Com promessas e espera. É assim que vivem moradores que aguardam a tão sonhada pavimentação da rua onde moram. Exemplo é o da Eliane Cristina de Souza, que mora na Rua 20 do bairro Recanto Paraíso há 23 anos.
Nesta semana, a prefeitura iniciou uma nova etapa das obras realizadas para asfaltar pontas de ruas no bairro, porém, Eliane já recebeu a informação que a via onde mora não receberá o serviço neste momento, ou seja, ela e demais moradores vão continuar na espera.
“Estou revoltada, a 20 vai ficar para trás, aqui não se consegue nem caminhar direito. As máquinas bem que podiam tampar as valetas para que os moradores consigam transitar”, disse.
Sem asfalto, são vários problemas como poeira e lama que os moradores tentam driblar diariamente. “São várias outras situações, aparecem muitas baratas, ratos, carrapatos, pernilongos, estamos abandonados aqui”, desabafa a moradora.
As ruas são totalmente desniveladas com imensas crateras e, em dias de chuva, os barrancos ficam maiores, com acúmulo de água, dificultando a passagem de pedestres e de veículos. Elaine mesmo disse que já caiu duas vezes enquanto transitava de moto pela via. Mas, segundo ela, teve caso extremo. “Faz uns seis anos, uma senhora caiu de bicicleta nas valetas, teve traumatismo craniano, infelizmente não resistiu e acabou morrendo”, lamenta.
Sem a infraestrutura, Eliane já pensou várias vezes em se mudar do local, mas aí esbarra em outro empecilho. “Penso o tempo todo, só não mudei ainda, pois, devido a todos os problemas, a casa acaba sendo desvalorizada”, afirma.
Quem vive no bairro e na mesma condição, sem asfalto, é a pedagoga Ana Paula Almeida. Para ela, a espera também é longa: são 20 anos. “Vivemos de promessas, autoridades aparecem em época de eleição para nos ‘visitar’ e dizem a mesma coisa: vamos asfaltar o bairro.
Estamos vendo o asfalto chegar só em alguns locais. Nós também precisamos urgentemente, qual a diferença? Alegam que conseguiram metade da verba, queria acreditar nisto”, questiona.
Ela desabafa que as crianças sofrem e merecem um bairro limpo, organizado e asfaltado. “São direitos fundamentais. Assim como as demais vias, nós também, em época de chuva, ficamos com as ruas intransitáveis e, no calor, com uma poeira insuportável, sem contar a quantidade de bichos que entram em casa. Chega de promessas, precisamos de respostas e verdades do real motivo do não asfaltamento. Chega de enrolação e de ficar passando a máquina aqui na rua para ‘aliviar nossa situação’, o que resolveria aqui é asfalto de verdade”, desabafa Ana Paula.
PREFEITURA
Questionada, a prefeitura confirmou que os recursos ainda não são suficientes para atender todas as vias. “Estão ganhando asfalto no Recanto Paraíso trechos da Rua 22, Avenida 68, Avenida 70 e Rua 23, obra que está sendo feita com verba federal de R$ 245 mil obtida a partir de emenda parlamentar.
Com esse valor, é o que é possível asfaltar e, mesmo assim, a prefeitura investiu dinheiro próprio na infraestrutura de drenagem para que a obra pudesse ser iniciada. A pavimentação dos bairros e trechos sem asfalto no município é uma obra muito cara.
A prefeitura busca financiamento, no teto permitido de R$ 30 milhões, para pavimentar os 20 bairros que estão total ou parcialmente sem asfalto. Em fevereiro e agosto deste ano, o prefeito Juninho da Padaria conversou pessoalmente com o Ministro das Cidades, Alexandre Baldy, sobre o assunto.