Bom dia, leitora exigente e fiel leitor! Ah, como é bom estar aqui! Depois de alguns dias, no DM da vida, tratando da famigerada dengue, cá estamos de volta ao batente.
Normalmente, aqui escrevo sobre cultura e até arrisco algumas investidas literárias. Um conto despretensioso, um arroubo filosófico, como um daqueles do finado e indispensável Voltaire que, certa vez disse: “Se o homem nasceu livre, deve governar-se; se ele tem tiranos, deve destroná-los”. Mas que sujeito sensato e perspicaz o nosso bom Jean Marie Arrouet, de quem, confesso, sou discípulo e fã inveterado.
Mas, o assunto hoje é futebol, chefia. E enquanto você toma o seu cafezinho quentinho e gostoso e folheia as páginas do nosso sempre atual Diário do Rio Claro, a gente vai discorrendo algumas ideias, das quais, você, naturalmente, pode e deve discordar, se quiser.
Falo sobre a participação pífia da seleção brasileira na Copa América dos Estados Unidos. Mais um fiasco verde amarelo em uma competição importante. A cena que vem à mente é dolorosa. E humilhante, ao mesmo tempo. Não apenas para o técnico da seleção brasileira Dorival Jr., que, pelo seu caráter acima de qualquer suspeita não merecia tamanho constrangimento. Mas a cena, em que ele, o comandante da equipe é ignorado pelos jogadores, retrata também, a triste realidade do atual e decadente futebol brasileiro.
Mostra que a CBF é refém de jogadores e dos empresários desses mesmos jogadores. Uns e outros não tem como principal interesse ganhar jogos e conquistar títulos e isso nos parece bastante claro. Mas, tão somente, ganhar dinheiro e prestígio.
Assolada por casos de corrupção, prisões e destituições de presidentes e ex-presidentes, a CBF é uma entidade desmoralizada que mancha cada vez mais a história gloriosa da seleção brasileira, formada atualmente por jogadores sem nenhum respeito pela seleção brasileira, sua história e pelo torcedor. Pior, sem a devida noção do que tudo isso representa. Uma geração de jogadores de mentalidade infantil, tosca, e mais preocupada com as aparências e o status que adquiriram do que com as metas esportivas a serem alcançadas.
Um futebol medíocre, abaixo de qualquer crítica, infinitamente distante das exigências que recaem sobre aqueles que tem a honra de vestirem o manto sagrado 5 vezes campeão do mundo. Uma equipe, como a que se viu na Copa América, indigna de representar uma torcida, um povo apaixonado por futebol, a única coisa que ainda une em torno de um mesmo ideal gregos e troianos tupiniquins e iguala de certa forma, pobres e ricos, doutos e ignorantes.
Perder, ok, faz parte do esporte. Mas, como perder, eis a questão. Já não bastou a tragédia do 7×1, em 2014, da qual ontem (8), completaram-se 10 anos. E o que mudou para melhor de lá pra cá? Nada! Rigorosamente nada. Ao contrário, piorou.
O futebol praticado no Brasil é o retrato fiel da incompetência de quem o dirige fora das quatro linhas, e nesse balaio incluo a maioria dos dirigentes de clubes, federações e CBF e mais, a arbitragem, cada vez mais confusa e pior, que consegue desagradar a todos.
Enfim, são pessoas que, conforme demonstram os fatos, se servem do futebol para atingir interesses meramente pessoais e corporativos dos grupos que representam. Bem semelhante, lamentavelmente, ao que ocorre na política deste tão judiado e maltratado país, não por acaso.
Lamentável tudo isso. E não se vê solução a curto e médio prazo. Até porque, o futebol não é mais o sonho e a ilusão que movia as crianças até recentemente. É sim um meio de vida tão somente, de ascensão social, fomentado por pais, empresários e dirigentes que ao verem brotar um talento não conseguem ver outra coisa que não seja cifrões.
Por Geraldo Costa Jr. / Foto: Richard allis/Fotoarena/Folhapress