Rio Claro é reconhecida como uma das cidades onde a utilização de bicicletas como veículo de transporte ganha maior destaque.
Ajuda, e muito, a superfície plana que marca o município. Segundo a equipe técnica da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Sistema Viário da cidade, são milhares de ciclistas diariamente, sendo a trabalho ou lazer. Entretanto, do mesmo modo que cresce o número de bicicletas no município, as reclamações de furtos também aumentam.
O Diário do Rio Claro entrevistou ciclistas e comerciantes, frequentadores das praças Otoniel Marcos Teixeira e Quinze de Novembro, que formam nosso tradicional Jardim Público. Segundo eles, muitos furtos acontecem no dia a dia naquele espaço e os ladrões utilizam normalmente alicates específicos, de acordo com a grossura e material da corrente que travam os veículos.
O estudante da Unesp, Matheus Rossi, de 23 anos, sempre comparece a uma agência bancária em frente à praça para buscar sua bolsa universitária. Ele disse que prefere levar a bicicleta e deixar em um poste na frente do banco, ao contrário de utilizar o bicicletário, que é próprio para isso, mas que aumenta a chance do furto.
O aposentado de 68 anos, Aguinelino Gilson de Oliveira, teve sua bicicleta furtada defronte a uma quitanda, no Centro. Ele culpa a si mesmo pelo ocorrido por não ter acorrentado a bicicleta. Após o fato, Aguinelino comprou outra bicicleta e relata que nunca mais deixou de prendê-la devidamente. Já o venezuelano Miguel de Garte, que trabalha como cozinheiro e está há meses na cidade, disse que nesse tempo nada aconteceu com sua bicicleta. “Sempre que venho trabalhar deixo minha bicicleta aqui, prendo bem com a corrente e não tenho medo”.
Um comerciante do Centro, que preferiu não se identificar, disse que colocou uma placa de papelão escrito à mão em um dos bicicletários da praça central avisando os ciclistas para tomarem cuidado com os furtos. Ele disse também que sempre que pode alerta os seus clientes para tomarem cuidado com suas bicicletas e afirma: “a maioria das pessoas não faz boletim de ocorrência sobre furto de bicicletas, isso é errado, porque se a polícia não sabe, não tem como fazer seu trabalho”.
Polícia Civil
Segundo um levantamento da Polícia Civil de Rio Claro, os furtos de bicicletas entram nos registros de furtos simples, como o de celulares e carteiras. Em média, são registrados 300 boletins de furtos simples por mês, equivalente a dez por dia, mas poucos desses são de bicicletas, consequência da falta de costume das vítimas com esse tipo de registro.
Travar corretamente
O Diário do Rio Claro procurou uma loja especializada em bicicletas, localizada na Rua 9, área central, para colher informações referentes ao melhor tipo de trava a ser adotada pelos usuários. Segundo Eliseu Nunes, funcionário do estabelecimento, a trava mais resistente chama-se “U-lock”. A trava de aço em formato de U é ideal para prender a roda por dentro do quadro (principal componente da bicicleta) junto a um objeto fixo, como um poste, uma grade ou os próprios bicicletários. Se possível, prender também com um cabo de aço, dificultando ainda mais a ação dos meliantes.
“Essa trava é muito usada fora do país, só é possível cortá-la com uma ‘Makita’”, relata Eliseu. Outra proteção apontada como potente é a “Mega Trava”, que é extremamente grossa, pois é feita para motocicletas e custa em torno de 70 reais. “Quando o ladrão vê uma trava dessas, ele percebe o trabalho que vai ter para quebrá-la e pode até desistir de roubar”, afirma o funcionário. A trava mais barata encontrada é do tipo “Paco”, que custa em torno de dez reais, mas sua espessura fina facilita a ação dos bandidos.
Existe também uma trava de espessura média, da marca “Steel Max”, que tem boa aceitação por por parte dos clientes e custa em torno de 30 reais. Segundo autoridades, um dos erros mais comuns cometidos pelos ciclistas é prender a bike apenas com um cabo de aço, pois com alicates específicos é possível cortar de forma rápida.
Prender somente a roda da bicicleta ao objeto fixo também é um erro, pois os ladrões têm abandonado a roda e levado o restante da bicicleta. “É muito importante prender a roda traseira ou dianteira junto do quadro, pois assim a roda fica imóvel e não é possível sair rodando a bicicleta no chão”, disse Daniel Apolinário de Souza, empresário do ramo há 30 anos.
Bike roubada
Conforme afirma o secretário municipal de segurança, Marco Antonio Melli Bellagamba, a primeira atitude a ser tomada diante de um furto de bicicleta é acionar a Polícia Militar (190) e a Guarda Civil Municipal (153), notificando-os do crime. Na sequência, deve ser registrado o boletim de ocorrência, que pode ser feito online no site da Secretaria de Segurança Pública, caso não tenha ocorrido agressão física, danificação do veículo, furto dentro de residência ou caso não haja carga no veículo. Nesses casos, o boletim precisa ser registrado pessoalmente na delegacia de roubos e furtos.
Ainda segundo o secretário, durante o registro do B.O. a vítima passa informações como a descrição do incidente, as características da bike, a nota fiscal do veículo e, principalmente, o número de série (“chassi”), que costuma ficar gravado em baixo do eixo dos pedais ou na própria nota fiscal. Uma dica é tirar foto desses números para, em caso de roubo, tê-los facilmente em mãos. A execução do B.O., além de servir para a própria polícia identificar bicicletas roubadas e devolvê-las aos donos, possibilita que ela tome ações estratégicas de segurança e permite ao comprador consultar se a bicicleta usada que ele pretende adquirir não é produto de furto.
“Nesse caso, existe muito o que chamamos de sub notificação, que é o acontecimento do crime sem o respectivo registro e isso prejudica muito a prevenção, uma vez que não conseguimos direcionar o policiamento para as áreas onde os marginais estão agindo”, explica Bellagamba. Segundo ele, a secretaria e a Polícia Militar estão sempre estudando a movimentação do crime para que, com o respectivo policiamento, possam inibir a prática desse delito.
Por Ana Carolina Mariano