Mudar, inovar e renomear
Não é de hoje que estudos na área de Recursos Humanos deixam sempre muito claro que o salário em si tem um valor relativo para qualquer profissional.
Pesquisas apontam que o salário nunca aparece como o item mais importante para o profissional, principalmente para aqueles profissionais especializados ou em nível de comando. Para eles o sentido de satisfação com o trabalho, o progresso e o desenvolvimento na carreira sempre estarão à frente dos demais itens.
Apesar disso muitas empresas ainda insistem nas velhas táticas de que oferecendo um salário maior e alguns benefícios diferenciados terá garantido a satisfação do profissional e, consequentemente sua retenção na empresa.
Primeiro que reter, por si só, já é um equívoco nos dias atuais. A retenção deu lugar ao sentido de pertencer do profissional. Mais do que a empresa achar que pode segurar seus funcionários é preciso que ela entenda os reais motivos que fazem com que eles queiram estar ali.
Essa transição vem acontecendo há muito tempo e, algumas organizações sequer compreenderam que isso vem acontecendo e que esse é o ponto que, cada vez mais, fará a diferença na construção de equipes bem sucedidas.
Não se trata apenas de mudança ou inovação, é algo muito mais simples e profundo; trata-se do entendimento das relações que fazem com que cada elemento possa ter a sua própria identidade e usufruir dela de acordo com seu ponto de vista e de sua visão futura.
Os gestores de um modo geral e, principalmente, os responsáveis pelas políticas e estratégias de Recursos Humanos precisam entender que a criação de jargões e de supostos novos sistemas não irão resolver a intrincada equação que diz respeito à transparência e ao conteúdo da relação que vai além do capital e do trabalho.
O ser humano de um modo geral, está carente de ambientes que tragam a ele a possibilidade de se posicionar e de poder interagir através de mecanismos onde os desafios sejam claros e que a sua superação seja efetivamente levada em conta pela organização.
Recentemente surgiu o termo “salário emocional”, como algo absolutamente novo no âmbito da gestão de pessoas, algo como “esta é a chave”. Com todo o respeito que seus criadores merecem, esta é uma nova roupagem para aquilo que as organizações vêm tentando há muito tempo, mas sem a devida eficácia – entender e reconhecer o valor daquilo que realmente tem valor para seus profissionais.
O salário emocional, como vem sendo chamado, é um conjunto de elementos que não estão relacionados diretamente com a remuneração, mas que impactam diretamente no resultado obtido pelos profissionais e pelas equipes; e que lhes traz um elevado nível de satisfação.
Um profissional satisfeito com suas atividades e com a estrutura periférica do seu ambiente de trabalho, certamente não terá nenhum motivo para ir embora. Isto é o que chamo de retenção reversa. O esforço da empresa, portanto, não será em reter, mas sim em criar as condições para que o profissional queira ficar, por se sentir bem onde está.
A retenção reversa ensina que quando nos sentimos bem onde estamos criamos o sentido principal da motivação, algo que nos dá motivo para querer ficar e contribuir mais para o processo, pois isso nos dá prazer – cria em nós o sentido de pertencer.
Do ponto de vista prático, a retenção reversa leva em conta a transparência, a verdade como princípio nas relações, o acompanhamento da liderança – o estar presente, e acima de tudo a ética na relação entre o profissional e o empregador.
Independentemente dos jargões e das retóricas, estamos apenas renomeando os velhos paradigmas que fazem a relação capital trabalho cada vez mais complexa.
Mudar, inovar ou renomear? A realidade é que ainda não compreendemos o que realmente importa ao ser humano.
Até…
O autor é conferencista, palestrante e Consultor empresarial. Autor do livro Labor e Divagações. Envie suas sugestões de temas para o prof. Moacir. Para contatos e esclarecimentos: moa@prof-moacir.com.br / Viste: www.prof-moacir.com.br