São poucos os autores, cuja obra literária, atravessa o tempo, despertando o interesse do público leitor. É o caso dos livros escritos pelo autor norte-americano Ernest Hemingway que, acaso estivesse vivo, completaria hoje 123 anos.
Seus romances mais famosos foram levados às telas do cinema em meados da década de 1950 e 1960, obtendo nas bilheterias o mesmo sucesso que os livros conquistaram nas livrarias de todo mundo ocidental.
“Por quem os sinais dobram”, “Adeus às Armas”, “O Sol também se levanta” e “Ter e não Ter”. As obras de fôlego de Hemingway estão eternizadas na memória de quem as leu.
E se o leitor deste Diário teve despertada a curiosidade para conhecer os livros de Hemingway, saiba que os mesmos acham-se disponíveis nas bibliotecas públicas de Rio Claro.
Mas, sem dúvida, o livro de Hemingway que é um marco da literatura mundial, e atravessa incólume as décadas, pós sua publicação em 1953, é “O Velho e o Mar”, a saga do pescador já idoso, Santiago, para vencer os seus próprios limites, impostos pela força soberana da natureza.
A resiliência e determinação de Santiago, em não desistir de seu objetivo, serve de estímulo e inspiração àqueles que vivem situação semelhante. À parte, a qualidade literária, própria dos livros de Hemingway, essa é a maior contribuição do livro ao leitor que dele se ocupa.
Talento despertado cedo
Ernest Miller Hemingway, nasceu em 21 de julho de 1899, Estados Unidos, filho de um médico, Clarence, que, bem antes do filho, teria o mesmo destino trágico, e uma cantora de ópera, Grace Hall, que tentou, sem sucesso, controlar a vida do filho.
Desde muito cedo, Hemingway revelou talento para literatura. Iniciou carreira como jornalista no Toronto Star, um periódico que se gabava de introduzir as regras que deveriam ser seguidas à risca por seus jornalistas na criação dos textos, e que depois, se tornariam comuns nas redações dos jornais de todo mundo.
Ainda jovem, Hemingway foi motorista de ambulância da Cruz Vermelha, onde conheceu de perto os horrores da primeira guerra mundial, da qual voltou condecorado por ato de bravura. Consta que teria ajudado companheiros de batalha a escapar com vida dos ataques inimigos.
De volta da guerra, rumou para a Europa, onde se estabeleceu em Paris, e participou ativamente da chamada geração perdida, alcunha dada aos jovens artistas talentosos expatriados, que buscavam dar um sentido diferente à vida, no período conhecido como os loucos anos 20.
De espírito aventureiro, era dado a safaris, caçadas e pescarias. Teve quatro casamentos, o último deles com a também jornalista Mary Welsh, que o acompanhou com paciência samaritana até o fim da vida.
Hemingway era muito ligado à Espanha, onde lutou na Guerra Civil Espanhola contra o ditador Franco. A experiência lhe rendeu as páginas magistrais do romance “Por quem os sinos dobram”.
Outro livro seu, mas, ao estilo reportagem, é “Morte na Tarde”, que retrata as touradas em terras espanholas que exerciam tremendo fascínio sobre o escritor.
Em 1954, Ernest Hemingway recebeu o Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto da obra. À essa época, já havia se estabelecido em Cuba, onde permaneceu até a ascensão ao poder do também ditador comunista Fidel Castro.
De volta aos Estados Unidos, mudou-se para o Vale de Ketchum, Idaho, numa propriedade da família. Já com a saúde bastante debilitada, resultado dos excessos cometidos, sobretudo com o álcool, do qual era usuário contumaz, e vítima também de depressão profunda, Ernest Hemingway pôs termo à vida na manhã de 2 de julho de 1961, aos 61 anos. Escritor e jornalista, deixou um legado de valor inestimável, tanto para a literatura como para o jornalismo.
Por Geraldo J. Costa Jr. / Foto: Reprodução/Needpix.com