Mais uma vez neste ano, a região de Rio Claro foi assunto muito comentado na imprensa mundial.
O motivo é uma velha conhecida da população: a condição do ar. Em relatório elaborado pelas Nações Unidas e divulgado neste ano, Santa Gertrudes figura como a cidade com o ar mais poluído do Brasil, com índices mais preocupantes do que São Paulo, por exemplo.
Rio Claro não fica em melhor situação, já que aparece em terceiro lugar no ranking, atrás apenas de Cubatão.
A situação fica ainda pior em meses com falta de chuvas, quando o nível de material particulado no ar é ainda maior, o que afeta diretamente a saúde da população. Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo morrem 7 milhões de pessoas em razão da poluição do ar, e desse total 600 mil são crianças.
Segundo a Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer), a Cetesb realiza fiscalização frequente nas cerâmicas e todas as empresas seguem as determinações do órgão. Entretanto, segundo a instituição, o grande problema da poluição são as estradas vicinais, que ainda não possuem asfaltamento. Com dados, a Aspacer exemplifica que, no período de greve dos caminhoneiros, a qualidade do ar registrou melhora. Por isso, a entidade segue no intuito de buscar recursos para o asfaltamento das estradas na região.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Santa Gertrudes, o médico Marcelo Oliveira, há estudos que comprovam que a poluição no município é causada pelas micropartículas de poeira que advêm dos campos de secagem e, sobretudo, do transporte da matéria prima em si, devido ao não asfaltamento das vicinais.
Segundo o vereador, está sendo discutida a instalação de mais de 30 medidores de poluição, o que possibilita a setorização da cidade. “Com isso, poderemos saber quais são os trechos críticos e entender como acontece essa dispersão, qual o foco”, apontou o médico.
VERBA EM ESPERA
Com várias estradas sem pavimentação que ligam as jazidas aos campos de secagem e às cerâmicas, são muitos os trechos que aguardam por uma ação do Poder Público para sanar o problema da poluição.
O técnico da Estação Meteorológica do Ceapla, Carlo Burigo, disse ao Diário do Rio Claro em julho deste ano que a melhor alternativa seria pavimentar as vicinais. “Isso contribuiria muito para a redução da poluição. Não é só o setor ceramista o responsável pela poeira, o tráfego de caminhões com carregamento de cana-de-açúcar tem uma contribuição muito importante. Você pega o mês de agosto, por exemplo, onde toda essa terra, que foi movimentada para colheita da cana, fica descoberta, e então você tem mais uma fonte de emissão particulado, mesmo com a colheita mecanizada”, disse Burigo.
A cobrança pelos repasses é antiga. Na sessão da Câmara de Santa Gertrudes, em 14 de junho, vereadores já relatavam a insistência na cobrança de recursos. Os vereadores Antonio Carlos, Willian e Aécio Bisesto estiveram com o deputado Campos Machado cobrando verba para asfaltamento da Estrada “José Horácio Pascon”. Enquanto que o vereador José Luis Vieira lembrou que o governador Márcio França prometeu R$ 8 milhões para recapeamento da Estrada até a Granja Santa Cruz.
O deputado estadual Aldo Demarchi também reforçou a cobrança em julho deste ano na Assembleia Legislativa, pedindo explicações ao governador Márcio França a respeito da demora na execução dos serviços de asfaltamento das estradas vicinais. No documento, ele observa que Santa Gertrudes é um importante polo ceramista, gerador de emprego e renda.
O deputado lembra ainda que, “embora as estradas sejam de responsabilidade dos municípios, enfrentam dificuldades para levar adiante as obras de asfaltamento, razão pela qual a intervenção estadual, por meio da realização de convênios, torna-se indispensável para viabilizar as ações necessárias”.
PROMESSA
Em visita à Aspacer, em agosto deste ano, ainda em campanha eleitoral, o governador eleito João Doria (PSDB) se comprometeu em priorizar o asfaltamento na região. “Vamos aproveitar o vencimento das concessões e na renovação a nossa intenção, a priori respeitando os aspectos da Lei, será de negociar com as concessionárias para que elas respeitem o desejo do Estado para que se façam a pavimentação e manutenção das estradas. Nós vamos priorizar estradas vicinais. Isso é programa de governo e prioridade”, afirmou.