Se você é brasileiro ou vive aqui, agradeça a Deus todos os dias por isso, pois você é um sujeito abençoado e privilegiado. Por mais dificuldades que este país apresente, por mais contradições, incoerências e inversões de valores que estarrecem e incomodam as pessoas de bem, que buscam a vivência das leis de Deus e dos homens, o Brasil é um país onde se vive razoavelmente bem e se vive em paz. Ainda que, alguns, aos quais falta senso de patriotismo, de nacionalidade e de civilidade, tentem destruir essa realidade
Se economicamente e politicamente nunca fomos a vanguarda do mundo, pelo menos no aspecto convívio social, sempre nos saímos muito bem. Este é um país onde ainda impera a tolerância entre as diferenças, onde as pessoas, em sua maioria, procuram se ajudar, onde se observa ações de benemerência em favor dos menos assistidos, que visam, ao menos, amenizar um pouco esse sofrimento.
País rico, por natureza e graças ao trabalho tenaz daqueles que realmente envidam esforços em favor do progresso da nação, em que pese os seus representantes, a quem cabe a sagrada missão de administrar esses recursos, não tenham ainda adquirido a consciência da necessidade de trabalhar em favor do bem comum e não apenas de si próprio ou do grupo restrito que representam e para o qual, de fato, trabalham. Infelizes deles, porque colherão inevitavelmente aquilo que plantam deliberadamente.
Digo isto, caro leitor, porque neste momento, do outro lado do mundo, como você bem sabe, mais de 6000 pessoas, dentro elas, 40% crianças, já perderam a vida, numa guerra deflagrada, como sempre, por interesses econômicos e políticos, disfarçados de questões religiosas, baseadas no fanatismo tolo, que alimentam a boa-fé de pessoas enganadas ou que se deixam enganar.
A guerra, seja qual for, é a estupidez extrema de um grupo restrito de pessoas, através da qual, milhares de outras pessoas acabam sofrendo as consequências nefastas.
A guerra alimentada pelo maléfico projeto político-ideológico de grupos que só vivem e só pensam no poder e para o poder, que é efêmero, temporal e circunstancial; e pelo fanatismo religioso, baseado em promessas jamais cumpridas e irrealizáveis, como se houvesse um único caminho que conduza à felicidade.
É sempre a mesma coisa desde que a civilização humana está sobre a Terra. Os efeitos da guerra são sempre devastadores. Não há vencedores, ao contrário do que muitos imaginam. Extirpa-se um grupo violento e o que restar dele, em breve tempo se reorganizará e voltará a atuar, de maneira ainda mais belicosa, porque agora, movido por vingança, angariando, inclusive, a simpatia de novos adeptos que pensam e agem de modo semelhante.
Tudo isso é muito lamentável. O mal se alimenta do mal e ele atua em toda parte, porque a mente e o coração humano, ainda são vulneráveis, cedem a estímulos violentos.
Quando iremos evoluir o suficiente para definitivamente depusermos as armas e resolvermos nossas diferenças na base do diálogo, como seres de fato inteligentes que nos consideramos? A resposta é, quando trocarmos a violência pela educação. Mas, para educar, antes, é preciso, perdoar de parte a parte e acolher, consolar e esclarecer aqueles que estão dispostos a se regenerarem. E os que ainda não estão, infelizmente, não podem e não devem momentaneamente participarem do convívio social civilizado e ordeiro, imprescindíveis para o estabelecimento de uma sociedade justa e fraterna. Mas ninguém parece disposto ao imenso trabalho que este sonho demanda para torná-lo realidade.
Por Geraldo J. Costa Jr / Foto: Said Khatib-AFP