O jornalista esportivo Nick Wright, em artigo publicado no jornal inglês The Times, aponta algumas diferenças sobre o que se aplica em Espanha e na Inglaterra, o que para ele explicaria a aula de futebol que a Espanha aplicou na final da Eurocopa 2024.
Segundo o colunista do The Times, hoje, a grande diferença entre os dois estilos de jogo é a “identidade” que sobra na Espanha e não existe na Inglaterra.
Nick conta que “em abril do ano passado, uma estadia de uma semana em Mallorca proporcionou a oportunidade de participar da Mallorca Cup, um torneio de futebol juvenil envolvendo times de elite da academia”.
“Em dois campos artificiais no canto norte da ilha, equipes de várias faixas etárias de dezenas de clubes espanhóis, incluindo Barcelona, Real Madrid e Sevilla, competiram em eliminatórias, aplaudidas por amigos e familiares que viajaram com elas”.
O que mais lhe chamou a atenção foi o alto padrão em alguns casos, mostrando o nível de talento que àquela altura estava sendo produzido naquele país.
Nick se impressionou, de acordo com sua narrativa, com o estilo que se disputavam as partidas. Segundo ele, era dificílimo lembrar de um goleiro saindo dos padrões clássicos e se arriscando sair fora da área com a bola nos pés.
E essa experiência, saltou-lhe à mente ao ver a “seleção principal da Espanha, formada por jogadores que já competiram em torneios semelhantes (não muito tempo atrás, no caso de Lamine Yamal, de 17 anos), desmantelar a Inglaterra na final do Campeonato Europeu”.
Para o colunista inglês, o placar da final da Euro 2024 não refletiu o que, realmente foi o jogo.
“E enquanto os pontas Lamine Yamal e Nico Williams deram à Espanha uma nova dimensão emocionante, essa exibição trazia marcas antigas. Com 65 por cento da posse de bola, eles passaram a Inglaterra para a submissão”, escreveu Nick.
“É o jeito espanhol. Ou pelo menos tem sido desde que a federação nacional reformulou o programa de desenvolvimento juvenil do país na década de 1990 como parte de um plano para nutrir o estilo de jogo altamente técnico e baseado na posse de bola que veio a identificá-los”, completou.
Quando se convive com o futebol, sabe-se que a imprensa esportiva, sempre, em qualquer ocasião busca explicações para a derrota.
Mas, neste caso do jornalista inglês, é difícil não dar-lhe razão, pois, realmente, o trabalho feito na Espanha, já vem surtindo efeito, basta ver os últimos resultados da “Fúria” nos últimos torneios disputados. Não, por acaso, o técnico da seleção principal, hoje, é oriundo das divisões de base da Espanha.
E é difícil imaginar que essa supremacia espanhola no futebol europeu, venha ser suplantada em um espaço curto de tempo.
Por Eduardo Sócrates Bergamaschi / Foto: The Times