A revitalização do Jardim da Baronesa de Piracicaba foi estudada para resgatar os valores históricos e culturais para Rio Claro e região. Esse Jardim foi originalmente construído em meados do século XIX e estava em condições precárias, escondido em meios a espécies exóticas e invasoras, sendo impossível reconhecer o seu formato original.
Formato esse que foi inspirado nos Jardins de Versailles, na França, em um modelo espelhado que originalmente traz cor e beleza. “Foi durante as visitas em busca de um espaço para se construir um jardim funcional para as abelhas que descobrimos o Jardim da Baronesa de Piracicaba. A partir desse momento, decidimos unir dois aspectos importantes, o primeiro, de revitalizar o Jardim pelo seu valor histórico e cultural, e o segundo, de fazer a revitalização conciliando a aplicação do conceito de ecologia funcional.
Dessa forma, iniciou o processo de transformar esse precioso espaço em um Jardim funcional para as abelhas e outros polinizadores. O objetivo é ter um espaço onde podemos receber a população local, os criadores de abelhas, alunos, pesquisadores, produtores e curiosos sobre as abelhas e sua importância na manutenção da biodiversidade”, salientou o pesquisador da Unesp de Rio Claro especializado em abelhas e professor doutor Osmar Malaspina.
Um jardim funcional para as abelhas é construído com base no conceito de Ecologia funcional, onde os organismos inseridos interatuam entre eles, se beneficiando em uma rede de interação ecológica. Um paisagismo funcional é muito mais do que um paisagismo estético, onde a beleza e a harmonização são os focos centrais. Em um jardim funcional, nós escolhemos as espécies de plantas sabendo qual é a importância delas para atrair e manter a diversidade de visitantes florais que podem ser seus polinizadores.
“Do ponto de vista das abelhas, esses insetos são dependentes das plantas para coletar seus alimentos, como o pólen, néctar e óleos florais, que são utilizados para alimentar tantos as abelhas adultas, como também as suas crias. Além das abelhas, também podem ser encontrados nos jardins funcionais mariposas, borboletas, besouros, moscas, morcegos e até roedores e lagartos que, ao se alimentar nas flores, promovem a sua polinização, garantindo, assim, a formação de frutos e sementes e, consequentemente, de novas plantas no local”, explica o biólogo.
As abelhas polinizam mais de 78% das plantas cultivadas que a espécie humana utilizada na sua alimentação e também é responsável pela polinização de mais de 80% de plantas nativas do bioma cerrado, vegetação que predomina na nossa região. Conhecer as abelhas e preservá-las, assim como outros polinizadores, é garantir qualidade de vida para todos os animais, incluindo os humanos.
Com o apoio da CISE-Consultoria Inteligente em Serviços Ecossistêmicos e financiamento da Bayer, empresa que se dedica a projetos conceituais para Jardim funcionais, da UNESP, FEENA, Fundação Florestal, Governo do Estado de São Paulo, Prefeitura Municipal de Rio Claro, Bayer, Plante Fácil, Marcilio de Aveiro, Marco Rosa, e outros colaboradores, o Jardim da Baronesa de Piracicaba e Jardim funcional para as Abelhas da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade – FEENA teve seu processo de revitalização em dezembro de 2019 e será inaugurado nesta segunda-feira (16).
No processo de revitalização, foi preservado ao máximo as características do desenho original. Após revitalizado, o jardim será utilizado como um espaço de educação ambiental, além de conter elementos de um jardim funcional para as Abelhas, também terá um memorial a céu aberto sobre o histórico da Baronesa de Piracicaba e sua família. O Jardim será coordenado pelo Prof. Dr. Osmar Malaspina, da UNESP, Rodrigo Campanha, gestor da FEENA, e colaboração e apoio da empresa CISE.
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