Uma emissora de televisão na Cidade Azul era a Grande Novidade. Afinal, lá no início dos anos 1990 e, muito distante da realidade da geração Y, ter uma câmera de vídeo era artigo de luxo. Os registros em fitas VHS eram colecionados pelas famílias e aparecer na televisão sinônimo de fama e ostentação. Foi exatamente nesse período que Silvana Oliveira assumiu postou à frente das câmeras e assinou seu nome na História da Mídia Rio-Clarense. Com o programa In Foco, por um período aproximado de 15 anos, realizou a cobertura de eventos, festas e shows, entrevistando personalidades, artistas e figuras expressivas de Rio Claro.
Nos anos 1990, muita gente esperava ansiosa para assistir às coberturas do In Foco, principalmente, a dos clubes, não é mesmo? “Isso é verdade! Talvez por entrevistar artistas com muita simplicidade, na linguagem do telespectador e do fã, a conversa ficava leve e até divertida! Eu fazia o programa para aqueles que não podiam ir ao show e ao teatro e também, claro, para aqueles que estiveram no local e queriam rever os momentos agradáveis. Atribuo o reconhecimento por ter sido sempre verdadeira e simples! Nunca fui ‘deslumbrada’, pois, para mim, sempre foi um trabalho como outro qualquer!”
Atualmente, o In Foco teria mesma recepção? “Talvez hoje, tivesse a mesma repercussão, porém, em uma linguagem diferente, afinal, estamos na Era da Internet e tudo que queremos saber está no celular! Em 1994, quando estreei o Programa In Foco, pioneiro na cidade em mídia televisiva, a intenção era mostrar como a sociedade rio-clarense se divertia em clubes, shows, jantares etc. Não sei como seria hoje, porém foi muito divertido fazer e alcançar o reconhecimento das pessoas, uma inexplicável sensação!”
E na sociedade rio-clarense muita coisa mudou? “Sim! Talvez seja mesmo pela tal Era da Internet que criou espaços como as redes sociais, onde as pessoas se conhecem, namoram, terminam relacionamentos sem se olharem nos olhos! Sem terem sentido o friozinho na barriga provocado por uma paquera! [risos] Acho que a turma de hoje nem sabe o que significa essa palavra! A maioria da nova geração cresceu em um mundo capitalista, onde se tem que Ter e não Ser! Sem generalizar, por favor! Na parte de eventos sinto muita falta de espetáculos teatrais como os dos anos 1980 e1990, apesar do Sesi trazer com uma certa frequência shows de alto nível. Recordo que o Centro Cultural e os próprios clubes eram o palco da cultura em Rio Claro! Até Carnaval não tem mais! Quanta cobertura! Não sabia em qual ir primeiro!
Depois de tanto tempo conversando com pessoas, alguma entrevista deve ter ficado marcada na memória, qual? “Todas as entrevistas em que o entrevistado era receptivo e generoso foram ótimas, não precisava nem de perguntas, pois fluía um papo de infância. Mas posso citar Moacir Franco, Ney Matogrosso, Sidney Magal – fala mais que eu – entre tantos! Já os comediantes sempre foram os meus prediletos: Ari Toledo, Rogério Cardoso e a irreverente Dercy Gonçalves me mataram de rir.
E por falar em momentos descontraídos, algum em particular pode ser destacado como inusitado? “Meu câmera que sempre citava essa passagem, foi tão natural para mim que nem percebi. Belchior esteve em Rio Claro para um show, muitos fãs – eu era fã – sabem que o cantor sempre usou os cabelos meio, digamos, despenteados. Era uma marca dele! Porém, na hora de começar a gravar, como fazia com todos, sugeri que desse uma arrumadinha na fachada: ‘Quer dar uma arrumadinha no cabelo?’ Ele ficou olhando e só vi aquele bigodão se movimentar dizendo: ‘Está bom assim!’ Ah, mas estava demais! Isso foi logo depois do soninho do almoço e estava muito amassado! O câmera disse que foi muito mico, porém continuo dizendo que estava desgrenhado demais!
Com muita história para contar, Silvana esteve no ar por mais de vinte anos e somente com o In Foco foram quinze com o programa veiculado pela TV Bandeirantes, TV Claret e TV Rio Claro. A entrevistada registrou passagens também pelo jornal impresso e pelo rádio, este, talvez, a sua maior paixão. “A interatividade que o rádio me proporcionou com o ouvinte foi mágico e apaixonante. A tevê era legal assim como o jornal, porque as pessoas já me reconheciam na rua, mas o rádio…Ouvintes indo até a emissora e conversando comigo em tempo real, isso não tem igual!”
Longe da imprensa, Silvana não descarta a possibilidade de retornar. “Para quem gosta de movimento e um dedo de prosa fica um pouco complicado estar longe porque sou ligada no 220volts! Gostaria de voltar a trabalhar, mas sou avó de quatro netinhos, para os quais dedico o meu tempo; talvez nos bastidores, na produção, passando algumas dicas para novas apresentadoras!”
O que falta para a imprensa e o colunismo local? “Diferencial!”
CARA A CARA
RIO CLARO: Cidade em que casei, tive filhos e netos
COLUNISMO: O espaço é de todos
INESQUECÍVEL: A carinha de cada neto quando nasceu
ESQUECER: As mágoas
SAUDADES: Da minha amiga-irmã “Maria Zezé”
EXPECTATIVA: Um mundo bacana para os meus netos
UM LUGAR: Meu quarto
UM MOMENTO: Deitada em um colchonete no quintal olhando as estrelas! Vocês já viram quantacoisa corre no céu de um lado pra outro?
UM ÍDOLO: Xiii… Robertão, Alcione, Elymar [risos] Gosto muito dos ensinamentos de Chico Xavier
UM SONHO POSSÍVEL: Voltar a fazer rádio, acho que ainda seja possível!
UM SONHO IMPOSSÍVEL: Se a gente sonhar mesmo, acho que nada seja impossível!
UMA FRASE: “Você não pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas você pode começar agora e fazer um novo fim.” (Chico Xavier)
UMA COMIDA: Casquinha de Siri da minha “para sempre cunhada Se”!
UMA BEBIDA: Não bebo, mas degustar um cálice de vinho vai bem!
UMA PALAVRA QUE A DEFINA: Simplicidade
PINGA FOGO
MUDARIA DE CALÇADA AO CRUZAR COM: Enfrentaria…
MAL MAIOR: Drogas
NÃO MERECE O MEU RESPEITO: Pessoas arrogantes
A POLÍTICA É: Desnecessária
NÃO SIMPATIZO, MAS RESPEITO: O respeito sempre em primeiro lugar, mesmo sem simpatizar
NÃO RESPEITO, MAS SIMPATIZO: Se simpatizar então, tem o meu maior respeito
REC – Por Vivian Guilherme