O setor varejista de revestimentos cerâmicos deve sofrer uma variação importante no valor de seu produto final. Um dos principais motivos é a alta dos insumos aliada a turbulência nas discussões sobre o frete. Os valores reais que esses impactos devem causar ao produto ainda não foram divulgados pelo setor, mas é fato que já chegaram as linhas de produção e deverão ser repassados aos lojistas nos próximos dias e até o início do próximo mês devem chegar ao consumidor final.
Ainda se não bastasse esses dois vetores que contribuíram para aumento no setor cerâmico, o gás natural, um dos principais insumos das cerâmicas, que responde hoje por cerca de 25 % dos custos de toda produção, teve um aumento neste mês, onde A ARSESP (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) aprovou 20% nos valores máximos comercializados.
“O item energia elétrica também tem um peso importante no processo de produção e neste mês, por exemplo, estamos todos trabalhando com a bandeira tarifária vermelha, o que vai gerar valores ainda mais elevados no custo final”, disse o diretor de Relações Institucionais da ASPACER Luís Fernando Quilici, acrescentando que, cerca de 100% escoamento da produção, assim como todo o transporte de matéria prima é feito por meio de caminhões, e qualquer mudança na referência de valor cobrado gera imediatamente acréscimos no valor de produção”, explicou.
Greve
A greve dos caminhoneiros afetou, fortemente, as vendas internas e as exportações de revestimentos cerâmicos, em maio, e interrompeu a alta que o segmento tinha registrado no acumulado até abril, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer). “O ganho de janeiro a abril foi perdido”, afirma o diretor superintendente da entidade, Antônio Carlos Kieling, ressaltando que os números de junho ainda irão refletir impactos da greve dos caminhoneiros. Oficialmente, a Anfacer mantém a estimativa de crescimento de 4,8% a 5% nas vendas deste ano, mas Kieling avalia que, dificilmente, o patamar será alcançado.
Em maio, as vendas totais do segmento caíram 17,3%, na comparação anual, para 55,5 milhões de metros quadrados e encolheram 17,6% ante abril. No acumulado de janeiro a maio, a queda foi de 0,6%, para 311,31 milhões de metros quadrados. Até abril, o segmento acumulava alta de 4% nas vendas totais. “Os sucessivos aumentos no preço dos insumos, fará com que toda cadeia produtiva do setor sofra um forte impacto que prejudicará muito o crescimento nesse período, que acreditaríamos que seria de retomada da economia”, disse o presidente da ASPACER Benjamin Ferreira Neto.