O filme “Lugar de Ladson”, escrito e dirigido por Rogério Borges e produzido pelo Grupo Kino-Olho, foi exibido no último final de semana no Cine Brasília, na noite de encerramento do 55° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A sessão contou com casa cheia, onde estavam presentes grandes nomes do cinema nacional, além do público consolidado pelo festival, que é o mais longevo do país, com 55 anos de existência.
A obra agradou a crítica e o público, sendo ovacionada e chamando a atenção de importantes agentes cinematográficos que participavam do festival. Na noite de premiação, “Lugar de Ladson” conquistou três troféus Candangos, para as seguintes categorias: Melhor Roteiro, para Rogério Borges; Melhor Edição de Som, para Isadora Maria Torres e Léo Bortolin; e Melhor Fotografia, para Yuji Kodato.
“Estar entre os 12 selecionados do festival já era um grande sonho realizado, mas o maior feito ainda estava por vir: três premiações, algo inédito para mim e para o coletivo Kino-Olho”, comenta Rogério Borges, roteirista, diretor e montador do filme.
O roteiro foi desenvolvido pelo diretor ao longo de três anos de pesquisa com o protagonista Ladson Vinicios, que era também seu aluno de Geografia, na Escola Estadual Délcio Báccaro, localizada no bairro Inocoop. Ouvindo as histórias de vida de Ladson e estudando técnica de roteiro por anos, Borges chegou ao tratamento final do texto da obra, que precisou ser adaptado devido às restrições impostas pela pandemia.
O som do filme, captado e editado pelo duo Som de Black de Maria, composto por Isadora Maria Torres e Léo Bortolin, contou com uma metodologia específica de escuta, partindo das referências da percepção de Ladson, um adolescente cego, para a composição da paisagem sonora da obra. Elementos do bairro foram incorporados como recurso narrativo, como a presença de cavalos, os sons cotidianos da rua, da vizinhança, etc.
Já a fotografia do filme, liderada por Yuji Kodato, de Uberlândia (MG), com a assistência de Larissa Morari (Lares Lares) foi pensada em conjunto com o diretor, de modo que permitisse uma experiência sensorial de baixa visão ao espectador, utilizando filtros de distorção nas imagens, que por vezes se apresentam borradas e com baixa nitidez.
Para além da exibição e da premiação, Borges, Léo e Yuji participaram do tradicional debate com críticos, no Hotel Grand Mercure Brasília, onde puderam falar sobre a concepção artística da obra, a história do Kino-Olho e o movimento estadual do interior paulista, ICine.
Com a premiação de três áreas importantes do cinema, o filme ganha uma nova perspectiva de circulação e carreira a partir de agora: “Brasília é a maior vitrine do país para o cinema, o que acontece lá pulveriza diversos lugares e regiões. Penso que essa oportunidade abrirá ainda mais os caminhos para o filme, para o grupo Kino-Olho e também para a carreira individual de todos os profissionais envolvidos na obra.”
No próximo final de semana, Rogério Borges embarca para o Rio de Janeiro, para participar do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro – Curta Cinema 2022, com sessão marcada para a última mostra do festival, no dia 6 de dezembro, na Estação Net Botafogo. “Lugar de Ladson” segue em circulação pelo país, levando o nome da nossa cidade aos grandes palcos do cinema brasileiro.
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