Encontrar uma metodologia adequada para ensinar computação para crianças é um desafio que a pesquisadora Laís Minchillo encarou em sua dissertação de mestrado na Unicamp.
Orientada pela professora Juliana Freitag Borin e coorientada por Edson Borin, ambos do Instituto de Computação (IC), Laís fez experimentos e desenvolveu hipóteses sobre a interação das crianças com robôs e aplicativos na tentativa de desenvolver o “pensamento computacional”.
O termo, popularizado por Jeannette Wing, professora da Universidade de Columbia, significa aplicar conceitos da computação e da programação em problemas cotidianos, utilizando ou modificando tecnologias em favor das pessoas.
Laís destaca que a computação é um campo muito rico para o aprendizado das crianças e deve ser levada em consideração em um sistema educacional que pensa a tecnologia sendo usada de outra forma. Para ela, não se trata apenas de “saber usar o computador” ou mesmo uma calculadora, mas seria interessante que as crianças aprendessem a manipular a estender essas tecnologias a diferentes tipos de projetos. “Com isso, elas teriam uma habilidade mais articulada de entender o mundo e resolver problemas”, afirmou.
A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) lançou em julho um manifesto em forma de abaixo-assinado para a inclusão do ensino de computação na educação básica. Segundo o documento, “os dispositivos capazes de computar estão hoje não somente na mesa do escritório ou nos laboratórios de escolas, mas no nosso bolso, na cozinha, no automóvel, na roupa.
Grande parte da informação que a humanidade possui hoje está armazenada digitalmente. Porém, a grande maioria das pessoas não tem conhecimento para acessar e utilizar adequadamente essa informação”.
Na pesquisa de mestrado, Laís, que agora trabalha como engenheira de software no Google, realizou três séries de experimentos desenvolvidos em uma escola de Campinas envolvendo um total de 25 crianças, entre nove e dez anos de idade. A pesquisadora levou robôs e tablets para o grupo e observou como as crianças interagiam entre si e com a tecnologia. Um aplicativo enviava, via bluetooth, os comandos para os robôs. Em duplas, os alunos tinham que desenvolver os desafios propostos.
A partir da observação, Laís formulou algumas hipóteses para o aproveitamento em futuras investigações. “As crianças têm mais familiaridade com as tecnologias digitais. Elas não têm dificuldade para aprender, e sim, nós, adultos, é que temos dificuldades para ensinar. Por isso, é tão importante ajudar no desenvolvimento de uma metodologia de ensino”, salienta Laís.