As universidades públicas são essenciais e prestam serviços fundamentais, principalmente ligados ao ensino, à pesquisa e à extensão. Os professores da UNESP, USP e Unicamp são responsáveis por quase metade das pesquisas científicas no país e essas são de capital importância para o desenvolvimento do Brasil e para a melhoria da qualidade de vida da população. É inquestionável a contribuição de nossas universidades, mas o quanto cada unidade universitária contribui para o município onde está instalada, também merece destaque. Segundo Comitê Executivo Anti-Covid um criterioso levantamento realizado pelo professor José Murari Bovo, da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp – Câmpus de Araraquara, mostrou que a universidade movimenta quase R$ 2 bilhões por ano nos 22 municípios do Estado de São Paulo onde a UNESP tem unidade universitária. O trabalho do Professor Bovo, denominado “A contribuição da Unesp para o Dinamismo Econômico dos Municípios”, atualizado em 2013, levou em consideração os gastos de estudantes, técnicos-administrativos e professores, além dos investimentos realizados pela universidade.
Em Rio Claro, a Unesp (criada em 1976, mas presente desde 1958 com a, então, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras) tem grande importância na economia da cidade. As Direções do IB (Instituto de Biociências) e do IGCE (Instituto de Geociências e Ciências Exatas) afirmam que o volume de recursos injetado pelo campus na economia local representa cerca de 30% da receita municipal, ou seja, algo em torno de R$ 125 milhões (em 2013). Este valor, para 2019, deve atingido cifras ainda maiores, demonstrando impacto altamente relevante da Unesp sobre a economia do município. De acordo com os Professores José Euzébio de Oliveira Souza Aragão (Diretor do IB) e Alexandre Perinotto (Diretor do IGCE), somente no setor imobiliário são movimentados cerca de R$ 800 mil por mês ou quase R$ 10 milhões por ano. Outros setores também se beneficiam com a presença da universidade. Do volume de recursos movimentado anualmente, 19% são gastos no setor alimentício, 12% com transporte, 9% na área de educação com cursos e capacitações, 8% em lazer e 8% são investidos em manutenção geral.
Retornos positivos
Aragão e Perinotto destacam ainda que, além da contribuição para o desenvolvimento econômico de Rio Claro, a Unesp projeta o nome da cidade no Brasil e no exterior, com pesquisas de ponta que são desenvolvidas nos laboratórios da universidade. Como exemplos, citam os estudos sobre águas subterrâneas (aquífero Guarani); o petróleo do pré-sal; insetos sociais; biotecnologias; planejamento urbano e territorial e tantas outras pesquisas em andamento. Isso sem falar das pesquisas sobre bioenergia centralizadas no Instituto de Pesquisa em Bioenergia da Unesp (IPBEN) que funciona nas antigas instalações da Unesp no bairro Santana. Muitos projetos de extensão são desenvolvidos por professores, estudantes e funcionários da UNESP e envolvem diretamente a comunidade da cidade, desde crianças até idosos. Com a pandemia, muitos desses projetos sofreram interrupção, mas voltarão a acontecer assim que a segurança sanitária permitir.
Diretoria da Unesp explica interrupção das atividades físicas no Câmpus
Um bom número de rio-clarenses costumava usar o campus da UNESP para atividades físicas, principalmente caminhadas pela manhã ou final de tarde. A universidade, ao longo do tempo, preocupada com a segurança e conforto dessas pessoas, concluiu a construção de calçadas no perímetro interno do campus, cuidou da iluminação e fez pinturas de solo visando disciplinar e melhorar essas práticas. Também, anualmente, realiza o evento “Saúde no Campus”, quando, em parceria com a Prefeitura Municipal, acontece campanha de vacinação, controle de pressão arterial e testes rápidos para algumas doenças, além de fornecer informações sobre as boas práticas físicas. Com a pandemia, no entanto, à semelhança das aulas presenciais e algumas pesquisas, as práticas de atividades físicas foram interrompidas visando à segurança de todos os envolvidos. Algumas atividades administrativas e operacionais essenciais, bem como pesquisas continuaram sendo realizadas, obedecendo a todos os protocolos da Organização Mundial da Saúde e das autoridades médicas e sanitárias brasileiras. Assim, alguns professores, funcionários e estudantes continuam tendo acesso ao campus, bem como alguns servidores, como as equipes de manutenção. Embora ofereça ensino público e gratuito, o espaço da universidade não é assemelhado ao de uma praça ou outro logradouro público. Trata-se de uma área administrada com finalidade específica. Não é um clube ou área de lazer aberta. Vale ressaltar que a Unesp reconhece que o campus é um local privilegiado para a prática de atividade física e, em função disto, vem adotando medidas para melhorar seu uso pela população. Como parte das medidas, foram distribuídos cartões de identificação para caminhantes com dados de contato para urgências, melhorias e demarcação de 2,5 km de pistas e calçadas; o fechamento do campus é temporário e visa preservar a saúde dos caminhantes, já que há uma extensa área no campus que precisa ser higienizada, incluindo banheiros, bebedouros, equipamentos para algumas práticas, o que não é possível nas atuais circunstâncias; não existe barreira física que separe os espaços de caminhada das instalações de ensino e de pesquisa. Isso pode comprometer a saúde dos caminhantes e dos pesquisadores, funcionários e estudantes, além da segurança patrimonial.
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