Na manhã desta quarta-feira (17), o presidente do Velo Clube, Reginaldo Lourenço Breda, recebeu com exclusividade a reportagem do jornal Diário do Rio Claro para uma conversa muito agradável, na qual falou um pouco sobre a satisfação e alegria das conquistas recentes do Velo Clube, o acesso à Série A1 do Paulistão e o título da Série A2. Breda abordou ainda sobre os primeiros desafios visando a temporada 2025, dentre eles, o aumento de capacidade de público do estádio Benitão. Confira:
Confirmado o acesso à Série A1 e o título da Série A2 do Paulistão, quais os primeiros desafios do Velo Clube, a serem enfrentados, já visando a próxima temporada?
O primeiro, sem dúvida, é o estádio. Sem o regulamento cumprido junto à Federação, eu não me sento à mesa do Conselho Técnico da Série A1 do ano que vem. Então, a prioridade nossa agora é fazer a arquibancada. A gente está definindo com a Prefeitura o modo de fazer isso o mais rápido possível. Porque eu tenho até Outubro pra deixar isso pronto. Hoje, a maior preocupação nossa é o estádio. É o primeiro projeto que a gente quer realizar. E, depois, pensar nas outras coisas, que são a montagem do elenco e focar na realidade da Série A1, que é completamente diferente da Série A2. A gente tem que fazer várias adaptações estruturais, contratações, não só do elenco, a gente vai ter que mudar toda nossa forma de administração, montar uma estrutura nova que não tem nada a ver com a Série A2. A gente já está em contato com a Federação Paulista, levantando tudo o que é preciso para disputar a Série A1. Já estamos trabalhando nisso desde o acesso. Precisamos receber muito bem quem virá jogar aqui. A gente precisa cumprir o protocolo da Série A1, que exige muitas coisas. Já estamos vendo, estudando tudo isso pra poder atender a todos os requisitos de uma Série A1.
Em relação ao estádio Benitão, além da capacidade de público que precisa ser aumentada, quais outras modificações precisam ser feitas?
Os camarotes precisam ser mudados. A gente já fez o projeto. Isso não vai depender da Prefeitura. Vai depender exclusivamente do Velo. As reformas dos vestiários também vai ser feita pelo clube, os pontos de acesso ao Benitão, aonde serão construídas as novas arquibancadas também será feito pelo Velo Clube. Então, a Prefeitura, hoje, ela tem responsabilidade de nos ajudar na questão dos assentos, da capacidade de público do estádio Benitão. A gente pretende construir 2.700 lugares no lado da Avenida 19 e 2.700 lugares no lado da Avenida 23. Mas pelo que entendi do Departamento de Obras da Prefeitura, em uma reunião que tivemos hoje, é que a gente comece pela Avenida 23 e não pela Avenida 19.
Com isso a capacidade de público do estádio Benitão seria aumentada em quanto?
Vamos supor que, com as adequações que serão feitas nas arquibancadas já existentes, a capacidade atual caia de 8.000 para cerca de 7.200, então, a gente vai ter que o fazer o complemento para 10.000 lugares. E só com a arquibancada que será construída na Avenida 23 já contempla isso.
Falando de futebol, dentro das quatro linhas, presidente, na sua opinião, qual o fator principal que permitiu ao Velo Clube essa arrancada do time a partir da fase de “mata-mata” e que culminou com o acesso e o título?
Nós tivemos dois pontos importantes e estratégicos no departamento de futebol que foram, a troca do treinador que, na minha opinião, tinha que acontecer, ele (Fahel Jr.) tinha perdido naquele momento o vestiário, os jogadores reclamando. A chegada do Guilherme Alves, que é muito bom profissional, na questão de vestiário, porque ele foi atleta de alto nível na melhor época do futebol brasileiro, então, o Guilherme sabe muito sobre vestiário, de conversar com os atletas. E a segunda grande tacada do Velo, foi já no começo do campeonato saber que teria de trazer reforços para o “mata-mata”. E o grupo recebeu muito bem os jogadores que chegaram. Porque os que estavam aqui, que foram trocados, estavam dando problema para o elenco ou no treinamento ou fora de campo. E essa foi a grande sacada do Velo. E aí, encaixou tudo. O elenco abraçou quem chegou, abraçou o novo treinador, o time encaixou, ganhou três partidas fora de casa no “mata-mata”, empatou duas em casa e venceu uma e, aí, conseguiu o acesso e o título.
Na sua avaliação, qual o momento mais difícil do Velo no campeonato e o que foi necessário fazer para superá-lo?
Eu acho que o momento mais difícil pra nós, onde a gente ficou muito preocupado foi quando perdeu para o Primavera, em Indaiatuba. Houve um relaxamento do elenco…
Mesmo com o time já classificado, houve essa preocupação?
Houve sim, lógico. Porque não adianta classificar e o elenco chegar à fase decisiva não comprometido. Então, foi aí que aconteceu as trocas de jogadores, que aconteceu todo aquele trabalho que a gente fez com os jogadores que chegaram pra reforçar o elenco e aí deu certo, encaixou o time de novo.
