A tão esperada Black Friday chegou! O evento de vendas aguardado por lojistas e consumidores inaugura, nesta sexta-feira (26), uma série de promoções e liquidações nos estabelecimentos comerciais.
O presidente da Associação de Comércio e Indústria de Rio Claro (ACIRC), Antônio Carlos Beltrame, em entrevista ao DRC, afirmou que os horários e funcionamentos também terão programação especial. “Na sexta-feira o horário do comércio será até as 22 horas e no sábado, até as 18 horas. O intuito é que, assim, as pessoas possam ter tempo suficiente para fazerem as suas compras”, afirmou o representante.
Para o presidente da Associação as expectativas são boas, dada a flexibilização de ordem sanitária pelo estado, as demandas reprimidas e as festividades natalinas que estão por vir. “A expectativa para este ano é extremamente superior a do ano passado. Os motivos, gostaria de observar, são simples: as pessoas estão vacinadas e agora é um momento especial para recuperar as vendas que ficaram perdidas devido às restrições de fechamento ao longo desse tempo e deste ano.”
Mas, Beltrame ainda ressalta a importância das medidas preventivas como o uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social.
O COMÉRCIO
Alguns comerciantes de Rio Claro tiveram a criatividade de fugir à norma do nome, tornando a Black Friday um ‘gatilho’ para a Black Week – uma semana inteira de promoções e liquidações dos produtos em estoque.
“A Black Friday não era uma tradição nacional até uns tempos atrás, mas o país aderiu o modismo mundial, e nós comerciantes para não ficarmos para trás também o fizemos, principalmente por causa da pandemia”, conta Maria Isabel, proprietária da loja de varejo especializada em semijoias, de mesmo nome.
Segundo Maria Isabel, o estabelecimento já funciona há 17 anos e, como ocorreu com vários outros, a classe foi bastante afetada pelo período pandêmico. A comerciante, porém, exalta que a Black Friday pode ser uma oportunidade para aquecer o negócio. “Quando você é comerciante e passa pelo o que se passou durante esses últimos tempos, você tem que ter novas opções de conquistar o seu cliente. A Black Friday tornou-se um corpo de liquidação e promoção. Aí, a expectativa fica boa, por causa da demanda reprimida, ainda mais com o décimo terceiro chegando”, afirma a proprietária.
Na fachada da loja é possível se atentar a uma faixa bem grande em laranja e letreiro preto. Questionada se o uso foi premeditado, Maria Isabel apontou para o uso das cores como uma forma de chamar atenção – uma estratégia visual clássica no marketing. Perguntada, porém, se a aderência ao evento é sinônimo de vendas, a resposta caminha para o bom-senso.
“Não, não é garantia. Mas certamente quando o cliente vê que ele tem uma oportunidade melhor de compra, com preço mais acessível, vai chamar mais atenção, especialmente na cidade interiorana em que a gente vive. O visual é muito importante, às vezes vende mais que o próprio produto.”
Algo similar é pensado por Rafaela Freitas, gerente-júnior da loja de roupas Estrela, localizada no centro rio-clarense. “A intenção da loja é ter sucesso com a Black Friday, mas também depende do nosso cliente. Se o cliente estiver com condições de comprar, compensa, mas se não estiver com condições financeiras, às vezes a Black Friday é até em vão. O marketing é essencial para chamar atenção da clientela, é um atrativo a mais”.
A gerente-júnior vê no evento de vendas uma oportunidade para ambos os lados, seja para quem quer vender ou para quem quer comprar. Com o intuito de “zerar” o estoque parado, é uma tradição que os produtos saiam mais baratos e, assim, os clientes possam atender às suas necessidades com os produtos.
“Temos expectativa, mas o que vai ser, vamos sentir somente no dia. Esperamos que a Black Friday deste ano seja melhor do que a do ano passado, quando ainda estávamos voltando com o comércio. Tivemos uma venda razoável, e este ano esperamos superar as vendas, ainda mais com os feriados de fim de ano chegando”, acrescenta Rafaela.
O CONSUMIDOR
As expectativas entre os lojistas, como visto, são das melhores possíveis. E com os consumidores, o sentimento também não fica para trás. Vera Rubin é recepcionista de Pronto Atendimento no hospital São Rafael de Rio Claro e vê nas promoções e liquidações uma oportunidade para os produtos ficarem mais acessíveis ou, como se diz popularmente, para caberem no bolso.
“Pretendo aproveitar as promoções para achar produtos de casa. Eu costumo ficar o ano inteiro de olho nos preços pra depois ver a diferença. E percebo que existe um desconto, deixando o produto mais acessível.” Vera também ressalta a importância da marca. Afinal, dá para comprar qualquer coisa por ser mais barato?
“Sempre vou pela marca, pois na minha opinião as marcas que quero comprar são um pouco melhores, aí prefiro comprar uma marca boa com desconto do que uma marca desconhecida com preço mais barato”, afirma. Em entrevista, a secretária ainda afirma que quando compra, sai com um “objetivo”, não dando lugar para o consumismo desenfreado. “Quando saio, eu já vou sabendo o que eu quero comprar. E com o objetivo do que eu quero. Eu não compro pela emoção.”
Vera faz parte de uma estatística de retomada da ação comercial. Só em 2019, a Black Friday movimentou cerca de R$ 6 bilhões no país, uma alta de cerca de 36% em relação ao ano anterior. Em 2020, por conta da pandemia, o negócio aqueceu o e-commerce e agora, com a flexibilização sanitária, espera-se o melhor. Um desafio para os comerciantes, visto que nem todos os consumidores poderão aderir.
É o caso de Zuleica, de 71 anos. Já aposentada, ela afirma que a época está “difícil”. “Apenas compro o necessário, estamos em uma época difícil, então sem extravagâncias. Eu só estou no Centro [da cidade] para comprar algumas ornamentações de Natal, mas somente o que falta. Só o necessário! Não sabemos o que vem pela frente, então temos que gastar com cautela.”
Em uma outra vitrine, Floriza, de 57 anos, observa sapatos. “Só olhando mesmo. Vim resolver algumas coisas no Centro da cidade, porque comprar mesmo tá complicado.” Segundo a própria, ela se encontra desempregada, mas diz que faz o famoso ‘bico’, prestando serviços de limpeza.
“Eu estou precisando de muita coisa pessoal e muita coisa para a minha casa, mas atualmente não tenho condições de comprar nem um nem outro. Estou sem condições de comprar nada, mesmo com as promoções. Até por conta do salário.” O que, no entanto, demonstra um ponto que possa ser talvez uma preocupação para os comerciantes, com inovação a situação também pode vir a ser uma oportunidade.
Por Giovanna Rubin/Samuel Chagas / Foto: Hércules Marcos