Janaina Conceição Paschoal nasceu em 1974 no Distrito de Tatuapé, no município de São Paulo.
Começou a trabalhar aos 13 anos, ajudando a mãe com as vendas de bijuterias, pão de mel e cestas de café da manhã. Ingressou no Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) em 1992 e, depois da formatura, atuou como advogada no escritório de Roberto Podval entre os anos de 1995 e 2000.
Em seguida, foi assessora da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo entre 2001 e 2002, ano em que concluiu o doutorado e em que pediu demissão para trabalhar com seu orientador, Miguel Reale Júnior – com quem, aliás, cabe lembrar, protocolou na Câmara dos Deputados o pedido de Impeachment de Dilma Rousseff elaborado por ambos junto de Hélio Bicudo [in memoriam] –, além de, paralelamente, iniciar trajetória de professora em Faculdades Privadas.
Em 2003, duas novas conquistas: prestou concurso na USP – onde, desde então, é professora de Direito Penal – e abiu o próprio escritório – a Paschoal Advogados, em sociedade com suas duas irmãs. Conheça um pouco mais sobre a Deputada Estadual casada com o economista e que entrou para a História da Política Nacional por ter recebido 2.060.786 votos dos quais 12.155 foram computados AQUI, na Cidade Azul.
ODAIR FAVARI – Você teve um papel fundamental acerca do Impeachment de Dilma Roussef, quando protocolou o pedido na Câmara dos Deputados, juntamente com Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior. Acredita que a sua popularidade e aceitação na vida pública, haja vista a quantidade exorbitante de votos que obteve, começou naquele momento?
JANAÍNA PASCHOAL – Apesar de eu ter uma história antes do Impeachment, tenho certeza de que a histórica votação teve relação direta com esse fato. Nas muitas cidades em que estive, as pessoas verbalizaram isso. Eram muitos os agradecimentos por ter proposto e conduzido o Processo de Impeachment.
ODAIR FAVARI – Ser a Deputada Estadual mais votada [2.060.786 votos] da História do Brasil gera que tipo de sensação na Mulher Janaína? E quais os pontos que mudaram em sua vida a partir das Eleições de 2018?
JANAÍNA PASCHOAL – Por enquanto, não mudou nada em minha vida. Quanto à sensação, além da certeza de que a votação significa absoluta aprovação ao Processo de Impeachment, recebo tantos votos como um sinal de legitimidade para falar pela população. Isso é muito importante.
ODAIR FAVARI – Você representa, juntamente com a Joice Hasselmann aqui no Estado de São Paulo e tantas outras em todo o Brasil, o empoderamento [para usar uma palavra clichê da esquerda brasileira] da Mulher na Sociedade. Por que, em sua opinião, a esquerda e os seus muitos braços não as reconhecem como parte do processo de conquistas?
JANAÍNA PASCHOAL – O petismo instrumentaliza as chamadas minorias. As minorias só interessam quando rezam a Cartilha do Petismo.
ODAIR FAVARI – Quais as primeiras medidas que pretende tomar ao assumir o cargo em 2019? Terá alguma bandeira específica com a qual acredita que será reconhecida à posteriori?
JANAÍNA PASCHOAL – Acredito que não terei uma única bandeira para ser lembrada. Tenho muito interesse por Segurança Pública, por Educação e por Saúde. Meu perfil sempre foi multidisciplinar e, em regra, por onde passo, sou lembrada pelo compromisso com o trabalho.
ODAIR FAVARI – Aqui em Rio Claro você teve 12.155 votos, um número expressivo haja vista que foram 2.749 menos que o candidato mais votado e que, aliás, já ocupa uma vaga na Assembleia Legislativa, e 545 a mais que a terceira colocada, que atua como vereadora e que já chegou a ser a mais votada no Pleito Municipal. De que maneira pretende, enquanto representante parlamentar, atuar aqui na Região e, mais especificamente, na Cidade Azul?