Comente um pouco sobre o trabalho do técnico Guilherme Alves. E se a ideia é renovar com ele para a próxima temporada.
Vou começar pela segunda pergunta. Sim. A ideia é renovar com ele para 2025. A gente acha que ele tem condições de comandar o time na Série A1. Ele inclusive já disputou Série A1 por outras equipes. E o estilo de trabalho do Guilherme se encaixa perfeitamente com a diretoria de futebol do Velo. Parece até que ele e o nosso vice de futebol, o João Marcondelli, se conhecem há mais de 30 anos. Então, a gente conta com isso. As divergências entre ambos sempre visam o melhor para o clube. E eu já percebi que o trabalho do Guilherme é exatamente o que a gente precisa. Então, é por isso que eu acho que o Guilherme deve ter essa chance de comandar o time do Velo na Série A1. Vão surgir muitos convites para o Guilherme, com certeza, a partir de agora. E a gente não sabe até que ponto o Velo pode suportar uma proposta que ele venha a receber de outra equipe.
O Velo já abriu negociação com o Guilherme Alves para a renovação do contrato visando a permanência dele no Velo Clube para a Série A1?
Já, sim. Já abrimos negociação com o Guilherme Alves e ele tem interesse de ficar no Velo, mas, vamos viver um dia após outro. Não dá pra vislumbrar tudo de uma vez.
Até para tranquilizar o torcedor velista, presidente, quanto à capacidade do estádio Benitão, quais as providências a diretoria do Velo já está tomando para resolver essa questão?
A parte interna de vestiários e de camarotes fica por nossa conta. A gente já vai começar na semana que vem. A questão da Prefeitura a gente aguarda licitação.
E tem previsão de quando será feita a licitação?
O mais rápido possível. Porque senão a gente não disputa o campeonato da Série A1.
Até o mês de Outubro deste ano, tem que estar tudo pronto?
Não tem senão para a Federação. Tem que estar pronto.
Voltando a falar do time. A renovação de contrato desses 7 jogadores do atual elenco, Gabriel Félix, Gabriel Mancha, Júlio Vaz, Matheus Norton, Léo Campos, Felipinho e Lucas Duni, já visa o planejamento do Velo Clube para 2025? Esses atletas devem ser emprestados, uma vez que o Velo não disputará a Copa Paulista?
Já foram emprestados. A intenção nossa é segurar uma base. Porque todo clube tem que ter um tipo de atleta vinculado a nós que fale a mesma língua do clube. As contratações para a Série A1 vão ser feitas de acordo com o nosso orçamento, que não será muito diferente da maioria das equipes intermediárias da Série A1. Teremos muito cuidado na hora de contratar. E isso a gente tem tempo pra fazer. O que não temos tempo pra parar e pensar é a questão do estádio.
Hoje, quando o Velo Clube contrata um jogador, quais critérios utiliza para fazê-lo? Por exemplo: Indicação do técnico, de um empresário, ou é porque o Velo já monitora esse jogador há algum tempo?
A gente não considera o João Marcondelli um empresário, a gente considera ele como vice-presidente de futebol. Tem toda uma metodologia. Você estuda o atleta, vê os resultados dele, vê a questão de força, a questão de comprometimento, em qual time ele jogou, o que é muito importante. A gente não pretende trazer para o Velo, jogador que não tenha disputado Série A1. Então, o estudo vai ser feito em cima daquilo que o Velo vai montar.O Velo sempre teve um time rápido que joga em casa pra frente, então vai ser feito em cima disso. Porque é diferente. Série A1 é diferente. Muda a característica do atleta. Muda tudo. Não tem como a gente não fazer esse estudo.
E a diretoria do Velo Clube já está consciente e preparada para lidar com essa realidade?
Sim. Mas nós vamos aprender também. Porque faz muitos anos que a gente não participa de uma Série A1. Então, a gente vai aprender. Vai sofrer no começo. Mas, na medida do possível, a gente vai encaixando as coisas.
O elenco de 2024, esse ano vitorioso do Velo Clube, é o mais caro já montado pela diretoria, tendo você na presidência?
Não. Olha, pra você ter uma ideia, o time que disputou o campeonato de 2023 era um pouco mais caro que o deste ano. Tinha jogadores com mais qualificação e mais caros. Este ano, a gente mudou um pouco a estratégia, mas não baixou o sarrafo. Manteve o padrão de Série A2.
Os dois títulos de maior expressão, conquistados pelo Velo Clube, até o momento, tiveram você na presidência, que foram o Paulistão Série A3 em 2020 e Série A2 em 2024. O que significa isso pra você. E como você se sente por entrar definitivamente na história do Velo Clube como um de seus presidentes mais vitoriosos?
