Reintegração de posse de casas na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade deve acontecer ainda este mês.
A informação foi confirmada ao Centenário pelo procurador do Estado, Alexandre Vidotti. “Segundo informações que obtive, o oficial de justiça chegou a conversar com as famílias e elas estão cientes da necessidade do cumprimento da ordem”, disse.
A ação do Estado que pede a reintegração de posse tramita desde 2006, quatro anos depois da incorporação da área e transformação em uma unidade de conservação ambiental e patrimônio histórico.
“Após toda a tramitação, onde as partes exerceram seu direito de defesa, foi definida a reintegração”, afirma Vidotti ao ressaltar que houve tentativas extrajudiciais para que as famílias pudessem fazer uma desocupação programada. “O interesse do Estado não é fazer uma desocupação coercitiva, mas infelizmente essas tentativas de acordo acabaram não dando certo”, esclarece.
CASAS
Vidotti afirma que o pedido de reintegração é para cerca de cinco residências. “Algumas casas devem ter mais de uma família, mas acredito que não sejam de dez a 15 famílias como foi noticiado pela imprensa”, argumenta.
COLÔNIAS
A reportagem percorreu a Floresta Estadual na tarde dessa terça-feira (2) e visitou as colônias do Bambuzinho, da Fazendinha e as residências do acesso ao lago.
O local com mais residentes é a colônia Fazendinha, onde alguns moradores já foram notificados.
De acordo com uma moradora que não quis se identificar por medo de represálias, o Estado não disponibiliza nenhum recurso para manutenção dos imóveis já desocupados. “Faz 29 anos que moro aqui e meu marido há 45 anos. E todas as casas desocupadas estão caindo aos pedaços”, enfatizou a mulher.
Questionada se foi notificada pela justiça sobre a reintegração, foi enfática: “ainda não fui notificada, mas estou no processo também. Pelo que sabemos, eles querem tirar as pessoas em pequenos grupos para não dar tumulto”.
Outra moradora destacou que da colônia Fazendinha, pelo menos três famílias já foram notificadas. “Eu ainda não fui notificada, mas também estou no processo e aguardando”.
Uma casa que foi desocupada em 1998, no acesso ao lago, demonstra o descaso do governo do Estado com a manutenção do local. Telhas caindo, matagal e deterioração estão evidentes.
QUESTIONAMENTO
Outro morador questionou o argumento utilizado para a reintegração. “Eles estão dizendo que a desocupação é por causa do local ser uma unidade de conservação. Mas há menos de um mês, eles concederam uma casa para um vigia terceirizado morar dentro da colônia Fazendinha. E ele nem é funcionário do Estado. Se não pode para nós, por que pode para ele?”, questiona.
O Centenário não teve tempo hábil para esclarecer com a Fundação Florestal sobre a denúncia da moradora, mas o assunto deve ser retomado na edição desta quinta-feira (4).