O modo como nos relacionamos com os celulares e computadores está nos deixando ansiosos e robotizados. Os avanços vertiginosos da tecnologia parecem impor uma condição que não nos faz bem. Parece que temos de estar online o tempo todo. Algumas pessoas já têm crises de ansiedade quando acabam de enviar uma mensagem pelo celular e quem a recebeu demora em responder. Ainda mais no Wathsapp ou no Messenger, onde é possível ver que a outra pessoa leu sua mensagem. Já se viu assim? E quando a empresa te dá um celular e espera que fique 24 horas disponível?
Isso tem causado uma enxurrada de processos na Justiça do Trabalho. Como assim, 24 horas disponível para a empresa? E quantas vezes você ficou por horas a fio “vendo nada” no Facebook ou mesmo no Instagram?
Os limites para se ficar na frente de um computador, celular ou tablet servem não só para nossas crianças e adolescentes. Os limites e a disciplina para regrar o tempo gasto com as tecnologias novas deve ser observado por todos. Ver televisão ou ficar no computador por mais de 2 horas por dia aumenta em duas vezes as chances de desenvolver doenças cardíacas, dizem alguns especialistas. Existe, há tempos, a dúvida de que se as pessoas se exercitassem em um nível considerável, anularia os efeitos maléficos do lazer sedentário. Mas desta vez os cientistas acharam uma resposta.
Resultados consolidados por pesquisadores da University College de Londres, mostraram que o efeito foi o mesmo independentemente de quanto as pessoas se exercitaram, demonstrando que a forma como escolhemos passar nosso tempo livre fora do trabalho tem grande impacto na nossa saúde.
Porém, é preciso um alerta urgente dos riscos de ficar inativo, especialmente porque os adultos em idade produtiva passam longos períodos sentados enquanto viajam em meios de transporte ou mal sentados em uma mesa de escritório, destacou o estudo. Cresce assim em todo o mundo movimentos de grupos e pessoas em prol da desconexão.
Ao que parece, já estamos em meio a uma epidemia de ansiedade global. Nosso comportamento de pegar o celular ou tablet a todo instante parece robotizado. Um dos pesquisadores importantes nessa área é o brasileiro Luis Camillo Almeida, que defende o que chama de “tecnomoderação”. Sua teoria prega que o ser humano não foi feito para ficar no computador toda hora. “Quando o computador quebra, a gente troca. Se a gente quebrar, não tem como. Então tem uma hora que a Síndrome do Humano Robótico vai reverter de volta para o humano, não tem como”, afirma.
Vai chegar um momento, diz o pesquisador, em que as pessoas não terão como processar tanta informação, cedo ou tarde o ser humano vai passar por uma epidemia de ansiedade, e só então perceber que a tecnologia não é extensão de ninguém.
E o que afirma a seguir poderia parecer óbvio, mas hoje em dia até mesmo o óbvio precisa ser dito: Um profissional deve trabalhar oito horas por dia. Se a gente está no computador por 14 horas, alguma coisa está acontecendo.
De qualquer forma, não se trabalha 80 horas por semana sem efeito colateral. E isso tem um custo também financeiro, se analisarmos a quantidade de profissionais doentes nas empresas.
Não é só o caso de que o uso excessivo da tecnologia tem efeitos colaterais, isso já sabemos. Para as empresas, também não é bom financeiramente. E que empresas e empregadores aprendam de uma vez que não há ninguém que tem que estar 24 horas disponível, durante todos os dias do ano. Isso é sintoma de que a empresa também vai muito mal.