Em mais uma edição da série idealizada pelo Diário do Rio Claro com o objetivo de enfatizar a arte produzida e idealizada na região de Rio Claro, o destaque é a bailarina Lara Jatkoske Lazo, que começou a estudar dança em uma academia de ballet, em 1985.
Antes disso, sua mãe sempre incentivou à aprendizagem de artes em geral e, uma dia, assistindo à TV, teve contato com um trecho de ballet e se apaixonou. “Porém, minha família ainda não tinha condições de pagar uma academia, então apenas frequentava atividades de dança em escolas públicas infantis. Mas, o tempo passou, e consegui estudar dança a partir dos onze anos de idade; além do ballet clássico (Vaganova, Cubano e misto), também estudei dança moderna (Matha Graham), contemporânea, dança do ventre e jazz”, revela.
Hoje, Lara tem um espaço voltado à dança e a práticas culturais, a academia Centro Intercultural Napyév. “Tive ótimos professores de dança, por exemplo: Inês Gelfuso, Alexa Gomes, Henrique Talmah, Gilsamara Moura, Álvaro Ribeiro Santos, entre outros. Tive aulas, em cursos, com Halina Biernacka, Boris Storojkov, Natalia Zemtchenkova, etc. Além de dança, dou aulas de Língua Portuguesa na Escola Agrícola, onde trabalho desde 2010.”
Atualmente, cursa doutorado em Educação, na linha de Linguagem-Experiência-Memória-Formação, na Unesp de Rio Claro, onde defendeu o mestrado em 2018, na mesma área, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo. “Meus estudos são sobre a formação do leitor adolescente pela literatura clássica e por práticas artísticas vinculadas a ela. Cursei a graduação em Letras Português Latim, na Unesp de Araraquara”, conta.
Sobre sua história na arte, Lara revela não saber exatamente como levou essas profissões para a vida. “Sei que estudava muito e, consequentemente, busquei continuar o que já estava em curso e, claro, com o incentivo dos meus pais, principalmente da minha mãe. Eu não queria abandonar a dança e nem as letras, então passei a trabalhar com ambas. As portas foram se abrindo para mim, pelo apoio dos pais, de professores e pela dedicação aos estudos.
Sem estudar muito, nada teria sido possível, tanto na dança como nas letras. O hábito de leitura também foi fundamental em todo esse processo. A docência foi um caminho possível de conciliação das duas atividades, e incentivado por minha mãe, tanto, que cursei o Magistério, antes da universidade. Tenho orgulho de ser professora”, aponta a dançarina.
Em sua trajetória, Lara coleciona conquistas, na área da dança: alunos formados e inúmeros prêmios. “São muitos prêmios, que raramente divulgo na mídia, visto que meu foco é a arte e não a competição. Participamos de muitas competições de dança (conquistamos inúmeros prêmios de primeiro, segundo e terceiro lugares), porque é o que mais se encontra de oportunidades de dançar, porém, não gosto de ver a dança como competição, pois a arte não é isso, por mais que exija situações competitivas.
Mas é o que o mercado e as ofertas de emprego na área trazem, e também a própria educação competitiva da sociedade, que tem lados bons, porém, também ruins. Difícil dissociar a arte do prazer competitivo na atual geração, tanto, que é comum vermos alunos de dança que desejam apenas participar de eventos competitivos: infelizmente, o prazer da dança pela dança deixa de ter espaço. O valor trocou de lugar: o principal prazer se deslocou da arte para o jogo; do foco na forma e efeito para o foco no ego. Mas é o que está instaurado e não há como fugir dessa realidade contemporânea. Isso me preocupa enquanto ensino, prática da arte e formação de bailarinos”.
Sobre o que ainda pretende alcançar na vida declara: “estudar mais, aprender mais, ler mais, conhecer mais, dançar mais, me aperfeiçoar, cada vez mais, em tudo o que faço… Enfim, o movimento… Enquanto houver movimento de mente e corpo, ou de um deles, pelo menos, estarei viva. Estou feliz em meus trabalhos, mas se novas portas profissionais se abrirem, serão bem-vindas. Gosto do novo e dos desafios. Tudo é possível”.
Lara Lazo
“A arte, na minha vida, nem considero como um elemento que apenas representa; ela, como vejo e sinto, é uma realidade, parte da minha verdade de vida; integra o que sou e o que me move, além de ser um quadro harmonioso e feliz das memórias da minha infância, da juventude e de tudo o que vivo. E não me restrinjo à arte literária e à dança; mas a todas as artes, que me atraem igualmente e trazem uma estética colorida à minha vida. Essa estética é constituída por pessoas que amo e por pessoas que foram e são muito importantes em toda a minha trajetória pessoal e profissional. Arte, vida, pessoas, tudo isso é um todo único e indissociável. A arte me motiva, pois é o colorido no quadro de minha vida”
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