O Brasil tem um caso de Coronavírus confirmado e 132 casos suspeitos, com expectativa de que esse número aumente para aproximadamente 300 casos. Dentre os 132 casos já suspeitos contabilizados, 70 são na Região Sudeste, dez na Região Centro-Oeste, 37 na Região Sul, 15 na Região Nordeste e nenhum caso suspeito na Região Norte. Na região de Rio Claro, cidades como Limeira e Piracicaba estão com pacientes apresentando quadros suspeitos. Segundo o setor de saúde, o caso de Piracicaba é o de uma mulher de 37 anos, que mora em Milão, mas que chegou no município paulista no dia 21 de fevereiro. Ela segue em isolamento domiciliar.
Com a situação, população ficou mais temerosa e zerou estoques de estabelecimentos de Rio Claro. Quem sair para comprar máscaras cirúrgicas ou álcool em gel, em uma grande porcentagem de estabelecimentos em Rio Claro, vai ter a resposta: “Não temos”. Nos últimos dias, os produtos se esgotaram das prateleiras e a reposição é incerta em quase todos os locais consultados pelo Diário do Rio Claro. “A procura e venda foram absurdas. Se eu tivesse estoque, estaria vendendo muito mais. Não temos previsão de quando vai chegar”, declarou o proprietário de uma loja de produtos cirúrgicos.
Comerciantes avaliam que população está preocupada. “Sim, bem assustados. Meu estoque de álcool em gel e máscara está zerado, vou receber remessa de álcool, mas foi muito difícil de achar, agora máscaras, sem previsão de reposição, estou tentando ver fabricantes e distribuidores para conseguirmos alguma quantidade, mas está na lista de espera porque ninguém tem. População está preocupada e com medo que aconteça alguma coisa, tem gente estocando, tanto para uso pessoal, quanto comercial”, destacou um gerente de farmácia.
Estabelecimentos como farmácias e hospitais têm deixado também orientações para os clientes e pacientes. “Sim, colocamos em exposição aqui na farmácia um comunicado com diversas recomendações do Ministério da Saúde e cuidados diários que a pessoa consegue seguir”, disse o gerente da Drogaria Total – Anjo Miguel, Matheus Bonatti.
Na loja Rio Center Equipamentos médicos e hospitalar, a venda de máscaras chegou a oito mil unidades – quatro mil foram vendidas somente na quarta-feira (26). “Muita gente estocando. Estamos aguardando uma remessa, mas não tem previsão para repor”, disse a proprietária Liliane Magri.
A procura aumentou não somente por profissionais da saúde, mas também por parte de pessoas comuns. “Muitos médicos procurando e não tem mais”, disse uma atendente.
A rede pública já tem começado a enfrentar a escassez de itens de segurança e prevenção contra o coronavírus. O Ministério da Saúde tem uma lista de 20 itens e quatro deles estão começando a faltar no Sistema Único de Saúde (SUS), como destacou na quinta-feira (27) o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, que afirmou ainda que, se necessário, vai usar de meios jurídicos para apreender esses produtos e evitar o desabastecimento no mercado interno.
Conforme a Agência Brasil, já está marcada uma reunião entre representantes do ministério e a Associação Brasileira das Indústrias de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO). Segundo Gabbardo, a ideia é explicar as necessidades urgentes de uso de máscaras e aventais, por exemplo, e que as empresas precisarão priorizar a venda de tais itens para o ministério, em detrimento de sua exportação.
“Vamos alertar a essa entidade que não vamos contemporizar em relação a isso. Vamos usar todas as medidas que a legislação nos permite. Se for necessário, vamos impedir a exportação desses produtos e, se preciso, vamos solicitar a apreensão na própria fábrica”, disse. O tipo de compra da qual o secretário fala, no caso das máscaras, é de cerca de 20 milhões de unidades e 4 milhões de máscaras modelo N95.
Segundo Gabbardo, empresas desistiram de uma licitação com o governo e venderam toda sua produção para outros países. “Algumas empresas que participaram da licitação, na hora de encaminhar os documentos para fazer o contrato, não encaminharam e se mostraram desinteressadas em vender para o Ministério da Saúde. Isso é uma coisa que nos preocupa muito.”
Especialista orienta
A Infectologista do Hospital Unimed, Marlirani Dalla Costa Rocha, em entrevista ao Diário do Rio Claro, ressaltou que uma das principais recomendações é ter uma boa higiene. “Não precisa de desespero para comprar álcool gel. Use água e sabão. Lavar a mão com água e sabão sempre, principalmente antes de comer ou colocar qualquer coisa na boca, como uma bala, após tossir e espirar”, alertou.
A especialista explica que existem vírus que a transmissão se dá por perdigotos (gotículas que saem da boca durante a fala, tosse ou espirro). Elas podem contaminar diretamente outra pessoa ou superfícies. Por isso, recomenda:
– Se doente:
– Manter distância de pelo menos um metro de outras pessoas
– Cobrir a boca quando tossir, se possível com lenço descartável e jogar no lixo
– Evitar sair de casa
Porém, se está saudável, você deve:
Evitar locais fechados com muitas pessoas, além do já citado higienizar sempre as mãos.
A infectologista destacou ainda que o desespero não ajuda. “O Ministério da Saúde tem, de forma prudente e correta, alertado que o pânico só piora a situação. Este vírus não tem letalidade alta, ou seja, o número de óbitos relacionados a ele é baixo. A maioria dos pacientes teve quadros leves. No Brasil, temos apenas uma confirmação e boas regras de higiene são muito úteis neste momento”, disse.
A infectologista recomenda também tomar a vacina contra a gripe, que é outro vírus, mas com sintomas semelhantes. “Se tiver febre e sintomas respiratórios graves, vá ao hospital, porém, quadros leves devem ser tratados em casa com antitérmico e muito líquido, não economize na hidratação”, ressaltou.
Uso de máscaras
Quanto ao uso de máscaras, a médica diz que estão indicadas para profissionais de saúde ou quando uma pessoa está doente para evitar que os perdigotos contaminem outras pessoas ou superfície. A máscara usada erroneamente aumenta a chance de se contaminar. As simples “cirúrgicas”, por exemplo, são descartáveis e devem ser trocadas quando estiverem úmidas.
Prefeitura informa que não há caso de coronavírus em Rio Claro
Não há caso suspeito de coronavírus em Rio Claro. As orientações da Vigilância Epidemiológica são as que valem para qualquer síndrome respiratória: lavar bem as mãos, evitar ambientes fechados com grande concentração de pessoas e ficar atento para itens da etiqueta respiratória, como tapar a boca ao tossir, usar álcool gel para desinfetar as mãos, dar preferência ao lenço descartável, etc.
O Ministério da Saúde orienta que, se a pessoa apresentar sintomas de doenças respiratórias e febre após contato com pacientes em que há suspeita ou confirmação de coronavírus, deve procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível. Isso também vale para pessoas com sintomas que vieram de viagem, nos últimos 14 dias, de países considerados áreas de transmissão pelo governo federal. A lista de países está no site do Ministério da Saúde.
Em caso de confirmação de coronavírus em Rio Claro, a Vigilância Epidemiológica seguirá os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Foto: Diário do Rio Claro