismos e da natureza brasileira é imensamente superior ao valor nominal do dinheiro. Nesse caso, a grandeza se traduz por meio de medidas efetivas pela proteção do patrimônio natural imenso, insubstituível e único. É atribuir valor à conservação da biodiversidade, do bioma Cerrado, das Unidades de Conservação de Proteção Integral e ao icônico e elegante lobo-guará”, avalia Brandão.
NOVA CÉDULA
O Banco Central apresentou nessa quarta-feira (2) a nova cédula de R$ 200, que passa a ter valor legal imediatamente e começa a circular conforme a demanda. Ao todo, serão disponibilizadas 450 milhões de unidades da nota até o fim do ano. Para o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a introdução da nova cédula era fundamental para evitar um eventual desabastecimento do papel-moeda frente ao aumento da demanda por dinheiro em espécie desde o início da pandemia do novo coronavírus.
A cédula de R$ 200 traz cores cinza e sépia predominantes. A nota tem o mesmo formato e dimensões da cédula de R$ 20 (14,2cm x 6,5cm). A decisão de manter o formato, segundo o BC, é para melhor adaptação aos caixas eletrônicos e demais equipamentos automáticos que aceitam e fornecem cédulas de dinheiro. A cédula de R$ 200 é impressa em papel fiduciário, que tem uma textura mais firme e áspera que o papel comum.
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