Em mais uma edição da série idealizada pelo Diário do Rio Claro com o objetivo de enfatizar a arte produzida na cidade e por diversos palcos, o destaque vai para o rio-clarense Felipe Custódio, de 33 anos. Pela arte ele se apaixonou, e a convidou para entrar e ficar em sua vida. Na bagagem, carrega inúmeros trabalhos como ator e figurinista.
Ao Diário do Rio Claro, conta um pouco de sua trajetória que completa 20 anos. “Eu conheci a arte no ano 2000 através do extinto Núcleo de Pesquisa de Linguagem do Sesi, em Rio Claro. Foi uma experiência incrível eu me apaixonei por aquilo, o grupo permitia uma vivência integral do fazer teatral, lá nós produzíamos nossos espetáculos, criávamos os figurinos, atuávamos e tínhamos a possibilidade de trocar com artistas profissionais que se apresentavam no Sesi. Muito cedo eu soube que eu queria viver daquilo. Permaneci no grupo por sete anos participando de pelo menos oito produções como ator”, destaca sobre seu início de carreira.
E não demorou muito para se destacar ainda na Cidade Azul, levando através da arte, conscientização. “Em 2006 eu tive uma oportunidade de participar de um programa da prefeitura de Rio Claro chamado Novo Trânsito, onde através da Secretaria de Educação me apresentei em todas escolas municipais de Rio Claro, foi meu primeiro cachê como artista”, relembra.
Mas, para ele, vivendo no interior, ter a arte como profissão sempre foi um pouco utópico, foi então que decidiu se mudar para Curitiba, capital do Paraná, cidade onde acontece um dos grandes festivais do País e que se tornou referência nas artes cênicas. Em suas edições, reúne produções teatrais nacionais e internacionais. Felipe batalhou até chegar a indicações de grande prêmio. “Me lembro que no primeiro dia na cidade eu estava montando cenário e limpando chão de teatro pra ganhar meu cachêzinho. Estar dentro do teatro era meu objetivo não importava a forma. Aos poucos, eu comecei a fazer testes publicitários e de uma maneira ou outra eu vivia apenas da arte”, observa.
Claro que para se destacar e ser reconhecido o artista precisa estudar e se dedicar muito, assim, Felipe foi em busca de muito mais conhecimento e hoje tem formação em Interpretação, Figurino, Costura e Direção de Arte. “Em 2009 ingressei na Faculdade de Arte do Paraná no curso de Artes Cênicas que me colocou diante de vários futuros artistas, já em 2010 ingressei na primeira Cia. de Teatro profissional, a Cia do Abração que me abriu portas e me apresentou a artista plástica e também atriz Maureen Miranda, foi com ela que descobri outra paixão, a criação de figurino”, destacou Felipe que mais uma vez teve um olhar sensível para o que poderia desenvolver com seu talento.
O resultado não foi diferente. “Realizei nos três anos juntos a Maureen Miranda cerca de 40 produções como assistente. Passei então a ser conhecido como figurinista. Em paralelo a isso, me juntei a outros artistas/amigos de Rio Claro que também moravam em Curitiba e tem uma trajetória parecida com a minha, juntos nasceu a Minha Nossa Cia. de Teatro na qual realizei alguns trabalhos até o ano de 2017”, conta.
E foi no Festival de Teatro de Curitiba que o artista viu sua carreira se consolidar ainda mais ao ter seu nome em uma grande indicação. “Acho que todo prêmio é válido porque ele, principalmente, gera conhecimento do seu trabalho para outros artistas e isso abre portas. Em 2014 eu recebi duas indicações ao troféu Gralha Azul como melhor Figurinista. Eu não ganhei na época, mas isso me abriu portas, no ano seguinte assinei trabalhos importantes. Foi o ano que mais trabalhei na vida”, revela.
Todo artista quer estar no palco e foi em 2015 que Felipe teve a oportunidade de se apresentar em vários deles. Com a Cia. Minha Nossa aprovamos um projeto super importante da Petrobras que nos permitiu circular numa turnê nacional com o “Espetáculo O Homem do Banco Branco e a Amoreira”. Na época, os também rio-clarenses Léo Moita, que é o autor e ator do espetáculo, e o iluminador Raul Freitas fizeram parte dessa conquista da Companhia.
Em 2017, tomou a decisão de mais um passo importante e se mudou para São Paulo. O artista diz que foi na capital que viveu a experiência incrível de fazer testes para grandes produções de cinema e trabalhar como Diretor de Arte e Figurinista para o Áudio Visual. Depois de 11 anos morando fora, o artista retornou para terra natal. Hoje, vive em Rio Claro, mas se divide com alguns trabalhos em Curitiba e São Paulo.
OUTRA FACETA
Além dos trabalhos no palco, Felipe se destaca no mundo da moda, atuando também como consultor de estilo. “Outra faceta que descobri através do figurino e me foi útil para sobreviver em tempos escassos de arte”, salienta o artista que no dia a dia se dedica a projetos culturais desenvolvidos para empresas, consultorias de moda e aos exercícios físicos para manter o corpo ativo, já que, faz algum tempo que está fora de cena.
O QUE VEM POR AÍ
“Meu grande projeto é o espetáculo Da Silva, projeto aprovado no ano de 2019 pela Secretaria de Cultura de Rio Claro e que será minha estreia como Diretor Artístico ao lado de grandes artistas da cidade que farão parte do elenco”, revela ao Diário do Rio Claro.
Ainda que viver de arte possa soar como utopia, Felipe se mantém resistente aos seus objetivos. “Acho que todo artista deseja primeiramente viver da sua arte, ter oportunidade de mostrar seu trabalho e sobreviver daquilo que te move. Eu tenho ainda um grande desejo de reunir todas as linguagens que aprendi nesses 20 anos e comunicar através dela, ser um comunicador da arte é um caminho que faz eu permanecer resistente”, ressalta.
Nos palcos ou fora deles, em seus diversos personagens já vividos e os que ainda virão, entre risos, choros, e como o próprio Felipe Custódio, quando as cortinas se fecham e as luzes se apagam é ele que oferece os aplausos. “A arte me deu tudo de mais sagrado que eu possuo. Conhecimento, referências, me apresentou artistas e pessoas que fazem diferença em todos os campos da minha vida. Me colocou diante da percepção das políticas públicas sociais e me fez entender meu papel diante disso”, enaltece.
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