A juventude chega e traz com ela uma das melhores fases da vida.
Inúmeros sonhos são acalentados, planos vislumbrados e momentos desfrutados, especialmente na companhia dos amigos (que imaginamos e idealizamos: serão para sempre). Por outro lado, trata-se de um momento de incertezas para muitos. Dentre elas, o futuro profissional. Qual a minha vocação? Qual profissão escolher? Eis algumas das muitas questões que pairam no ar à espera de respostas.
Quando essas dúvidas são, enfim, sanadas, é chegada a hora de se dedicar com o intuito de obter êxito nos vestibulares da vida. Horas de dedicação, suor e lágrimas. A concorrência é ferrenha. São muitos os que têm o mesmo anseio. Um misto de expectativa e angústia se apossa dos que sonham. A espera tem requintes de crueldade àqueles que mantiveram, por meses, um relacionamento estreito com os livros. Terá valido a pena?
A resposta é positiva diante do júbilo da aprovação. Após, outras circunstâncias vêm à tona. Em muitos casos, novos rumos serão tomados, novas experiências vividas. E longe de casa, dos pais, dos amigos. Noutra cidade. Noutro estado. A partir de então, como administrar tantas mudanças? O Diário do Rio Claro ouviu dois estudantes e suas mães acerca do todo processo que culminou com suas aprovações e a ansiedade em razão do início da nova etapa.
Julia Fittipaldi, 17 anos, garante que a ansiedade em virtude do vestibular sempre foi grande, no entanto, o conforto que seus professores, amigos e familiares sempre lhe deram foi maior. “Tanto que, depois de fazer a bateria de provas em dezembro e em janeiro, me senti confiante de que seria aprovada”, confidencia.
A estudante afirma que sua primeira escolha sempre foi a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e, conforme ela, por sorte, foi a primeira universidade a divulgar os resultados.
“Ao ver minha aprovação, fiquei muito tranquila e toda a ansiedade por passar no vestibular foi substituída por uma euforia em relação ao futuro que agora me aguarda”, revela a jovem.
No entanto, Julia garante não se preocupar. “Sei que minha família e minha escola sempre estarão de portas abertas para quando eu resolver voltar, seja qual for o motivo, e que, graças a eles, estou preparada para essa grande mudança”, afiança.
A futura universitária diz que sua escola a preparou para a vida acadêmica e sua família, para a vida em uma nova cidade, talvez vivendo sozinha. “Sinto que tudo o que ‘penei’ para aprender aqui foi apenas um treino para Londrina – e valeu a pena, pois me sinto pronta”, ajuíza.
Carla Fittipaldi, mãe de Julia, confidencia que a ansiedade fica por conta da mudança de costumes na rotina. Todavia, com relação à entrada na faculdade e todo o resto, a história, de acordo com ela, tem mais a ver com felicidade. “A Julia passou no vestibular da UEL e também prestou outros concursos, cujos resultados ainda virão. Porém, esta é a instituição e o curso que ela já havia escolhido há muito tempo. Então, o sonho realizado e a sensação de felicidade que enxergo nela, me faz não ter receio algum desta mudança. Ao contrário, é uma fase linda, cheia de esperança”, discorre.
À filha, Carla deixa um conselho. “Vai lá, meu bem, sua vez de voar! Mas saiba que seu ninho está aqui, bem protegido, pronto para qualquer pouso que se fizer necessário no meio do caminho.”
Já Floriano Alteia Costa, 19 anos, quando procurado pelo Centenário, se prontificou a falar da “intensa e conturbada fase de minha vida que se iniciou no ensino médio e só terminou agora, com os vestibulares.
” Segundo o jovem, sabendo de sua paixão e do sonho em ser médico desde criança, deu início à “batalha definitiva” para entrar em uma faculdade médica no segundo ano do colegial e, a partir de então, garante que abriu mão de diversos fatores de sua vida, como ter um vida social e esportiva durante a semana, uma vez que, conforme relata, estudava 12 horas em média por dia.
“Tal rotina se repetiu até o final de 2018, quando completei o primeiro ano de cursinho e fui aprovado, até este momento, em duas universidades médicas: Barretos e Catanduva”, expõe.
Floriano admite que tirou um peso considerável da costas, mas, segundo ele, há mais a ser carregado. “Uma tonelada saiu de minhas costas e outra chegou. Troquei a responsabilidade de ser aprovado pela de viver sozinho em outra cidade, longe dos confortos domésticos, dos amigos e da zona de conforto em que estive por 19 anos. Não vejo isso com disforia, apenas encaro como um desafio, como uma fase nova da vida em que estarei apenas comigo mesmo para enfrentar os obstáculos de uma realidade independente e adulta”, pondera.
Por fim, admite ser inegável que haja o afamado “frio na barriga” em virtude de tais mudanças radicais e repentinas, mas a realização de estar vivendo um sonho universitário coloca-se acima de qualquer medo. “Amigos, casa, rotina e deveres novos. Buscarei crescer com erros e acertos nesse período para que, no final, me torne um novo e melhor Floriano”, finaliza.
Ivanise Altéia Costa, mãe de Floriano, reconhece que está controlando a ansiedade de uma maneira bastante inusitada, pois, para ela, é diferente da ansiedade de ver um filho indo para o colégio: trata-se de um sensação de desconforto junto com uma alegria insistente. “É fato que ver seu filho ir para uma faculdade é um privilégio, contudo, aumenta-se a responsabilidade e a confiança depositada. Tudo seria mais fácil se pudéssemos conciliar a distância com outros fatores, mas nem sempre essa é a realidade”, avalia.
Ivanise já possui certa experiência no assunto, uma vez que já tem uma filha que estuda em outro Estado e, mesmo com toda tecnologia, confidencia: “não é fácil imaginar o filho caçula nas mesmas condições, mas é possível desfrutar disso tudo com felicidade, pois não há nada melhor para uma mãe do que ver seu filho vivendo seu sonho de vida.”