Maura Lopes de Lima, de 45 anos, foi morta por pelo menos dois tiros efetuados por um homem que fugiu do local.
O crime aconteceu por volta das 23h30 de terça-feira (9), em frente à casa da vítima, no bairro Jequitibás, em Santa Gertrudes.
A filha, de 19 anos, e o namorado da mulher também estavam na residência. Segundo o Boletim de Ocorrência, o autor foi identificado como um comerciante, de 47 anos, e um dos melhores amigos da vítima.
De acordo com as testemunhas, ele pediu para que a filha chamasse Maura para conversar. Ela saiu para atender e, em seguida, a filha e o namorado da vítima ouviram os disparos. Delegado de plantão e investigador, quando chegaram no local, encontraram a mulher caída de lado.
Testemunhas disseram que a mulher nunca havia mantido qualquer relacionamento amoroso com o autor, que fugiu do local em um veículo Strada. O celular da vítima foi apreendido. O criminoso, até o fechamento da edição, seguia foragido, como informou a Polícia Civil de Santa Gertrudes, que está à frente das investigações do crime.
FEMINICÍDIO
Em Santa Gertrudes, a Polícia Civil registrou a morte de Maura Lopes de Lima como feminicídio. “O feminicídio é, na verdade, uma qualificadora do crime de homicídio, que envolve a discriminação à condição de ser mulher em mortes intencionais e violentas.
O instituto do feminicídio trouxe duas expressões: razões da condição de sexo feminino e menosprezo ou discriminação à condição de mulher, o que pode gerar alguns conflitos de interpretação no momento do registro da ocorrência, no entanto, o profissional deve se atentar à Lei Maria da Penha que define que o crime precisa envolver violência doméstica, que consiste em qualquer ação ou omissão baseada no gênero e que se dá no âmbito na unidade doméstica da família ou em qualquer relação íntima de afeto”, observou a advogada e membro da Comissão da Mulher da OAB, Ionita Krugner.
Um levantamento feito pelo G1 e Globonews mostra que, apesar da redução em diversos crimes, os femicicídios dobraram no 1º bimestre deste ano. Em janeiro e fevereiro, 26 mulheres foram assassinadas; 21 dos crimes foram dentro de casa e 19 sendo o autor conhecido. No primeiro bimestre do ano passado, foram registrados no estado 13 casos de feminicídios.
Porém, nem sempre os registros recebem as notificações devidas, um outro obstáculo para autoridades que buscam por políticas públicas em defesa das mulheres. “Ocorre que muitos profissionais, infelizmente, não se atualizam e não se dão conta que representam o Estado e o Estado tem que atuar no combate a esse tipo de violência de gênero, como previsto na própria Constituição Federal no parágrafo 8º, do artigo 226, na Convenção sobre eliminação de todos as formas de violência contra a mulher e na convenção internacional para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher”, salientou Ionita.