O prefeito Gustavo Perissinotto esteve na redação do Diário do Rio Claro na última quarta-feira (17), quando foi recepcionado pelas jornalistas Janaina Moro e Vivian Guilherme. Na ocasião, Perissinotto fez uma avaliação de seus primeiros 100 dias de governo e comentou as ações realizadas e projetos.
Segundo o prefeito, a primeira coisa que foi realizada assim que assumiu foi um diagnóstico da Prefeitura, um Raio-X para entender o aspecto financeiro. “Fizemos um estudo, que apontou um déficit estimado em cerca de 1 bilhão de reais, planilhamos tudo isso, por fonte de receita e despesa. Identificamos que temos R$150 milhões de precatórios, em dívida consolidada, que deve ser pago neste ano; e mais R$150 milhões, que entram neste ano, a serem pagos no próximo ano. Só com precatórios, portanto, são R$300 milhões, não em números redondos, mas aproximados”, explica.
Outros R$300 milhões são relativos a dívidas com o Instituto de Previdência do município (IPRC), responsável pelo pagamento da aposentadoria de servidores municipais, já que, a Prefeitura não recolhe para o INSS, mas, sim, para uma instituição própria. “Nos últimos quatro anos nem um centavo foi pago da cota patronal, o que incrementou muito uma dívida que já existia. Se continuarmos nesse modelo de gestão, sem realizar os pagamentos, corre o risco do sistema colapsar, segundo projeções do superintendente do instituto”, avalia o prefeito, que diz que uma das ações propostas é uma mini reforma administrativa.
Além disso, Gustavo soma à conta a dívida histórica e consolidada com o Tesouro Nacional, no montante de R$245 milhões. “É uma dívida que inclusive foi matéria no jornal Estadão, uma dívida histórica, que não é da administração passada, aliás, os precatórios também não são da administração passada; mas a dívida com o IPRC aumentou muito na última administração.”
Outro ponto é sobre a peça orçamentária para 2021. “Superestimaram a receita e subestimaram as despesas. Em tempo de pandemia, como projetar uma receita 20% maior? Por isso, já temos uma perspectiva de déficit para este ano”, avaliou. Apesar do diagnóstico financeiro negativo, Perissinotto diz que foi possível atender a todas as metas estipuladas para as secretarias para os primeiros 100 dias.
QUESTÕES HISTÓRICAS
O prefeito destacou também que o objetivo com os trabalhos que são realizados é que sejam duradouros e até definitivos. “Há questões históricas que já realizamos nesses 100 dias”. Entre as obras, mencionou as valetas de escoamento de água, que eram uma reclamação antiga da população. “Nós queremos estabelecer uma marca no futuro de 30 anos em quatro. Não é uma questão histórica a das valetas? Não é uma questão histórica de que tapa o buraco e depois de três dias abre o buraco? Trouxemos a experiência de fazer o recorte, escavar e tapar o buraco para que o asfalto fique, através do método da massa quente. Temos feito como nas rodovias. Vai ter uma margem de erro, mas não de 100%. Como regra, ao final dos quatro anos, queremos entregar a cidade recapeada, tapar os buracos.”
Outra questão que foi estabelecida nos 100 dias, diz respeito a áreas públicas. “Montamos uma comissão, que está avaliando as áreas; queremos, neste ano ainda, colocar em leilão diversas áreas, que são áreas em locais nobres da cidade. São áreas perdidas, para sanar dívidas e para realizar investimentos, até porque a lei de responsabilidade ela não permite que se use esse dinheiro para qualquer coisa. Não podemos descapitalizar um bem, como um patrimônio imobiliário, e usar para qualquer coisa. É possível utilizar para amortizar dívidas com a previdência e investir em bens de capitais, como infraestrutura, asfaltamento de um bairro, um recapeamento, ou seja, em obras de investimento.”
SAÚDE
Segundo o Prefeito, ainda que em tempo de pandemia e passando por uma segunda onda, muitas ações puderam ser realizadas nesses 100 dias. “Em relação a saúde, nós avançamos muito. Nós começamos a implantar uma promessa de campanha que era o PAR da Saúde, o Programa de Atendimento Rápido, já se iniciou nesses 100 dias, que é a abertura dos postos de saúde, abrimos e reduzimos em 30% o tempo de espera e em 25% o fluxo de pessoas nas UPAs. Então o PAR, que ia começar até o final do primeiro semestre, nós antecipamos, já abrimos todos os postos, ainda não é como a gente quer, queremos ampliar o tempo de atendimento, esperamos fazer isso neste semestre, inicialmente, até as 19 horas em parceria com a Faculdade Claretiano”, ressaltou.
Um grande desafio no auge da pandemia foi manter o número de médicos para atendimento dos pacientes, sendo que, muitos acabaram indo para o setor privado. “Chegamos a operar com dois, três médicos, que são verdadeiros heróis”, disse ao destacar também que conseguiram contratar mais profissionais. “Dobramos a quantidade de médicos, hoje temos um número acima até das nossas necessidades, tanto na UPA da 29, quanto no Cervezão. Tanto na linha de frente, quanto quem está na retaguarda. Aumentamos mais leitos, no Covidário baixamos para 60% a ocupação nessa semana. Quando adotamos as medidas mais restritivas eram 125%, o que significava que tinha gente em local não apropriado. Eram atendidos, mas fora dos leitos credenciados”, observou.
No setor de segurança, mencionou o projeto Guarda Civil Comunitária. “Pensamos em dividir a cidade em seis setores e deixar o guarda fixado lá, para que seja seu amigo, para que conheça a realidade, quem circula por ali, para a gente tentar dar mais segurança”, observou. Na educação destacou a volta às aulas. “Retomamos as aulas, não de maneira presencial, mas as aulas voltaram.”
SECRETARIAS
Por fim, salientou o empenho da equipe de governo e disse ter avaliado o desempenho de todos, como prometido no início do mandato. “Tivemos uma série de ações e ressalto o comprometimento da equipe. No momento, todos vão ficar, pois estou bastante surpreendido e feliz com a equipe que formamos, mesmo com tantas dificuldades. Quero destacar que 70% do secretariado não tem filiação partidária, e se tem filiação, são de partidos não coligados. É uma circunstância que mostra que formamos uma equipe técnica”, concluiu.
Por Janaina Moro/Vivian Guilherme / Foto: Diário do Rio Claro