A noite foi marcada por emoções para as jornalistas, amigos e familiares pelas homenagens e também por tratar do tema que as levou até este reconhecimento. Após sessão camarária de terça-feira (28), as jornalistas do Diário do Rio Claro Janaina Moro e Vivian Guilherme foram homenageadas na Casa com Moções aprovadas por unanimidade. A Moção de Aplausos foi concedida pela vereadora Caroline Gomes Ferreira de Mello. “Pelo trabalho realizado na imprensa do interior paulista, notadamente na reportagem publicada no Diário do Rio Claro, que destacou as ações desenvolvidas pela Patrulha Maria da Penha, Guarda Civil Municipal de Rio Claro, e que foi contemplada no Prêmio Juíza Viviane Vieira do Amaral, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”, destacou a honraria.
A Moção de Congratulações e Louvor do vereador Sérgio Montenegro Carnevale destacou a importância do empenho das jornalistas na profissão. “Pelos excelentes trabalhos prestados à nossa comunidade e, especialmente pela apresentação da reportagem intitulada “Patrulha Maria da Penha” um programa que incentivou mais de 200 mulheres a realizarem denúncias por terem sido vítimas de violência doméstica evitando maiores tragédias, com sensibilidade, acolhimento, empatia, humanidade e sororidade”, ressaltou.
Após receber, a jornalista Janaina Moro disse que faz questão e agradece a liberdade para tratar o tema Violência Doméstica ao longo de sua carreira, agradeceu o reconhecimento e parceria dos vereadores para combater este crime. “Fico muito honrada por este momento e por poder, com o meu trabalho, ajudar essas vítimas, levando informações dos seus direitos e cobrando Políticas Públicas. Gostaríamos de não precisar tratar sobre o assunto, mas se faz necessário e faço isso dentro de casa também com meu filho João Lucca de 7 anos para ele cresça respeitando e apoiando as mulheres. Peço a ajuda dos vereadores para que sempre coloquem em pauta”, observou a jornalista.
A jornalista Vivian Guilherme agradeceu as honrarias. “É uma grande satisfação participar do momento e contribuir com a causa de combate à violência doméstica. Procuramos sempre estar pautadas com os assuntos de relevância para toda a sociedade e agradecemos aos que contribuíram”, agradeceu.
Durante a entrega, a vereadora Caroline Gomes Ferreira de Mello observou a parceria das profissionais e ainda a dificuldade das mulheres em todos os setores. “Encontramos algumas dificuldades como mulher em um ambiente onde a política é conduzida por homens e quando a gente encontra parceiras, outras mulheres de grande brio para se inspirar, como vocês duas, torna a vida muito mais fácil, torna o trabalho muito mais fácil e principalmente para Rio Claro, para a sociedade. O que vocês transformaram na vida de mulheres com essas reportagens tão oportunas, com reportagens importantes, trabalho tão sério, vocês não fazem ideia. Essas mulheres que não conseguem ter voz, ou afagam a sua voz, por medo, por limitações e quando elas se inspiram em histórias reais de outras mulheres como vocês fizeram, dá mais coragem para denunciarem, procurarem a delegacia e isso é a sororidade. É uma mulher se inspirando em outras. Vocês me inspiram”, declarou a nobre vereadora.
Serginho Carnevale disse ser uma honra entregar essa Moção. “Eu sei quão difícil é a profissão de jornalista. A cada ano que passa é muito mais difícil a profissão que vocês levam e ostentam, seja por causa dos próprios fechamentos dos jornais, TVs, rádios, como também a violência que também não escolhe sexo entre jornalistas. Essa matéria foi muito inspiradora. E uma das pessoas que mais amam Rio Claro, o meu pai Sérgio Carnevale, que adora vocês duas, da época da matéria ele me chamou e falou, mostrou o jornal Diário, o centenário, e disse: essas meninas precisam ser homenageadas. E eu vi o orgulho que ele teve de me informar e eu com instrumento aqui na Câmara fazer essa Moção. Vocês não só representam uma série de mulheres sofridas que precisavam dessa matéria para se inspirar, como vocês também enquanto mulheres jornalistas pela dificuldade, vocês dignificam a profissão”, mencionou o nobre vereador.
A cerimônia contou com a presença também de profissionais do Diário do Rio Claro, Eduardo Lima, Hércules Marcos e Giovanna Rubin.
A REPORTAGEM
A reportagem feita pelas duas jornalistas e que as levaram às homenagens foi publicada no Diário do Rio Claro na edição do dia 26 de maio de 2021 e destacou o trabalho da Patrulha Maria da Penha realizado pela Guarda Municipal de Rio Claro e que visa apoiar as mulheres vítimas de Violência Doméstica. O projeto da GCM faz acompanhamento dessas vítimas que contam com Medidas Protetivas contra os agressores. Para as jornalistas, uma mulher relatou o medo do ex-companheiro que por pouco não a levou à morte. “Ele me agrediu, me deu um soco na cara. Sem dó, sem piedade bateu em mim com uma barra de ferro na cabeça”, contou.
Aos 45 anos, a vítima –a mulher que teve a identidade preservada – relatou quando começaram as agressões até chegar na assistência do serviço da Patrulha Maria da Penha. Ela viveu por 14 anos com o companheiro que, no início, como a maioria dos homens demonstra, era tranquilo. Segundo a mulher, o relacionamento era bom, mas o agressor já consumia bebidas alcoólicas em excesso, o que aumentou ainda mais com o passar dos anos. “Cada ano que passava foi piorando, com o tempo vieram as agressões, gritava, xingava palavrões que é bom nem lembrar. Depois vieram as agressões físicas”, relata.
A mulher também relatou que o trabalho da Patrulha que prendeu o agressor por tentativa de homicídio e a encorajou. “Depois disso eu já recebi a visita da Patrulha Maria da Penha em casa, sempre me dando apoio, me ligaram muitas vezes perguntando como eu estava, se precisava de alguma ajuda, estão sempre me dando assistência”, contou à época.
O PRÊMIO
A reportagem foi inscrita no Prêmio de Jornalismo Juíza Viviane Vieira do Amaral, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O trabalho ficou em segundo lugar na premiação. A cerimônia com a divulgação dos vencedores ocorreu no dia 14 de dezembro durante a 61ª sessão da CNJ Extraordinária no Plenário do CNJ, presidida pelo Presidente do Conselho Nacional de Justiça e Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Luiz Fux.
O “Prêmio CNJ Juíza Viviane Vieira do Amaral” tem por finalidade contemplar: experiência, atividade, ação, projeto, programa, produção científica ou trabalho acadêmico que contribua para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher e foi realizado para homenagear a Juíza Viviane Vieira do Amaral que foi assassinada no Rio de Janeiro pelo ex-marido. A juíza tinha 45 anos e foi morta na véspera do Natal de 2020, com 16 facadas, no pescoço, rosto e barriga. O assassino agiu na frente das três filhas do casal no momento que a mulher foi levá-las para passarem o Natal com o pai. O criminoso foi preso em flagrante. O prêmio tem como objetivo destacar ações que são realizadas para combater esses crimes contra as mulheres.
Por Redação DRC / Foto: Divulgação