JANAÍNA PASCHOAL – Eu agradeço muito a confiança de Rio Claro e região. Até pela expressiva votação, em muitas cidades, fiquei entre os primeiros colocados. Isso me obriga a trabalhar para o Estado, sem prestigiar uma região em prejuízo da outra. Quero trabalhar muito para favorecer a Segurança, a Educação e a Saúde de todos. Também penso que um maior rigor na aplicação das verbas públicas implicará, automaticamente, melhora para todos. Minha campanha já teve uma abordagem geral e não regional. Não sei se esta seria a resposta esperada, mas esta é a resposta verdadeira. Além de focar no nosso Estado, como um todo, quero seguir participando do debate nacional, para o bem do nosso País.
ODAIR FAVARI – Em sua opinião, a que se deve o atual momento político brasileiro com esse quase que Fla-Flu em que escolher um lado, automaticamente, faz com que fique inimigo do outro?
JANAÍNA PASCHOAL – Penso que este estado de coisas se deva mais à perda do monopólio do discurso por parte do petismo, do que a uma polarização propriamente. O petismo acreditava que estava num projeto sem volta. O Impeachment e a Lava Jato mostraram que não.
ODAIR FAVARI – Como professora, tem encontrado essa bipolaridade também em sala de aula ou ainda há poucos alunos que não estejam contaminados pelo gramscismo?
JANAÍNA PASCHOAL – O gramscismo está mais presente nos professores do que nos alunos. No entanto, a pressão é tanta, que os alunos têm dificuldade para manifestar o que pensa. Em complemento, gostaria de consignar que, durante a campanha, ouvi muito relatos, inclusive de crianças, noticiando perseguições feitas por professores contra alunos que declaram simpatia por determinados candidatos. Eu tinha consciência do patrulhamento que ocorre nas universidades, mas, ao que parece, a situação é ainda mais grave.
ODAIR FAVARI – O que você acha das redes sociais? Conseguiremos ainda ser uma Aldeia Global – para usar o termo cunhado por Marshall McLuhan – harmoniosa e interessada apenas no saber que é possível obter através da Internet?
JANAÍNA PASCHOAL – Sou uma pessoa otimista, mas também realista. Acredito ser possível seguir conscientizando as pessoas acerca dos pontos positivos da Internet, bem como de seus riscos. Com o tempo, pode ser quer os aspectos positivos sobressaiam aos negativas. No que tange ao debate, o ideal seria que as pessoas discutissem os muitos temas, sem ofensas ou desrespeito. Isso é possível!
ODAIR FAVARI – Deixe uma mensagem aos leitores do Diário do Rio Claro e, por extensão, a toda a população rio-clarense.
JANAÍNA PASCHOAL – Recebi muitos votos em Rio Claro e em São Paulo como um todo. Muitos amigos, por convicção, fizeram campanha para mim, junto aos parentes, aos vizinhos, aos conhecidos. Muitas pessoas, sem me conhecer, abraçaram a minha candidatura. Isso me dá muita força para trabalhar e querer honrar cada voto. Especificamente em Rio Claro, o Senhor Matias entrou em contato, pedindo material. A colega advogada, Rosa Catuzzo, também, espontaneamente, pegou material. E tantas outras pessoas, por idealismo, no Estado inteiro, me procuraram para ajudar.
Essa, a meu ver, é a verdadeira forma de fazer campanha, com as pessoas sentindo que é importante ter alguém nos locais estratégicos para as representar. Em certa medida, é o que está ocorrendo com o Bolsonaro. Mesmo sem tempo de tevê e sem dinheiro, as pessoas o adotaram… isso é muito bonito e precisa ser respeitado. Deixo aos queridos amigos de Rio Claro o compromisso de me dedicar muito para aprofundar o processo de depuração do nosso País. Eu amo o Brasil é tenho fé que conseguiremos deixar uma verdadeira Nação para nossos descendentes.
ODAIR FAVARI – Muito obrigado pela atenção e disponibilidade em atender a minha solicitação de entrevista e, desde já, deixo o convite para que quando vier a Rio Claro apareça na Redação do Diário do Rio Claro – o Arquivo Histórico da Família Rio-Clarense.
JANAÍNA PASCHOAL – Obrigada pela honra da entrevista e abraço grande.