Nas festas de fim de ano, os fogos de artifício são destaque nas tradicionais queima de fogos que comemoram a virada do ano. Eles são marca registrada, pois colorem o céu da meia-noite e o barulho enche os ouvidos daqueles que festejam. Porém, nem tudo é festa. É comprovado que a queima de fogos é dolosa e fere a saúde de idosos e crianças, além dos autistas, cardíacos, e nem mesmo os animais escapam do malefício.
O Estado de São Paulo aprovou, na primeira quinzena deste ano, a Lei nº 15.366/2021, que proíbe a queima e soltura de fogos de artifício e artefatos festivos de efeito sonoro de ruídos que ultrapassem os cem decibéis a uma distância de 100 metros.
Já na cidade de Rio Claro, o poder público sancionou, em 30 de novembro, uma lei municipal que proíbe a soltura de fogos com efeitos sonoros, com aplicação de multas para quem desrespeitar a lei proposta, sendo o valor: R$ 6,14 mil (pessoas físicas) e para pessoas jurídicas, R$ 15,1 mil.
A CAUSA AUTISTA
Os autistas são extremamente afetados pelos sons dos fogos de artifício. Isso acontece de maneira negativa, pois sofrem com hipersensibilidade de visão e audição. O barulho causado pelos explosivos pode ser suficiente para causar pânico.
O DRC entrevistou a ativista da causa autista, Thaís Lopes, mãe do Miguel, um lindo menino de 11 anos, que é autista. Atuando na causa por um longo tempo, Thaís trabalhou com projetos de lei em várias cidades do Estado, para que fossem aprovadas as leis que proíbem o rojão com estampido.
Ela explica que os autistas têm uma grande questão com a parte sensorial, a audição é uma dele. “A grande maioria dos autistas tem a audição bem mais aguçada e sensível, pois seu cérebro não regula como uma pessoa neurotípica. Dessa forma, o que é festa para alguns é o terror das famílias de autistas, por desencadear crises que levam dias e até semanas pra regular. É muito triste pensar que isso gera muita dor e tristeza para os autistas que já lidam com um mundo muito hostil para eles. Temos famílias de autistas que passam a virada do ano, dentro do carro na rodovia pra sair da cidade, pela falta de respeito com o próximo! Tem paliativos como fone de ouvidos, músicas, massinha (pra ajudar a regular o sensorial), mas geralmente não surtem muito efeito”, destaca.
Segundo Thaís, ela espera que haja conscientização da população. “Aos que ainda pretendem soltar os fogos de artifício, procurem um local isolado e afastado da civilização, pois é lamentável que pessoas com hipersensibilidade, idosos e até mesmo os pets, sejam confrontados no direito constitucional da individualidade e proteção, para que poucos satisfaçam direito não protegido.”
Ela ainda questiona a moralidade de quem faz uso da queima dos fogos, trazendo uma reflexão. “Será mesmo que a sua felicidade deve prevalecer acima de tantas outras famílias? O respeito cabe em todo lugar.”
A CAUSA ANIMAL
Os animais possuem maior sensibilidade auditiva em relação ao ser humano. O barulho dos estampidos, além de causar danos físicos aos animais, como ruptura no tímpano, pode causar traumas psicológicos aos pets. Além do trauma auditivo, os animais podem sair quebrando portas de vidro ou até mesmo se enforcar em grades ao tentarem fugir.
O DRC também entrevistou Giselle Pfeifer, defensora da causa animal na cidade de Rio Claro, que antes de mais nada, pediu empatia àqueles que ainda planejam soltar rojões. “Não pensem apenas nas suas prioridades individuais, mas em uma coletividade! Peço que quem ainda pense em soltar fogos com estampido, que tenha o mínimo de empatia, pense no mal que isso acarreta aos animais e algumas pessoas também, e ache outra forma de se divertir, que não prejudique o bem estar de outros!”
Pfeifer ressalta também algumas dicas para proteger os pets dos possíveis barulhos: “É extremamente importante saber que seu animal está em local seguro, onde não poderá se machucar tentando escapar! Aqui vai um alerta especial aos tutores de cavalos! Que muitos se machucam em cercas de arame farpado tentando escapar e, quando conseguem, saem correndo nas vias públicas podendo se envolver em acidentes, que em sua maioria, acabam sendo fatais para o animal e para o humano também!”.
COMEMORAR, SEM PREJUDICAR
Em vez de comemorar com rojões, o DRC preparou uma lista com várias formas de comemorar o Ano Novo sem os fogos de artifício:
1- Faça um belo banquete;
2- Comemore com aqueles que você ama;
3- Faça e experimente drinks novos;
4- Planeje uma playlist especial;
5- Use velas.
Thais Lopes
“Será mesmo que a sua felicidade deve prevalecer acima de tantas outras famílias? O respeito cabe em todo lugar.” – Thais Lopes
Por Giovanna Rubin / Foto: Divulgação