O momento não é bom para o produtor rural que vai ter que esperar um longo período novamente para boas colheitas. O frio intenso e a geada trouxeram prejuízos para quem depende da plantação. Algo que não era presenciado de forma tão grande. “Trabalho há bastante tempo com plantação de tomate e nunca vi nada parecido nos últimos 15 anos”, declarou ao Diário do Rio Claro a produtora rural Roseli Schiavi Franco Pereira, que contabilizou grande perda na plantação de tomates, berinjela, jiló e quiabo que também acabaram com o frio. “Os pés morreram, os tomates verdes que ficaram, menos de 20% da produção a gente aproveita, é o que fica do lado de dentro do pé, agora o que fica do lado de fora, foi congelado, chega a madurar mas fica mole por dentro, então perde bastante. Em 15 dias no máximo a gente tem que cortar o pé. É bem complicado, a gente perde bastante com isso”, lamentou.
Agora é esperar o tempo de longos seis meses para uma nova colheita. “Do começo do plantio até terminar a roça leva uns 180 dias”, afirmou Roseli, ela que vende na feira do produtor rural e ressalta que há um ano manteve o preço do quilo do tomate em R$5, caso contrário teria perdido vendas.
A Presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais de Rio Claro Andreza Marra Abelar ressalta que a situação é bem complicada e que vai impactar daqui para frente. “Muitas perdas na produção agrícola. O que vai refletir a partir de hoje pra daqui algumas semanas e até quase um ano, como a produção de banana que demora a recuperar de uma geada tão forte e vai ser difícil, já que estamos em tempos de pandemia e tudo encarece”, avaliou.
O cenário pode afetar também a entrega de produtos nas escolas. “Fornecemos para a merenda, hoje com a entrega dos kits de cesta verde e não sei como serão as próximas semanas. Talvez não consigamos fornecer devido às perdas dos agricultores. Para segunda-feira conseguiremos entregar, mas para as próximas já não sabemos”, afirmou a presidente da cooperativa.
As cestas verdes que são entregues para os alunos da rede municipal de Rio Claro são compostas por banana, laranja, tomate, legumes. “A parte de folhas não entra na cesta verde, mas se tiver programação para volta às aulas para o segundo semestre. Também será bem difícil”.
A única saída para os produtores é esperar a melhora nas condições climáticas e começar o plantio novamente. “Sim, mas isso leva um certo tempo, como a alface que são uns 30 dias, legumes e tomate uns 90 dias e banana se chover bastante lá pra janeiro. Faz muito tempo que não via uma geada assim”, lamentou Andreza
Fábio de Salles Meirelles
O Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) Fábio de Salles Meirelles, relata ter sido feito levantamento, por meio da rede de sindicatos rurais filiados, sobre as perdas provocadas pelas geadas ocorridas em 19 e 20 de julho. “Foram dois dias de frio intenso e abrangente, que provocou danos em várias cadeias produtivas, especialmente na cafeicultura, cana-de-açúcar, milho e pastagens. Prejuízos foram reportados também nos pomares de citros, cultivos de trigo, mandioca, frutas e hortaliças”, informa
CESTA VERDE
“Fornecemos para a merenda, hoje com a entrega dos kits de cesta verde e não sei como serão as próximas semanas. Talvez não consigamos fornecer devido as perdas dos agricultores. Para segunda feira conseguiremos entregar, mas para as próximas já não sabemos”, afirmou a Presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais de Rio Claro.
Por Janaina Moro / Foto: Divulgação