Bastante comum conversar com alguém e ouvir uma palavra que faz doer nossos ouvidos. “Menas” talvez seja a mais famosa. Via de regra, quem agride a nossa língua são as pessoas mais desprovidas de educação formal. Pouco frequentaram os bancos escolares e, por inferência, fazem parte de famílias com as mesmas características.
“Nóis pega o peixe” foi um termo usado para discutir a relação da sociedade com o uso formal da língua. Afirmavam que o importante era a capacidade de comunicação entre as pessoas e que a cobrança para que todos façam uso absolutamente correto da língua é apenas um instrumento de segregação social. Uma questão importante para os acadêmicos da linguística (e outras áreas), acabou extrapolando, com o claro intuito de mascarar nosso fracasso. Serviu ao menos para colocar o assunto na boca do povo. Segundo pesquisas, a insatisfação com a qualidade do ensino vem aumentando, apesar da relativa estabilidade dos resultados alcançados.
Após atingirmos a quase universalização do acesso ao ensino, a prioridade deveria ter sido a qualidade no atendimento básico, desde a creche. Mas não foi o que vimos. Muitas universidades foram criadas e parte importante do orçamento foi comprometida com o final da linha. Muito se gasta nessa área com incompetência, não apenas com erro no foco. Tanto é assim, que investimos por aluno feito país rico. No entanto, dos que frequentam o ensino básico, somente 20% chegam ao ensino superior. E a depender do curso, a menor parte pega o diploma.
Ainda desprezamos a relevância do ensino técnico e pouco fazemos para incorporar esta importante alternativa no rol de opções de formação profissional. Sobram diplomados em faculdades nas filas de desempregados ou trabalhando de forma precária em áreas fora da sua formação e faltam profissionais técnicos em muitas outras áreas. A Revolução Industrial trouxe maior produtividade com máquinas que vieram ajudar nas tarefas humanas. Depois vieram a robotização, a automação e a inteligência artificial, substituindo as tarefas humanas. Amanhã, muitos empregos não serão mais os mesmos ou nem existirão, caindo a importância de perguntar às crianças o que vão querer ser.
Temos vários bons exemplos de boas práticas na área da educação Brasil afora. Cabe ao Ministério da Educação compilar essas experiências e multiplicá-las de forma consistente. Ocorre que não é possível afirmar com segurança que o atual ocupante da cadeira máxima da área saiba o que está acontecendo. E ao criticá-lo, é comum receber em troca perguntas famosas, carimbadas e autoexplicativas: “E o PT?!? E o Haddad, que ficou anos lá e só fez porcaria?!? E o KitGay?!?”. Temos aí o roto falando do rasgado.
A última do atual ministro (depois de tantos outros vexames) foi escrever em rede social a palavra que dá título a este artigo. Eu não ficaria impressionado, muito menos “imprecionado”, caso visse este personagem da educação escrever perguntando às crianças brasileiras: “O que você quer ser quando cresser?”