Nessa semana, foi divulgado um estudo do risco de rompimento de barragem de mina em Barão de Cocais – MG, que constava a previsão até o final do mês para a tragédia. Uma recomendação do Ministério Público de Minas Gerais foi expedida para que a Vale informasse a população dos reais riscos relacionados à ruptura da barragem de rejeitos de mina de Gongo Soco.
De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), o rompimento do talude norte – estrutura que forma a parede da cava da mina – poderia acontecer a qualquer momento. E previa da data entre segunda-feira (20) e sábado (25).
Em entrevista ao Diário do Rio Claro, o geólogo Fábio Augusto Gomes Vieira Reis, professor do departamento de geologia aplicada do IGCE – Unesp Rio Claro, na tarde desse sábado (25) considerou estranha a situação da barragem em Barão de Cocais.
“A possibilidade apontada foi de 7 a 10% de risco no talude da cava de extração e não na barragem, porém, rompendo de forma brusca pode causar uma vibração no terreno e acreditam que pode gerar problema na barragem, que está a 1,5 quilômetro para baixo. Mas a barragem deveria aguentar. Isso é estranho”, avaliou.
Segundo o geólogo, as barragens deveriam ser projetadas para superar qualquer problema que ocorra no entorno.
O professor aponta outro problema. “Depois de Brumadinho, estão tomando medidas, obras de contenção em relação às seguranças de barragens.
Porém, o caso de Barão de Cocais demonstra que houve erro grande de governança das empresas. Tantas barragens estarem assim demonstra que estão vulneráveis. Espero que estejam revendo todo esse processo de gestão de suas barragens”, alertou.
Outro apontamento do professor é quanto ao poder público, que deveria pressionar, fiscalizar e cobrar das empresas de forma rápida. “O que avaliamos é a inércia do governo federal em casos sérios como esse, como Brumadinho.
Não vemos atuação, ou é muito inócua. A população de Minas não pode ficar à mercê. A Vale não pagou nenhuma multa até agora. Ministro do Meio Ambiente precisa ter atitude séria com as grandes corporações, isso precisa ser cobrado”, disse.