Jonas Moncaio é um dos artistas mais emblemáticos de Rio Claro e sua história de vida é acima de tudo uma inspiração. Em 2004, o violoncelista levou o nome da cidade para o circuito da cultura nacional ao ser convidado para participar do Acústico MTV com o grupo IRA!. Segundo ele, esse foi o divisor de águas na sua carreira. “Eu tocava em São Paulo em um restaurante na Vila Madalena e um dia o gerente veio me avisar que o baterista do Ira, o André Jung, estava lá com a família”, lembra ele. “O gerente pediu que eu tocasse alguma coisa da banda e só me lembrei de duas canções, ‘Flores em Você’ e ‘Envelheço na Cidade’. Fui lá e toquei as duas no violoncelo, ele pirou.”
Um mês depois, Jonas foi chamado para um teste para o projeto do disco Acústico MTV e no mesmo dia foi contratado. “Minha ficha só caiu muito tempo depois. O quarteto todo estava lá no apartamento, o Jung, Nasi, Scandurra e o Gaspa. Eu fiz durante o teste o que eu fazia nos bares, eu improvisei.”
O Acústico rendeu mais de 300 mil cópias vendidas, um disco de platina, fama e a consagração como músico popular. “As portas se abriram para mim, e a partir daí fiz vários outros trabalhos importantes.” Na lista figuram artistas como Charlie Brown Júnior, Tihuana, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Luís Melodia, Nasi e os irmãos do Blues, Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes, Tereza Cristina, Elza Soares, Chico César, B Negão, isso para citar apenas alguns.
Mas, não foi só isso. No auge da fama, Moncaio teve que lidar com a timidez e a saída através das drogas. “Há uma falta de entendimento sobre isso. A dicção não é a droga, é o fato de não saber lidar com os sentimentos. Eu sou muito tímido e naquele momento, com tudo o que estava acontecendo, fazendo turnê, eu achei que essa era a saída”, relembra. A recuperação veio quando já estava de volta à cidade e decidiu pedir ajuda. “O primeiro passo é aceitar que está doente.”
Passados quase 10 anos desse episódio, Jonas Moncaio olha para a sua história de superação e sente que tudo valeu a pena. “Tudo, cada passo, tudo faz parte da construção do ser humano que sou hoje. Tenho uma família, dois filhos incríveis e uma carreira que já me deu e continua dando muita realização”.
Dentre os trabalhos mais recentes do artista estão o documentário com Milton Nascimento e o Clube da Esquina – “Esse foi um presente da vida, eu poderia morrer hoje mesmo”. E a parceria com a cantora Gláucia Nasser.
Além disso, no final do ano passado Jonas Moncaio lançou seu primeiro disco autoral, “Meninos Azuis”, com participação de Edgard Scandurra e Zeca Baleiro. “Resolvi trilhar esse caminho da canção autoral, faz parte desse processo de externar um pouco da minha essência”, diz.
O amor pela música, ele herdou dos pais. A mãe, em especial, deu a ele a oportunidade da formação musical, antes mesmo da alfabetização. “Ela tocava Acordeon e meu pai percussão. Ela me colocou nas aulas de flauta e aos sete aos eu aprendi a ler partitura, antes mesmo de saber ler e escrever”, lembra e agradece.
O músico Jonas Moncaio agora se mistura à figura do pai e tem se dedicado ao atendimento em terapias alternativas para poder ajudar mais pessoas. “O que mais me encanta nas crianças de hoje é que eles olham. Meus filhos fazem coisas que nem eu acredito, eles nascem de olho aberto, isso é vivo. Eles mostram muito para mim.”
Quem quiser conferir a performance de Jonas Moncaio, ele é o violoncelista convidado do concerto ESG, com a Orquestra Filarmônica de Rio Claro, no dia 3 de setembro. O evento será híbrido, com a formação de uma pequena plateia e transmitido pelas Redes Sociais da Orquestra Filarmônica. Para saber mais acesse: www.ofrc.com.br.
Foto: Danilo Melosi/Divulgação