Com mais de 250 pessoas presentes na estreia, as primeiras apresentações do espetáculo “Vestígios de alguém que não pôde falar” atraíram um grande público interessado nas questões de combate ao racismo. Quem não conseguiu assistir na semana passada poderá ir nesta semana, pois o espetáculo segue em cartaz no teatro do Sesi, nos dias 25, 26 e 27, sexta e sábado às 20h e no domingo às 18h. Com classificação indicativa de 14 anos, os ingressos são gratuitos e devem ser retirados na plataforma Meu Sesi.
Para o diretor do espetáculo, Lucas Silveiras, o balanço da estreia foi especial. “Quando projetei a criação do espetáculo tinha como principal objetivo convocar o público a olhar com mais carinho e cuidado para vida de tantas crianças e mães negras do nosso Brasil. A estreia em Rio Claro foi uma confirmação desse objetivo. Ver mulheres negras saindo do teatro representadas, confiantes e acolhidas em suas vivências, não tem preço.”
A interação do público foi uma grata surpresa para os atores. “Eu acredito que o espetáculo transpassa minha vida e minhas vivências. Eu enxerguei minha mãe como uma dessas mulheres que lutam pelos seus filhos, pelo alimento, pela dignidade e pelo direito à educação. Eu sou professora de escola pública e trabalho diretamente com crianças que vivem as situações abordadas no espetáculo”, avalia Táila Fran.
Sobre o espetáculo
A dramaturgia original é escrita por João Paulo Santos e Lucas Silveiras, atores, diretores de teatro e dramaturgos do Núcleo Traços Fortes. A história tem como inspiração os contos “Olhos D’água” e “Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos” de Conceição Evaristo, além de trabalhar com fragmentos de fatos reais, principalmente, a morte de Marcos Vinícius, jovem negro de 14 anos atingido por policiais no Complexo da Maré, enquanto estava a caminho da escola.
Durante toda a apresentação, o público se depara com a pergunta latente e repetitiva que acompanha a caminhada da personagem ‘Mãe’ em busca por justiça pela morte de sua menina. Lembrar a cor dos olhos de alguém é eternizar na memória a história de quem amamos. O espetáculo é um convite para a reflexão sobre o luto que a violência urbana leva para muitas famílias, especialmente, as famílias negras. Como também uma homenagem a tantas mães que perderam seus filhos e seguem lutando com amor e força.
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