Mesmo sem nunca se dar por satisfeita, já que para ela é um objetivo impossível de ser completado em um mundo de evolução acelerada, se orgulha de ter atuado ao lado daqueles que formaram a “nata” do jornalismo rio-clarense.
Sua trajetória está intimamente ligada ao Centenário, afinal, foi nas salas e corredores do periódico que “nasceu”, cresceu e desenvolveu as habilidades com a escrita e apurou o chamado faro jornalístico e “essa vibração capaz de envolver a alma em busca de boas reportagens”, conforme descreveu.
E foram muitas as reportagens que levaram a sua assinatura, sempre entre parênteses ao final dos principais textos: Walesca Wehmuth ou, simplesmente, o curto e grosso W.W. com que carimbava a maioria das matérias.
Quando entrou no Diário do Rio Claro?
W.W.: Foi exatamente no ano em que comecei a cursar jornalismo (na verdade, Comunicação Social, habilitação em Jornalismo), em 1982, mas minha paixão pela escrita já vinha desde as primeiras séries escolares, onde, ao contrário da maioria dos alunos, adorava fazer redação e minhas composições, vira e mexe, iam parar nos jornaizinhos da escola. Ao mesmo tempo, meu irmão mais velho, Luiz (o médico e jornalista Luiz Wehmuth Neto), já atuava no ramo quando ainda era menina. Algumas vezes me levava na redação de um jornal do município, onde ele começou como colaborador. Eu ficava encantada com a oficina e com as máquinas de linotipo, que faziam a mágica acontecer. Aquilo para mim era simplesmente fantástico, mas minha atração infantil pelo jornalismo se limitava a isso e a ganhar alguns ‘carimbos’ com meu nome feitos pelo linotipista.
Quantos anos tinha na época?
W.W.: Bem, eu tinha 18 anos na época e, sim, já comecei atuando como jornalista. Fui jogada na “cova dos leões”, me sentindo como David no meio de tantas feras que eu admirava, como meu irmão Luiz, os saudosos Jairo Pimentel (o lendário JAP), dona Mara David, Irineu de Castro, seo Benoni, Afonso Bovo, José Afonso Baldissera, José Rosa Garcia e Jaime Peccorari.
Lá ia eu, com medo de não saber fazer as perguntas certas aos entrevistados ou de não captar as informações essenciais de um evento ou acontecimento. Mas numa escola tão boa (não a Unimep, onde cursava, mas a própria redação do Diário), não tinha como dar errado.
Cite alguma entrevista ou reportagem que marcou sua passagem pelo Diário.
W.W.: Uma reportagem que me marcou muito foi uma especial que fiz no extinto “lixão do Inocoop”, retratando a triste realidade de mais de cem famílias que, na época, reviraram o lixo em busca de materiais que seriam revendidos em ferros-velho e de onde tiravam o sustento.
O que é o jornalismo para você?
W.W.: Para mim foi e é sinônimo de paixão. Acho que chega a ser mesmo um sacerdócio.
Na sua opinião, qual o futuro do jornal impresso?
W.W.: O senso comum diz que o jornal impresso tem os dias contados com o advento da digitalização. Mas eu não acho que tem o mesmo sabor ler uma notícia, um livro, ou seja o que for diretamente num tablet ou menos ainda num celular. O gostoso mesmo é sentir o papel, manusear e até cheirar; sentir mesmo o cheiro do papel… da tinta. Esse é um prazer que o mundo digital jamais vai proporcionar. Então, espero que o jornal impresso sobreviva a isso tudo, pois, como dizia Caetano, “o sol nas bancas de revista me enche de alegria”. E tem coisa mais gostosa que sentar preguiçosamente num domingo e relaxar, ouvir os pássaros, sentir a brisa e folhear um jornal?
Rápidas
Não merece o meu respeito: a desonestidade.
A política é: infelizmente um objeto de desejo para o enriquecimento ilícito.
Não simpatizo, mas respeito: em muitos casos, a opinião alheia.
Não respeito, mas simpatizo: essa é difícil responder. Para mim, é impossível gostar ou simpatizar com algo que não merece respeito.
Um ídolo: minha tia, Jacira Russo Zanello.
Um sonho possível: formar minha família.
Um sonho impossível: no meu caso ainda conquistar alguns bens materiais, como “aquele” carro, “aquela” viagem…
Mudaria de calçada ao cruzar com: não querendo esnobar, mas não mudo de calçada ao topar com aquela pessoa indesejável. Apenas ergo a cabeça, empino o nariz e digo “bom dia”.
Por Vivian Guilherme