Tudo é consequência do trabalho. A gente chegou aqui em 2018. Eu sucedi o Betinho, ele não podia mais ser presidente. Praticamente fui colocado como presidente, pela experiência que a gente já tinha no futebol e nos outros esportes da cidade e a gente fez um planejamento que era ficar no máximo três anos na Série A3, subir para a Série A2 e trabalhar esse time pra ele ser um time cascudo de Série A2 pra ele subir pra Série A1. E isso a gente conseguiu em sete anos. O Breda não fez sozinho. Quero deixar bem claro isso. A participação da nossa diretoria, que é enxuta, mas velista, que tem respeito por nossa cidade. Porque o Velo, hoje, é uma marca da cidade de Rio Claro. Então, o Velo, é muito maior que o Breda. Eu fico muito feliz de ter participado dessas duas conquistas. Mas, foi a equipe toda que conseguiu as conquistas, foi a diretoria que conseguiu, com a ajuda de todos. Você não imagina quanto foi importante a nossa torcida, que entendeu a metodologia de trabalho, que invés de bater ajudou, incentivou e participou apoiando. Então, quando tudo anda junto, as coisas boas acontecem. O trabalho foi feito com seriedade e competência, embora à toque de caixa e com pouca gente trabalhando. Mas, com muito trabalho, competência e amor ao clube, isso que é importante. Além de ser presidente do Velo, hoje, eu sempre fui velista, desde criança. Então, pra mim, como presidente, entrar pra história do Velo é uma honra que você nem imagina o tamanho.
Essa parceria sua com o João Marcondelli, já vem de muito tempo, desde os tempos do futebol amador, aqui em Rio Claro. Qual o segredo dessa amizade, dessa parceria tão harmônica, tão vitoriosa, e como exatamente ela começou?
Começou no futebol amador. Trabalhamos no futebol amador juntos. Depois, a gente montou um time Sub-20 na Paraguaçuense, na cidade de Paraguaçu Paulista. Naquele momento a gente só ajudou. Veio o convite pra gente fazer o futebol profissional no Olímpia. A gente já pegou um time montado lá, não teve sucesso no primeiro ano e caiu da Série A2 pra Série A3. No ano seguinte, a gente já subiu o time pra Série A2, de novo. Ficamos campeão em 2007. Mas, depois, por vários problemas, a distância entre Rio Claro e Paraguaçu Paulista, principalmente, encerramos o projeto por lá. Voltamos para Rio Claro e nesse meio tempo, a gente se separou um pouco, porque eu fui ser secretário de esportes. E aí, como eu conhecia o técnico João Vallim, que já era da nossa turma, a gente acabou trazendo o João Vallim para o Velo e consequentemente o João Marcondelli voltou para o Velo. E aí teve toda aquela ascensão do Velo Clube. Então, por isso que eu falo, não é um trabalho somente do Breda. Teve os outros presidentes que passaram por aqui. O Caraça, o Betinho, tudo foi um degrau, até chegar onde a gente chegou. Foi a sorte de que cair comigo os dois títulos? Foi. Mas, a gente tem que olhar para trás e ver que teve gente competente também que tocou o futebol do Velo antes do Breda. E isso a gente tem que valorizar. Agora, a minha relação com o Marcondelli é uma relação de amizade, de companheirismo. A gente discute muito, viu. Mas, sempre, no bom sentido, buscando sempre o melhor para o Velo. E nós dois respeitamos a instituição Velo Clube.
O Velo Clube pretende instituir um programa de sócio torcedor ou algo parecido?
Isso está nos planos do Velo Clube. Tentamos fazer isso há dois anos atrás mas o torcedor não encampou a ideia. Mas a gente não deve perder a oportunidade da marca Velo Clube estar em alta. Já estamos contratando, inclusive, uma empresa de marketing. Porque o Velo vai precisar. Vai ter que mensurar os preços das coisas. Por exemplo, eu não sei quanto vale hoje a camisa do Velo. Mas eu acho que vale muito. Então, tem que passar na mão de profissionais pra eles organizarem esse trabalho e junto retomar o programa de sócio torcedor. Eu acho que é importante aproveitar esse momento. Porque é imensa a quantidade de velistas que tem em nossa cidade e na região. Então, se o torcedor puder ajudar o Velo nesse momento, só vai tornar o Velo ainda maior e mais forte.
Palavra livre, presidente Breda, para acrescentar o que quiser. E aproveite para deixar uma mensagem para o leitor do jornal Diário, em especial, o torcedor velista e, também, para aqueles que apoiaram o Velo Clube nessa caminhada vitoriosa na Série A2.
Quero primeiro agradecer a todos os nossos funcionários, diretores, todas as pessoas que participaram esse ano aqui no Velo. Uma equipe enxuta, mas séria e competente. Agradecer a torcida pelo comportamento dela. E falar pra torcida do Velo e pra toda a cidade de Rio Claro que a gente vai tentar fazer o melhor de nós. Mas, pra isso, a prioridade nossa, no momento, é o estádio. A gente tem que correr com isso. E resolver esse problema o mais rápido possível.
Por Geraldo Costa Jr. / Foto: Divulgação/Rede Social