Ao Diário do Rio Claro e por meio de nota solicitada, a Fundação Casa confirmou o encerramento da parceria com a União dos Amigos de Rio Claro (UDAM) que prestava serviço na instituição aos adolescentes desde 2004. “A parceria entre a Fundação CASA e a Udam será encerrada. A Fundação CASA está dinamizando o uso de seus recursos financeiros e humanos, o que inclui o término da parceria com a organização social na gestão do CASA Escola Rio Claro, que continuará em funcionamento. Entre os motivos estão o dever constitucional do uso eficiente do recurso público e a queda geral do atendimento no Estado – em 27 de dezembro de 2018, por exemplo, eram 7.625 adolescentes em atendimento e hoje (20/07/2021) são 5.193 atendidos em todo o Estado”, comunicou.
Segundo a Fundação Casa, o atendimento aos adolescentes será mantido com a mesma qualidade e nos mesmos moldes, conforme preveem as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e o Regimento Interno da Fundação CASA, todas sempre colocadas em prática, mesmo na gestão compartilhada com a Udam.
De acordo com as informações encaminhadas, o atendimento não sofrerá modificação. “Uma vez que as atividades hoje executadas por profissionais contratados pela Udam passarão a ser realizadas por servidores transferidos da Fundação CASA, que escolheram trabalhar no centro socioeducativo localizado na cidade de Rio Claro. Os jovens continuarão com atividades pedagógicas (escolar, educação física e esporte, arte e cultura e qualificação profissional básica), atendimento psicossocial, alimentação, segurança e todos os outros serviços previstos na execução da medida socioeducativa, dentro de uma agenda pedagógica diária.”
A CASA Escola Rio Claro oferece 56 vagas e está com 51 adolescentes (sexo masculino) em atendimento socioeducativo. “A Fundação tem corpo funcional qualificado para aplicar a medida socioeducativa nos adolescentes hoje em atendimento no CASA Escola Rio Claro. Trata-se do encerramento da parceria, que impacta em o centro socioeducativo ter gestão plena (apenas com servidores da Fundação CASA no atendimento direto ao adolescente) e não mais gestão compartilhada (que tinha a direção do CASA e a área da segurança executados por servidores da Fundação CASA e todas as outras áreas de atendimento, como pedagógico, psicossocial e saúde, com profissionais contratados pela Udam). Cumpre ressaltar que a Fundação está reassumindo a gestão de todos os centros em que era compartilhada, pois tem funcionários e isso implica em grande economia aos cofres públicos.
UDAM
O fim da parceria já havia sido relatado pelo vice-presidente da UDAM Adriano Marchi que tentou de várias formas abrir diálogo para que o trabalho continuasse sendo realizado no local. “Somente para frisar o impacto nas 23 cidades quanto à população, é de mais de 4.000.000 de habitantes e 1000 funcionários para suprir o quadro que já é deficitário. Levei ao vice-governador quando esteve em Rio Claro a desestruturação das unidades da Fundação Casa e o impacto do fim das unidades compartilhadas, como é o nosso caso em Rio Claro quando a Udam deixar o local no próximo dia 31 de julho, ele não tinha noção da gravidade, tinha sido positivo, mas a gente já está numa fase de desligamento, mesmo assim estamos recorrendo até o último minuto.”
Marchi avalia impacto negativo com o encerramento, tanto para os adolescentes atendidos quanto para a sociedade. Em Rio Claro são 40 colaboradores que prestam serviços pela UDAM, na Casa Escola e serão desligados. “Trabalhamos desde 2004 com a Fundação na LA que é a Liberdade Assistida e na Internação em 2006, sempre como voluntários, a Udam e a diretoria nunca recebeu um centavo. O dinheiro que vem é para a estruturação do Centro e apoio ao Centro, da equipe, pagamento de salários e materiais. Infelizmente, estamos entregando um trabalho que deveria ser reconhecido, sempre foi, mas o governo do estado simplesmente destruiu e sucateou isso. O sucateamento de 23 unidades sem qualquer diálogo prévio vai ocorrer injustificadamente ‘Economia’. Não investem na causa e estão sucateando o efeito. Em momento trágico da humanidade, uma conduta irresponsável. Não há de se falar em economia, o imposto deve ser direcionado para equipamentos públicos que atendam com eficiência o serviço. É para isso que a sociedade se sacrifica. Diminuir secretaria, comissionados e salário de comissionados entre outras, seriam medidas econômicas responsáveis”, ressalta.
Por Janaina Moro / Foto: Divulgação