O Brasil está fora da Copa do Mundo. A equipe brasileira perdeu para a Croácia, na disputa de pênaltis, por 4×2, após empate em 0x0, no tempo normal e de 1×1, na prorrogação, em partida disputada na tarde de ontem, no estádio da Cidade da Educação, em All Ryyan, no Qatar, válida pela fase quartas de final da competição.
Um futebol sofrível, sem nenhuma inspiração da seleção brasileira, que teve muitas dificuldades para encaixar a marcação sobre o adversário nos primeiros 45 minutos, e que melhorou um pouco no segundo tempo, tão somente.
As poucas chances criadas pelo ataque brasileiro, parou nas boas intervenções do goleiro Livakovic da Croácia, que viria a se consagrar na disputa de pênaltis, defendendo a cobrança de Rodrygo, e sendo beneficiado pela sorte, quando o pênalti batido pelo zagueiro Marquinhos encontrou a trave.
Com bola rolando, o Brasil marcou mais presença no ataque, durante a prorrogação, e foi até melhor que a Croácia, em certos momentos. A seleção brasileira chegou a estar em vantagem no placar, quando no minuto final da primeira etapa do tempo extra, Lucas Paquetá serviu Neymar em ótimas condições dentro da área, o camisa 10 do Brasil, com categoria, limpou o goleiro e atirou forte, alto, para o gol, colocando o Brasil à frente da contagem e perto da classificação.
Faltando 3 minutos para o término da prorrogação, a Croácia roubou a bola no seu campo de defesa, ligou rápido o contra-ataque e, um cruzamento vindo da esquerda encontrou Petkovic na marca do pênalti, livre de marcação para chutar rasteiro e vencer o goleiro Alisson, que ainda foi traído pelo desvio involuntário do zagueiro Marquinhos no lance.
Veio então a cobrança de pênaltis e o Brasil começou a reviver um drama que já dura 20 anos, sem conquista de títulos mundiais. A Croácia foi mais eficiente e converteu em gol todas as cobranças. O Brasil, não. Acertou com Casemiro e Pedro. Mas errou com Rodrigo e Marquinhos.
Não foi dessa vez que o Hexa veio. Croácia classificada, Brasil eliminado. A desclassificação marca também o fim da era Tite no comando técnico da seleção brasileira. Verdade é que sob sua orientação técnica e tática a seleção brasileira nos últimos seis anos, viveu apenas lampejos do seu melhor futebol. Enfrentou na maioria das vezes adversários sulamericanos e todas as vezes que enfrentou seleções europeias encontrou dificuldades, ainda que a maioria absoluta dos jogadores convocados por Tite atuem no futebol da Europa. Foi assim, em 2018, quando acabou eliminado pela Bélgica na mesma fase quartas de final e agora, contra a Croácia, dois adversários qualificados, mas longe de estarem no seleto rol que reúne as seleções mais vitoriosas do mundo. Qual o futuro da seleção brasileira? O tempo dirá.
E por falar em Copa…
Falando sério: Nunca ganhamos uma Copa do Mundo quando dependemos da capacidade de nossos treinadores. Todas as cinco vezes que ganhamos, foi porque tínhamos jogadores extra série, que faziam a diferença e resolviam o problema dentro de campo. Não temos mais jogadores extra série. E dificilmente voltaremos a ganhar Copa do Mundo.
Seleção é a reunião dos melhores. Mas acontece que atualmente – e já vem de tempos – os objetivos maiores da CBF, que é uma entidade privada e não pública, são bem outros, nada a ver com reunir os melhores e conquistar títulos, como já fora um dia. O negócio é ganhar dinheiro. E mais, ainda que esses sejam os nossos melhores jogadores, salvo raras exceções, nossas chances de ganhar a Copa, seriam como de fato se confirmaram, bem diminutas.
Tite não foi ingrato, foi coerente. Virtude que não basta para ser bem sucedido no campo esportivo. Deixou o goleiro Cássio, do Corinthians, de fora, e daí? Quantas vezes ele convocou o Cássio para a seleção sob seu comando? Nenhuma. Alisson não é grande pegador de pênaltis, todos sabem. Mas foi titular nos 6 anos de Tite à frente da seleção.
Com a derrota, velhos questionamentos voltam à pauta: convocar apenas jogadores que jogam no futebol brasileiro, é um deles. Talvez um ou outro melhorzinho, que atue fora do país? Pode ser? Pode. Resolve? Não sei.
Alguém me responda: O que fazia o atacante Anthony jogando na lateral direita no segundo tempo da prorrogação, se o Alex Sandro havia entrado no lugar do Militão, e o Danilo, lateral direito de ofício estava em campo. O lançamento que originou o gol da Croácia foi feito justamente naquele espaço vazio, de nossa defesa, onde deveria estar o Danilo. Ou eu estou ficando louco e o Tite, de fato, é um gênio?
E por falar em Copa… Vou distrair a cabeça, e pegar um livro do Ruy Castro pra ler.
Por Geraldo Costa Jr. / Foto: Hannah Mckay